É a conclusão para que apontam dois estudos agora apresentados no mais importante congresso mundial sobre o cancro

 

“Estes são os resultados mais poderosos que já vi num ensaio clínico da próstata”. Palavras de Nicholas James, um professor de oncologia clínica que lidera o STAMPEDE, um ensaio clínico efetuado em mais de dois mil doentes ao longo de 40 meses, que testou os efeitos da combinação de duas terapias anti-hormonais diferentes.

 

Na conferência anual da American Society of Clinical Oncology, o encontro mundial mais importante da área, James apresentou resultados que se cifram numa redução da mortalidade em 37%, quando se utiliza uma terapia standard em simultâneo com a abiraterona, uma nova molécula produzida pelos laboratórios Janssen.

 

O efeito tem a ver com a testosterona. O cancro na próstata é geralmente um tumor que depende dessa hormona para crescer. Ao reduzir a produção dessa hormona, a abiraterona prejudica o desenvolvimento do tumor. Em pacientes cuja doença já se encontra avançada, isso poderá significar anos adicionais de vida. Nos outros, uma esperança de vida semelhante à de alguém sem cancro.

 

Até agora, a abiraterona só entrava em cena quando as restantes terapias falhavam. A recomendação agora feita é que passe a ser usada muito mais cedo. Além dos benefícios acima referidos, a nova molécula diminui o risco de recaída e o de complicações ósseas. Os eventuais efeitos negativos que possa ter são a nível cardíaco e da diabetes.

 

Outro estudo efetuado na mesma altura e também agora divulgado, LATITUDE, chegou a conclusões semelhantes do de STAMPEDE. Pela sua parte, James não disfarça o entusiasmo com esta súbita evolução no tratamento da doença: “É um sentimento que temos uma vez durante a nossa carreira. É uma das maiores reduções de morte que vi em qualquer ensaio clínico para cancros em adultos”

 

 

 

In “Expresso”