“A depressão é uma doença mental que afeta mais de 350 milhões de pessoas e é uma das principais causas de suicídio. Estima-se que em cada 100 casos de depressão, no mundo, 15 cometem suicídio.
A depressão e o suicídio resultam de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. Apesar de a maioria das pessoas com risco de suicídio apresentar algum transtorno mental, a maior não procura ajuda. As pessoas com idade mais avançada negam muito frequentemente ter sintomas de depressão (como perda de apetite, falta de interesse, energia e motivação para fazer atividades sociais, ansiedade, sentimento de inutilidade, perturbações frequentes do sono, sintomas de culpa e baixa autoestima) o que dificulta o diagnóstico da doença. Por outro lado, a semelhança entre os sintomas de depressão com os de demência conduz, muitas vezes, a um diagnóstico tardio”, pode ler-se no artigo de opinião de Joaquim Cerejeira, psiquiatra e presidente da Associação Cérebro & Mente.
O psiquiatra alerta, ainda, que “o papel dos familiares e amigos é por isso fundamental para auxiliar numa deteção atempada dos sintomas desta doença, encaminhando a pessoa para o profissional de saúde, o que pode ajudar a evitar uma tentativa de suicídio ou mesmo um desfecho fatal. Vários estudos têm demonstrado que o afeto e proximidade entre as pessoas diminui o risco de comportamentos suicidas”.
Na população mais sénior, os programas de prevenção da depressão têm demonstrado ser eficazes, recorrendo a uma combinação entre acompanhamento psiquiátrico (como ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia interpessoal) e programas de exercícios e estimulação de uma vida ativa.
Com o tratamento adequado, a pessoa deprimida pode recuperar a satisfação com a vida e o nível de independência nas atividades básicas da vida diária. Desta forma, o suicídio pode ser prevenido.
“De acordo com a Organização Mundial de Saúde, estima-se que anualmente morrem mais de 800 mil pessoas por suicídio (o equivalente a uma pessoa a cada 40 segundos). A maior parte das pessoas que cometem suicídio apresentam uma doença mental diagnosticável como, por exemplo, depressão, transtorno da personalidade, alcoolismo ou esquizofrenia”, aponta Joaquim Cerejeira.
A Associação Cérebro & Mente tem como principal objetivo promover a saúde mental na população. Para mais informações consulte: http://cerebroemente.pt/
João Toledo
In “Tribuna da Madeira”