Esta é uma temática de grande relevância no contexto da saúde pública, e o comum cidadão ainda não se revê na importância da eliminação correta dos fármacos usados.

É de salientar que o quadro atual da recolha de medicamentos usados é deficitário, as agências ambientais assim o confirmam. Apenas 12 em cada 100 cidadãos utilizam as farmácias (o ponto de recolha por excelência) para eliminar da forma correta os restos dos medicamentos, ou seja, uma taxa de recolha de apenas 8%, abaixo dos 10% previstos para 2016 como meta, e muito distante da meta dos 20% de 2020. A recolha inclui medicamentos fora de prazo ou que já não utiliza, materiais utilizados no acondicionamento e embalagem dos produtos adquiridos, mesmo que contenham restos de medicamentos e acessórios utilizados para facilitar a administração dos medicamentos (colheres, copos, seringas, etc.)

 

A grande relevância sistema advém da necessidade de retirada de circulação de substâncias químicas no meio ambiente, as quais levam a grandes riscos de saúde, pois as águas que bebemos poderão ser contaminadas com medicamentos e as hortas, cuja rega é feita com águas contaminadas, poderão originar culturas com vestígios de medicamentos. Já em 2008, a comunidade científica ficou alarmada, pois nos EUA foram detetados na água de consumo vestígios de paracetamol, ibuprofeno e antibióticos (em menor extensão, anti convulsivantes estabilizadores de humor e hormonas sexuais), em grandes áreas metropolitanas.Isto sucede pela errada eliminação dos medicamentos e pelo facto dos processos de purificação de águas não serem totalmente eficazes no que aos medicamentos diz respeito. Em Portugal, o ISEP debruçou-se, em 2012, sobre a temática, obtendo os mesmos resultados e alertando para o facto da contaminação dos solos estar a ser menosprezada, sendo que, a pressão ambiental já ocorre, com a possibilidade de fenómenos de multirresistência a antibióticos.

 

In “Jornal da Madeira"