Portugal registou uma redução ligeira do consumo de cerveja em 2014, mais por força da meteorologia do que do sentimento económico

 

Estudo realizado durante 30 anos em 550 indivíduos revelou que o consumo moderado de álcool também pode ter impactos irreversíveis no cérebro

 

Que o consumo de álcool em excesso tem efeitos nefastos para a saúde já todos sabíamos. Pelos números da Organização Mundial de Saúde, todos os anos 3,3 milhões de pessoas morrem em todo o mundo de doenças relacionadas com a ingestão de bebidas alcoólicas em excesso.

 

Mas um estudo agora publicado no “The British Medical Journal” , revelou que nem é necessário abusar da bebida para que o cérebro se ressinta.

 

Os autores deste estudo, todos eles investigadores da conceituada Universidade de Oxford, no Reino Unido, chegaram a esta conclusão depois de ter realizado um ensaio clínico durante cerca de 30 anos (1985-2015) a um grupo constituído por 550 indivíduos.

 

O objetivo deste estudo era analisar a correlação entre o estatuto socioeconómico e a saúde cardiovascular de todas essas pessoas, cuja idade média rondava os 43 anos. Todos submeteram-se regularmente a diversos testes de medição das suas funções cerebrais bem como a ressonâncias magnéticas.

 

Os investigadores começaram por verificar que os indivíduos que consumiram grandes quantidades de álcool durante décadas tinham maior probabilidade de atrofia do hipocampo, um dano cerebral associado a défices de memória, entre outros problemas. Mas não ficaram por aqui.

 

Constataram ainda que aqueles que consumiam de forma mais moderada também tinham uma notável probabilidade de manifestarem alterações cerebrais quando comparados com os abstémios.

 

Ainda que, tal como os próprios investigadores fazem questão de notar, este estudo assenta na observação e não permite retirar conclusões definitivas, o trabalho de campo realizado é suficientemente sólido para que se continue a abordar o consumo de álcool, em excesso mas também de forma moderada, como um dos mais relevantes problemas de saúde pública da atualidade.

 

 “Com a publicação deste estudo, a justificação de um consumo moderado no que diz respeito à saúde cerebral está em questão”, escrevem os autores.

 

ANA BAIÃO

 

In “Expresso”