“Nas próximas décadas veremos a transplantação ser progressivamente substituída pelo coração artificial e outras formas de assistência ventricular mecânica”, refere o cirurgião cardiotorácico Manuel Antunes, a propósito do Dia do Transplante, que esta quinta-feira se assinala

 

Perto de 50 portugueses recebem todos os anos, em média, um novo coração, sendo que o número de transplantes cardíacos é “muito inferior às necessidades”, avisa a Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

 

 “Nas próximas décadas veremos a transplantação ser progressivamente substituída pelo coração artificial e outras formas de assistência ventricular mecânica”, refere o cirurgião cardiotorácico Manuel Antunes, presidente honorário da Sociedade, a propósito do Dia do Transplante, que esta quinta-feira se assinala.

 

O número de dadores de coração tem vindo a diminuir e a qualidade dos dadores também constitui uma ameaça à transplantação cardiovascular.

 

Só em Portugal as doenças terminais como a insuficiência cardíaca atingem cerca de 400 mil pessoas e em todo o mundo afetam cerca de 26 milhões, não existindo corações suficientes.

 

Assim, os dadores “nunca serão suficientes para as necessidades”, daí que o caminho futuro seja a progressiva substituição da transplantação pelos corações artificiais e outras formas mecânicas.

 

Por isso, a ciência tem apostado no desenvolvimento de procedimentos experimentais, como a implementação de dispositivos que mantêm a circulação através do bombardeamento artificial.

 

Um exemplo sublinhado pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia é o do coração recelularizado funcional, desenvolvido no ano passado no Centro de Medicina Regenerativa em Boston.

 

Outro dos casos é o do coração de silicone desenvolvido já este ano no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique.

 

Estas opções ainda se encontram em desenvolvimento mas são consideradas pelos especialistas como uma “janela de oportunidade para um futuro promissor” no tratamento de doentes com insuficiência cardíaca em fase avançada e para quando os tratamentos convencionais já não são suficientes.

 

O transplante cardíaco é um procedimento reservado para situações de doença do músculo cardíaco que não são passíveis de tratamento médico ou cirúrgico convencional. E só são elegíveis para transplante os doentes que após cirurgia garantem o “cumprimento absoluto” das indicações médicas.

 

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia recorda que o primeiro transplante cardíaco foi realizado em 1967.

 

In “Expresso”