Infeção Hospitalar

 

Uma investigadora do Porto está a criar um programa para monitorizar mensalmente as superfícies das unidades de saúde, com o objetivo de elaborar medidas preventivas para reduzir as infeções hospitalares

 

“Os pacientes, quando dão entrada no ambiente hospitalar, transportam consigo diversos agentes patogénicos”, deixando a sua “pegada microbiana” impressa nas superfícies por onde passam, disse à Lusa a investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) Manuela Oliveira, responsável pelo projeto PathoWatch.med.

 

Essas superfícies, frisou, constituem uma “importante rota de transmissão” entre os pacientes, o pessoal médico e o de enfermagem, bem como entre os equipamentos e os sistemas de ventilação.

 

Neste programa serão monitorizadas as maçanetas das portas, as cabeceiras de camas, os tabuleiros cirúrgicos, os carrinhos de apoio de consumíveis e de medicação e as cortinas de separação de camas, da Unidade de Cuidados Intensivos, do Serviço de Recobro, da Pneumologia, da Urologia e do Bloco de Cirurgia, onde a prevalência de infeção é maior.

 

Tendo por base os obtidos, serão elaborados relatórios com medidas preventivas para redução da contaminação microbiológica dessas superfícies.

 

Manuela Oliveira pretende ainda desenvolver uma plataforma interativa para a visualização dos resultados e das referidas medidas por parte dos hospitais, que podem, no final de um ano de monitorização, receber a “Bandeira Azul”, que atesta a segurança da unidade hospitalar.

 

Em Portugal, anualmente, “cerca de 10,6% dos utentes internados adquire uma a infeção hospitalar”, situação que acarreta um custo médio 35 mil euros por doente e leva a 12 mortes por dia, número “sete vezes superior ao de vítimas de acidentes de viação”, acrescentou a investigadora.

 

Segundo a OMS, muitas das medidas de prevenção e controlo da infeção são “simples e de baixo custo”, como a limpeza apropriada das mãos e a aplicação correta de precauções básicas durante os procedimentos invasivos.

 

“No entanto, tais medidas requerem a responsabilização do pessoal médico, de enfermagem e auxiliar, sendo necessário operar algumas mudanças comportamentais”, declarou Manuela Oliveira.

 

Manuela Oliveira apontou a identificação e quantificação dos agentes microbianos que contribuem para o aparecimento das infeções hospitalares, a melhoria dos sistemas de vigilância a nível nacional e a educação e responsabilização do pessoal médico, de enfermagem e auxiliar, como algumas das principais soluções para minimizar o problema.

 

Com este projeto, concorreu à segunda edição do ASA – ANJE Startup Accelerator, sendo uma das dez finalistas que vai participar na iniciativa ‘Born Global’, que integra missões a Telavive (Israel), Silicon Valley (Estados Unidos) e Berlim (Alemanha).

 

O “PathoWatch.med” é ainda apoiado pelo RESOLVE, um programa de ignição do i3S que apoia ideias na área da saúde que auxilia a transferência de conhecimento científico e tecnológico de projetos inovadores na área da saúde, que estejam em estágio inicial.

 

Esta conquista vai permitir que a investigadora crie, durante o mês de agosto, uma empresa de prestação de serviços, coordenada por si, para implementar o projeto.

 

In “Jornal Económico”