Os riscos dos medicamentos ilegais são enormes, o controlo de qualidade não existe, os circuitos de distribuição não são validados e as substâncias presentes são muitas das vezes ilegais, proibidas, não estudadas, não purificadas e até inexistentes.
No entanto, ainda existe um nicho de consumidores que prefere esta via alternativa e ilegal (Internet, através de sites ilegais, ou pontos de venda não autorizados). Até há bem pouco tempo, o grosso dos medicamentos ilegais era dominado pelos medicamentos para perda de peso e disfunção erétil, no entanto, hoje, cerca de um terço são anti-inflamatórios e analgésicos, aparecendo cada vez mais medicamentos do foro oncológico e anti-retrovirais (HIV/Sida), anti-hipertensores, até testes de HIV e diabetes adulterados.
Anualmente decorre uma operação à escala mundial, liderada pela INTERPOL e Organização Mundial das Alfândegas, em colaboração estreita com as autoridades locais, INFARMED e Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), denominada Pangea (IX a de 2016), com apreensões na ordem dos 53 milhões de dólares. Neste momento, 1 em cada 10 medicamentos comprados via ilegal apresenta um risco sério para a saúde do utilizador, podendo ser fatais. Na Internet, há uma tentativa de credibilizar o medicamento ilegal através de sites que criam uma sensação de confiança e credibilidade, optando pelo envio das encomendas a partir de países, à partida, insuspeitos, como os EUA, levando a crer que se tratam de medicamentos aprovados, legais, seguros e eficazes, quando continuam a ser produzidos em instalações rudimentares, insalubres, sem rigor, qualidade, segurança e eficácia, e com sistemas de distribuição sem monitorização.
Bruno Olim
Presidente da Ordem dos Farmacêuticos da Madeira
In “Jornal da Madeira”