O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que a doença de Alzheimer se tornará “um dos maiores problemas sociais nas próximas décadas” e defendeu que é preciso agir de imediato, a nível global. Por seu turno, a rainha Sofia de Espanha alertou que o custo das demências para as famílias não é apenas sentimental, mas também económico.

 

“Alzheimer afeta a saúde, a felicidade e a dignidade de pessoas por todo o mundo. E somos nós, como sociedade global, que temos de levar esta luta por diante, agora, antes de enfrentarmos um problema muito maior daqui a 30 ou 40 anos. Agora é o momento de agir”, declarou o chefe de Estado, num discurso em inglês.

 

Marcelo Rebelo de Sousa deixou este apelo na abertura oficial da cimeira internacional «Alzheimer’s Global Summit», na Fundação Champalimaud, em Lisboa, que é organizada por esta instituição em conjunto com a Fundação Rainha Sofia, de Espanha.

 

Depois de pedir urgência na luta contra esta doença, acrescentou: “É por isso que não posso estar mais orgulhoso de me juntar a vocês nesta cimeira. Aqui, na Fundação Champalimaud, estamos prestes a embarcar numa viagem para a qual futuras gerações poderão vir a olhar como histórica, como o momento em que um movimento global se juntou para derrotar uma das doenças mais temidas do planeta”.

 

O Presidente da República referiu-se ao Alzheimer como “uma doença cruel, capaz de roubar a personalidade e a saúde dos indivíduos” e cujo impacto se estende à família, às comunidades e sociedades.

 

“Portanto, é muito mais do que uma doença e vai tornar-se um dos maiores problemas sociais nas próximas décadas”, considerou.

 

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “a cada ano a prevalência da doença aumenta” e apontou como “uma das questões fundamentais” atuais saber “como se pode ajudar doentes, famílias e comunidades nesta luta”.

 

No início da sua intervenção, o chefe de Estado expressou “gratidão e admiração” pelo papel da rainha Sofia – que esteve presente nesta sessão de abertura – na luta contra a doença de Alzheimer.

 

O Presidente da República elogiou também Leonor Beleza, pelo seu “trabalho inspirador como presidente da Fundação Champalimaud”, e os cientistas presentes nesta cimeira, entre os quais António e Hanna Damásio. “Têm todos a minha gratidão”, disse.

 

Elevados custos sentimentais e económicos

 

A rainha Sofia de Espanha defendeu “o custo para as famílias não é apenas de desgraça sentimental, é também em grande medida económico, pois aumentam os gastos em cuidados com os doentes numa etapa da sua vida em que normalmente os rendimentos diminuem consideravelmente, uma vez que o maior risco deste tipo de doenças é com o aumento da idade”.

 

Na sessão de abertura, a rainha Sofia partilhou os objetivos da sua Fundação, destacando o de um dia vencer as demências e todas as doenças neuro degenerativas, que “tão devastadoras consequências têm nas sociedades”.

 

Sobre os custos das demências, a rainha Sofia referiu-se também aos que são suportados pelos governos, que são uma “carga que não pára de aumentar”. “Urge portanto encontrar soluções o mais rápido possível”, afirmou.

 

A rainha, que há 15 anos trabalha através da Fundação com o seu nome na luta contra várias doenças da área neurológica, sublinhou ainda a importância de não se esquecer “o aspeto humano da doença” e a necessidade de que as famílias possam “encontrar apoio, afeto, consolo e sobretudo esperança perante este incapacitante mal”.

 

Um problema que envolve todas as áreas

 

O aspeto humano desta doença foi também abordado pela anfitriã desta cimeira, a presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, que defende estar-se perante “questões de direitos humanos”, sem geografias, fronteiras ou níveis de desenvolvimento.

 

Para Leonor Beleza, a luta contra as demências não é apenas um problema de saúde que deve ser tratado por médicos e enfermeiros, mas deve antes envolver todas as áreas, como a científica, social e económica.

 

“É um desafio global”, disse Leonor Beleza, considerando que o encontro que hoje começou e decorre até sexta-feira vai contribuir para estreitar as relações entre as duas fundações, a espanhola e a portuguesa.

 

In “Jornal Económico”