Inquérito revelou elevada prevalência de hipertensão, obesidade e diabetes
Estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge aponta que 67,7% da população tinha excesso de peso em 2015.
O primeiro Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF), apresentado nesta terça-feira no Porto, revelou uma elevada prevalência de algumas doenças crónicas como a hipertensão arterial (38%), a obesidade (28,7%) e a diabetes (9,8%).
O estudo, relativo a 2015, constatou também que 67,6% da população tinha excesso de peso ou obesidade e 52,3% tinha alteração dos lípidos do sangue (colesterol alto), valor que aumentava para 63,3% ao incluir nesta estimativa a população que referiu tomar medicamentos para controlar esta condição.
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O INSEF é um estudo epidemiológico observacional, transversal de base populacional, programado e realizado para ser representativo ao nível regional e nacional, com o objectivo de contribuir para melhorar a saúde pública e reduzir as desigualdades em saúde.
O inquérito surgiu na sequência da participação de Portugal, através do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em projectos de investigação e acções conjuntas com outros países europeus, financiados pela União Europeia.
A população alvo consistiu nos indivíduos entre os 25 e os 74 anos de idade, residentes em Portugal continental ou regiões autónomas há mais de 12 meses.
Estudo contou com mais de 12 mil pessoas
Mulheres portuguesas com piores indicadores de saúde do que os homens
O trabalho de campo decorreu entre Fevereiro e Dezembro de 2015 em 49 locais de observação e foi realizado por equipas constituídas por um total de 117 profissionais.
Ao todo foram seleccionados aleatoriamente para o INSEF 12.289 indivíduos, tendo-se obtido no final uma amostra com 4911 participantes (2265 homens e 2646 mulheres), para os quais os procedimentos do INSEF (exame físico, colheita de sangue e entrevista) foram concretizados na íntegra.
A informação obtida pelo primeiro INSEF é representativa da população portuguesa a nível nacional e de cada uma das suas sete regiões, tendo sido utilizados os métodos preconizados pelo European Health Examination Survey (EHES).
As diferenças observadas nas estimativas populacionais de vários dos indicadores justificam, segundo os responsáveis pelo inquérito, a atenção das intervenções de saúde quer sobre algumas áreas do estado de saúde que afectam um elevado número de portugueses: 52,3% no caso de colesterol total superior a 190 mg/dl, 38% no caso da hipertensão arterial ou 28,7% no caso da obesidade, quer noutras, como a diabetes mellitus, cuja estimativa é de 9,8%.
Níveis de escolaridade mais altos protegem da obesidade
Entre os determinantes são realçadas as elevadas frequências de sedentarismo nos tempos livres (44,8%), o consumo arriscado de bebidas alcoólicas, reportado por 33,8% da população masculina, ou a exposição ambiental ao fumo do tabaco que afectava 12,8% da população.
Na área preventiva, de acordo com o INSEF, a elevada proporção da população feminina entre os 50 e os 69 anos que reportou ter realizado mamografia nos dois anos anteriores ao inquérito (94,8%), em particular quando referia ter médico de família atribuído, constitui um indicador positivo, pese embora a menor frequência na população desempregada (89,3%).
Já a consulta de saúde oral no ano anterior foi reportada por um pouco mais de metade da população (51,3%), verificando-se valores mais baixos entre os 65 e 74 anos (43,8%).
De igual forma, a pesquisa de sangue oculto nas fezes nos dois anos anteriores à entrevista (45,7%) e a não realização deste exame na vida (44,2%) revelaram valores muito baixos a nível nacional, conclui o inquérito.
Obesidade: pandemia mundial do século XXI
Obesidade é mais prevalente nos homens
Embora a obesidade fosse mais elevada entre as mulheres (32,1% versus 24,9%), o excesso de peso e a obesidade abdominal eram mais prevalentes entre os homens.
A prevalência destas doenças aumentava com a idade verificando-se os valores mais elevados entre os 65 e os 74 anos (71,3% no caso da hipertensão; 41,3% no caso da obesidade; 88,1% no caso da obesidade abdominal; 23,8% no caso da diabetes).
Na comparação entre as sete regiões nacionais, após remover o efeito do sexo e da idade, as prevalências padronizadas apresentavam valores mais elevados de hipertensão arterial e obesidade na região Norte, obesidade abdominal na região Centro, diabetes na Região Autónoma dos Açores, e alteração do perfil dos lípidos do sangue na região Centro.
Os primeiros resultados do INSEF foram apresentados numa conferência realizada no auditório do Museu Soares dos Reis, no Porto.
In “Público”