Doenças crónicas, como o cancro ou as doenças cardiovasculares, são as que mais contribuem para mortes antes dos 70 anos. O director-geral da Saúde, Francisco George, afirmou esta quinta-feira que nos próximos cinco anos será necessário resolver a questão das doenças crónicas, das doenças de transmissão vectorial, das infecções associados aos cuidados de saúde e das questões da ética.

 

Na sessão de abertura do 23.º Congresso Nacional de Medicina Interna, na Alfândega do Porto, Francisco George disse que as doenças crónicas, como o cancro ou as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, são as que mais antecipam a morte antes dos 70 anos e as que mais produzem deficiência e incapacidade.

 

"O problema destas doenças está hoje por resolver, mas muitas delas podem ser evitadas num regime de coprodução entre médicos e doentes", frisou. Quanto às doenças transmissíveis por vectores ou de transmissão vectorial, o director-geral da Saúde salientou que essas doenças "estão aí", estão a invadir o território, lembrando a existência de dengue há três anos na Madeira ou do vírus Zika.

 

"Vamos ter mais, vamos estar confrontados com estes problemas relacionados com o aquecimento global e transformação das zonas temperadas em subtropicais, o que faz com que os locais onde se reproduzem os mosquitos vectores sejam mais", explicou.

 

As infecções associadas aos cuidados de saúde, em especial a resistência das bactérias, dos vírus e dos parasitas aos medicamentos são outra das preocupações apontadas por Francisco George. Estas infecções não estão só ligadas ao exercício da medicina e da clínica, mas também à automedicação e a alguns setores como a agricultura, salientou. "Temos de resolver esta questão que nos preocupa muito", reforçou.

 

Outros dos desafios apontados por Francisco George são as questões da ética que tem de existir no seio do exercício da medicina interna e de todas as especialidades. "Todos nós temos de ser mais exigentes no plano da ética porque para além das questões que todos conhecem, nós temos problemas de iniquidade e desigualdade em saúde", ressalvou.

 

O 23.º Congresso Nacional de Medicina Interna arrancou esta quinta-feira e prolonga-se até domingo sob o mote "Porto de Confluências".

 

In “Público”