Numa década, os homens ganharam quase três anos na esperança de vida à nascença e as mulheres apenas dois. Instituto Nacional de Estatística fixa em 83,33 anos a esperança de vida para as mulheres, quando nos homens se fica ainda nos 77,61.

 

É um intervalo de 5,72 anos que se tem vindo a estreitar a cada ano que passa: a esperança de vida à nascença tem vindo a aproximar-se entre homens e mulheres, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), cujas tábuas de mortalidade divulgadas esta segunda-feira fixam nos 83,3 anos a esperança de vida à nascença para as mulheres e em 77,61 anos para os homens.

 

Há dez anos, a diferença na esperança de vida de homens e mulheres era de 6,52 anos, a desfavor deles. Na última década, eles ganharam mais 2,8 anos em termos de expectativa de vida à nascença e elas apenas dois. Os especialistas em demografia não demoram muito tempo a encontrar possíveis explicações para esta evolução. “Tradicionalmente, os homens tinham uma maior exposição ao risco de acidentes rodoviários, profissões de maior risco e hábitos de consumo de álcool e tabaco. Hoje, as mulheres também estão expostas a isto tudo”, apontou a presidente da Sociedade Portuguesa de Demografia, Maria Filomena Mendes, quando, no final de 2016, o INE evidenciava já esta tendência.

 

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Acresce que os homens têm, nas últimas décadas, adoptado alguns comportamentos em termos de cuidados na alimentação e gestão pessoal da saúde que lhes têm permitido adiar a morte, nomeadamente a motivada “por problemas relacionados com o sistema circulatório, enfartes de miocárdio e acidentes vasculares cerebrais”, ainda segundo Maria Filomena Mendes.

 

Na actualização desta tendência feita pelo INE, e que se reporta aos que nasceram no biénio 2014/2016, a esperança média de vida à nascença fixa-se nos 80,62 anos. No caso das mulheres, os 83,3 anos representam um ganho de 1,2 meses, face aos valores de 2013-2015. Já os homens conseguiram um ganho de três meses no mesmo período.

 

Quanto à esperança de vida aos 65 anos, atingiu 19,31 anos para o total da população. Os homens podem contar com mais 17,44 anos de vida quando completam os 65 anos e as mulheres mais 20,73 anos. Baralhadas estas mesmas contas, o INE conclui que, na última década, eles ganharam 1,42 anos a contar desde os 65 anos de idade e elas apenas 1,31. Aqui o diferencial entre eles e elas diminuiu dos 3,40 anos de 2004-2006 para os 3,29 anos de 2014-2016.

 

O INE sustenta ainda que “o acréscimo da esperança de vida à nascença das mulheres nos últimos dez anos resultou maioritariamente da redução na mortalidade nas idades iguais ou superiores a 60 anos”. Já entre os homens, “apesar da importância da diminuição da mortalidade nas idades mais avançadas”, os ganhos conseguidos assentaram sobretudo “na redução da mortalidade entre os 35 e os 59 anos de idade”.

 

No período em análise, 65,2% das mortes ocorreram em idades iguais ou superiores a 80 anos, sendo que, no caso das mulheres, 74,8% morreram já octogenárias, enquanto nos óbitos masculinos a percentagem desce já para os 54,9%. A idade mais frequente ao óbito foi de 86 anos para os homens e 88 anos para as mulheres.

 

In “Público”