As taxas de mortalidade por doença respiratória (excluindo o cancro do pulmão e a tuberculose) evidenciam uma redução da mortalidade prematura, sendo o aumento no número absoluto de mortes decorrente da mortalidade acima dos 65 anos, de acordo com o Relatório de 2017 do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias hoje apresentado em Faro.
Portugal integra, de acordo com o último relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o grupo dos países com menor mortalidade por Asma e DPOC. Analisando a mortalidade padronizada por Asma demonstra-se que esta mortalidade ocorre, sobretudo, nas faixas etárias acima dos 65 anos com valores, em 2015, de 4 por 100.000 habitantes, sendo a taxa de mortalidade padronizada abaixo de 65 anos de 0,1 por 100.000 habitantes.
Uma vez que o diagnóstico precoce e a adoção de estilos de vida saudáveis, designadamente a cessação tabágica, aumentam a possibilidade de retardar a progressão destas doenças e sendo uma prioridade do XXI Governo Constitucional a dotação, do Serviço Nacional de Saúde, de capacidade para melhorar a resposta às necessidades dos cidadãos, simplificando e aumentando a acessibilidade, foi desenvolvido um projeto-piloto com o objetivo de implementar uma rede de espirometrias nos Cuidados de Saúde Primários.
A espirometria é o exame disponível indicado para a confirmação do diagnóstico de DPOC e permite, ainda, avaliar a gravidade da doença e orientar a adequada prescrição medica, o que se traduz numa redução de consultas, numa diminuição das necessidades de internamento hospitalar, em menor absentismo laboral e em melhor qualidade de vida do doente.
O projeto piloto teve início em outubro de 2016 na Administração Regional do Alentejo (ARS) e em dezembro de 2016 na Administração Regional do Algarve (ARS), sendo que os resultados até agora existentes representam um enorme avanço na acessibilidade à espirometria de uma forma internalizada.
Tendo presente o número de espirometrias realizadas até julho de 2017, estima-se que, face ao ano anterior, em 2017 sejam realizadas mais 712 espirometrias na ARS Alentejo e 3168 espirometrias na ARS Algarve, representando um aumento da acessibilidade de 647% e 5462% respetivamente.
Este aumento da capacidade para diagnosticar a DPOC irá condicionar ganhos significativos em saúde, decorrentes da possibilidade de diagnosticar e tratar os doentes numa fase mais precoce da doença.
Tânia Cova
In “Tribuna da Madeira”