"Vamos seguramente ser mais agressivos em 2018", garantiu o ministro da Saúde, em entrevista à agência Lusa. Adalberto Campos Ferreira afirmou que o governo poderá implementar mais medidas para proteger a saúde pública.

 

O ministro da Saúde não exclui a hipótese de aumentar as taxas sobre bebidas açucaradas e  produtos alimentares com elevados teores de sal ou gordura saturados. Em entrevista à agência Lusa, Adalberto Campos Fernandes explicou que os ministérios da Saúde e das Finanças estão a trabalhar em conjunto com as empresas do setor para introduzir um novo perfil “mais inteligente” do modelo de taxas sobre as bebidas açucaradas.

 

 “Creio que temos condições para que no próximo Orçamento do Estado possamos dar um passo inovador”, disse o ministro à Lusa, acrescentando que o “objetivo é proteger a saúde pública, mas sempre respeitando a “razoabilidade fiscal”. A ideia é recriar o modelo para que seja “mais indutor de um comportamento do consumidor mais saudável”, segundo Adalberto Campos Fernandes.

 

O “caminho”, de acordo com o ministro, é que seja “mais fácil e mais barato comprar produtos saudáveis”, mas “mais caro e penalizador comprar produtos que não são saudáveis”, como explicou na entrevista. “Num quadro de grande equilíbrio. Estamos a falar de proteger os interesses das empresas do ponto de vista da sua atividade industrial, mas também populações de baixo rendimento que não podem ser prejudicadas com uma abordagem muito fundamentalista”, afirmou.

 

A introdução da taxa sobre as bebidas açucaradas levou, desde a sua implementação em fevereiro, a uma quebra de 72% do consumo daquelas bebidas, o que deixa o ministro satisfeito. O valor conseguido com a taxa contribui para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas o ministro refere que o mais importante é o efeito na saúde das pessoas, que “provavelmente será visível dentro de meia-dúzia de anos”.

 

 “[A taxa] alterou a própria atitude dos industriais, sensibilizou as populações e os efeitos sobre o consumo são muito mais importantes, do ponto de vista da prevenção da obesidade e diabetes, do que os 80, 90 ou 100 milhões significam”, declarou. “Se vivêssemos num mundo ideal, aquilo que é classicamente reconhecido por todos como ‘junk food’, hipercalórico, com elevado teor de sal e gordura saturados, seria claramente a nossa prioridade”.

 

In “Jornal I”