Terminaram as aulas, as crianças entram para umas merecidas férias e os pais vêem-se a braços com a necessidade de ocupar os filhos neste período. São praticamente 3 meses de interrupção letiva, aos quais se juntam as restantes interrupções feitas ao longo ano, o que, nem com o patrão mais benevolente do Mundo, possibilita aos pais poderem acompanhar os filhos.

 

Há então que arranjar soluções para manter os filhos ocupados. Procuram-se avós, tios, atividades, ATL’s, que possam dar uma ajuda. Enquanto nutricionista há duas coisas que me preocupam neste período: a alimentação feita durante as férias e a inatividade física a que muitas crianças vão estar sujeitas ao longo destes meses.

 

Vamos por partes. Quando em casa, existe a forte tendência para a compensação ou a cedência total às preferências da criança, principalmente para evitar a confrontação e facilitar o cuidado por parte dos familiares. Não é fácil dizer que não a uma criança, principalmente quando não nos vemos no papel de educador mas sim daquele familiar, amigo, que gosta de fazer as vontades aos mais pequenos. Afinal, os pais depois que eduquem, certo?

 

Quando em atividades ou ATL’s, o foco normalmente forma-se em torno do que a criança irá fazer, ver, experienciar e a alimentação é raramente valorizada, tanto pelos pais como pelos responsáveis, uns focados nos custos e outros nos lucros. Não me interpretem mal, as férias obviamente servem para quebrar rotinas, e haverá certamente lugar para o geladinho ao sair da praia, para a batata frita ao almoço, mas não pode ser a toda a hora e todo o instante, e muito menos deixar nas mãos da criança esta responsabilidade de decisão.

 

A alimentação em tempo de férias quer-se rápida, segura e leve, o que não é sinónimo de comida empacotada e nutricionalmente pobre. E isto independentemente da criança ficar a cargo dos familiares ou em atividades fora de casa.

 

Então, de que forma conseguir tudo isto, respeitando a quebra de rotinas mas não descartando totalmente a alimentação saudável?

 

Vamos tentar levar os alimentos que queremos que as nossas crianças comam e combinar com os adultos cuidadores as regras do consumo de alimentos menos saudáveis. Na preparação dos lanches para a praia ou atividades fora de casa, tentar restringir os alimentos mais doces, dando preferência à fruta, ao leite simples, à água ou sumo 100% de fruta, ao pão, aos cereais e às bolachas pouco doces. Se o dia é passado fora na praia ou campo, pode ser programado uma sandes com salada e carne ou peixe ou ovo cozido, sem molhos, para substituir a habitual refeição de prato, e fugir assim às batatas fritas e cachorros quentes. A sopa de legumes, pouco apetecida nesta altura do ano devido ao calor, pode ser negociada apenas para a refeição de jantar, e ao almoço optamos por ter estes alimentos presentes em saladas ou em legumes cozidos no prato. E não esquecer nunca a água! É importante irmos lembrando às crianças para beberem água ao longo de todo o dia, pelo elevado risco de desidratação nestas idades.

 

Quanto à atividade física, o exercício dos polegares no comando da televisão e consolas de jogos, os indicadores nos tablets, e o espreguiçar na toalha de praia, não contam. O tempo convida a exercício ao ar livre, as horas de sol são muitas, por isso há que aproveitar e mexer-se muito.

 

De resto, é deixar as férias cumprirem o seu papel de descanso e retemperamento de forças e energias para o ano lectivo seguinte. Boas férias!

 

JOANA SILVA

 

Nutricionista

 

In “Jornal da Madeira”