A ‘miastenia gravis’ (MG) é uma doença rara, de causa desconhecida, que afeta, em Portugal, 288 idosos num milhão, com cerca de 22 novos casos por ano

Investigadores do Porto concluíram que a doença autoimune ‘miastenia gravis’, que pode levar à paralisia de vários grupos musculares, e que era associada a mulheres e jovens, afeta hoje em dia maioritariamente homens acima dos 65 anos.

Embora esta investigação não determine as causas que levam a esta mudança de paradigma, estudos realizados noutros países apontam os fatores ambientais e a toma de determinados medicamentos por parte da população idosa como possíveis causas, disse à Lusa a investigadora Ernestina Santos, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), uma das entidades responsáveis pelo projeto.

A ‘miastenia gravis’ (MG) é uma doença rara, de causa desconhecida, que afeta, em Portugal, 288 idosos num milhão, com cerca de 22 novos casos por ano e que pode levar à paralisia dos músculos dos movimentos dos olhos, da mastigação, da deglutição, dos movimentos dos membros e, em casos mais graves, dos músculos respiratórios.

De acordo com a investigadora da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) do ICBAS, tradicionalmente, esta patologia, que tem tratamento quando diagnosticada, era mais comum nas mulheres e nos jovens.

As conclusões deste estudo, no entanto, vieram demonstrar que o número de novos casos registados anualmente tem ocorrido, sobretudo, em doentes do sexo masculino, acima dos 65 anos, referiu.

Para a investigadora, estes resultados são de extrema importância para que se possa antecipar e contemplar o diagnóstico numa faixa etária que não era habitual, permitindo identificar e tratar os novos doentes idosos com esta patologia.

Durante o projeto, foram ainda estudados os fatores de suscetibilidade genética nos doentes com início da doença em idade jovem e nos de início tardio, tendo-se percebido que esses fatores diferem, embora o tratamento seja o mesmo para qualquer idade, através de medicação.

“A grande mensagem é que esta doença é mais frequente no idoso do que aquilo que se pensava e que se deve estar alerta para esse facto”, referiu a também médica do Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar do Porto, outra das instituições envolvidas na investigação.

Com a duração de cinco anos, é o primeiro estudo a nível nacional nesta área, tendo englobado todos os hospitais do Norte de Portugal que tratam a doença.

A equipa responsável pelo projeto venceu, em junho, o Prémio Orlando Leitão/Biogen, que distingue anualmente o melhor trabalho apresentado durante o Congresso da Sociedade Portuguesa de Neurologia.

 

In “Jornal Económico