Se para alguns o fim das aulas já chegou, para outros só faltam alguns exames para as tão esperadas férias de verão. No período de férias, muitos pais não conseguem conciliar o período de férias no trabalho com as férias escolares.
Surge então a possibilidade dos filhos poderem passar uns dias sem os pais. Quando ainda são pequenos, a casa de um amigo da escola, uma temporada com os avós ou um campo de férias são algumas das opções que dão aos pais alguma segurança. Quando falamos de adolescentes, falamos de jovens que de um ponto de vista do seu desenvolvimento estão num ciclo de vida onde há um confronto entre o seu desejo de autonomia e a condição de dependência dos pais. Para estes os acampamentos, festivais de verão, arraias ou uns dias num apartamento junto ao mar, tanto faz, o importante é estar com os amigos.
Mas como saber se eles estão preparados para esta aventura?
As crianças nascem totalmente dependentes e, com os anos, adquirem cada vez mais liberdade e confiança com o mundo que os rodeia. Quando se trata de educar uma criança, a família tem a responsabilidade de equilibrar dois valores: o sentimento de pertença, aquele em que a criança deve saber e sentir que faz parte da família, e, a individualidade, ou seja, o desenvolvimento da sua própria personalidade e das suas características. São estes os pilares que a deixam segura para explorar o mundo para além dos pais.
Este processo de amadurecimento acontece aos poucos, de forma gradual, progressiva. São pequenos passos que ajudam a criança a perceber que consegue fazer algumas coisas sozinha mas tendo sempre presente que os pais são o seu porto seguro.
Por isso, antes de autorizar as férias do seu filho é necessário observar um conjunto de comportamentos e atitudes, postura no dia a dia, como fazem a gestão do dinheiro que recebem e no caso de serem jovens e irem sozinhos de férias, saber quem são os amigos e os respectivos pais. Se considerar que não há condições que o deixem seguro e confortável com a sua decisão, o seu filho não deverá ir. Antes ficar o filho triste por não ir, do que ficarem os pais arrependidos por terem autorizado que fosse. Confiança, maturidade e responsabilidade são palavras chave.
No verão, altura de férias e diversão, são mais frequentes os comportamentos de risco entre os jovens. Sem dúvida que as saídas noturnas e os grandes eventos de massas, de que são exemplo os festivais de música, os arraiais ou os concertos, poderão potenciar o contacto com algumas substâncias psicoactivas como o álcool e outras drogas, quer pela disponibilidade, pelo contexto ou pelo momento. Desta forma competirá aos pais prepará-los para essas situações, promovendo a sua autoestima, bem como, a sua resiliência, ou seja, a capacidade de lidar com as adversidades, transformando as experiências menos positivas em oportunidade de crescimento, para não se sentirem tentados a experimentar ou a consumir substâncias que provocam alterações na sua forma de pensar, agir, de se relacionar consigo e com os outros.
Muitos jovens apresentam um comportamento irrepreensível, outros pelo contrário, são excessivos, ficando expostos a riscos desnecessários que lhes podem vir a causar uma multiplicidade de danos, muitas vezes irreversíveis. Uma época de excessos pode marcar de forma negativa o futuro dos jovens.
Divirtam-se com responsabilidade!
TERESA FERNANDES
Socióloga IASAÚDE, IP-RAM - Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências (UCAD)
In “Jornal da Madeira”