Eva Pereira concorda que médicos controlem mais o doente

 

A cardiologista Eva Pereira concorda que haja “pressão” junto da população para que faça mais atividade física. Menos internamentos e melhor

qualidade de vida são objetivos a atingir.

Carla Ribeiro

 

É com aplausos que a cardiologista madeirense Eva Pereira recebe a notícia de que há pelo menos a intenção de fazer com que os médicos dos centros de saúde “fiscalizem”, mais aprofundadamente, os seus doentes, no que toca à prática de atividade física. No entender desta médica, se houver uma maior monitorização da situação, o controle da tensão arterial e do peso, «provavelmente, vamos ter melhor adesão do público». Eva Pereira diz que, como se sabe, o público, sozinho, muitas vezes fracassa. Precisa de um estímulo vindo de fora, por forma a conseguir levar por diante, algumas práticas mais saudáveis. E um dos melhores estímulos poderá vir do médico que o acompanha no centro de saúde

 

 “Então, já fez a sua caminhada hoje?”, se esta pergunta for colocada insistentemente pelo médico, certamente que o utente do centro de saúde irá pensar naquela «conversa» e como resultado poderá mesmo avançar para uma maior prática de atividade física. E se o médico também se interessar por essa situação, «muito provavelmente, os fatores de risco serão mais © JM “ Então já fez a sua caminhada hoje?», esta a pergunta fundamental, como diz Eva Pereira. facilmente corrigíveis», conforme adianta a cardiologista.

 

MUDAR HÁBITOS

 

Menos internamentos, melhor qualidade de vida, estas algumas das vantagens da implementação daquela medida. Para Eva Pereira, há realmente que mudar de hábitos.

 

«Temos que envolver a comunidade onde o doente está inserido. Até há pouco tempo, deixávamos isso na mão das autarquias», refere.

 

No entanto, essa rotina tem de ser alterada. É preciso também que a saúde pública- que está mais em contacto com os doentes- «dê esse passo em frente», adianta a médica madeirense.

 

«Se tivermos comportamentos mais saudáveis, teremos, como é lógico, resultados muito mais eficazes», conclui a cardiologista.

 

 Refira-se que recentemente foi noticiado, a nível nacional, que nos centros de saúde, os médicos vão ser incentivados a avaliar o nível de actividade física dos seus utentes e este parâmetro passará a constar dos registos a partir de junho.

 

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Diretor do programa pede que os médicos dêem conselhos

 

Programa Nacional da Atividade Física pretende mais da área da Saúde

 

O diretor do Programa Nacional para a Promoção da Actividade Física (PNPAF) disse, recentemente, numa iniciativa realizada neste mês de abril, que os médicos de família podem, além da pressão para a atividade física, ainda dar conselhos e fazer recomendações genéricas ou até indicar programas de acompanhamento.

 

«Mas vai ser necessário investir mais na formação dos médicos e de outros profissionais de saúde em geral, introduzindo nos currículos das faculdades disciplinas obrigatórias nesta área», defendeu. Em declarações ao Público, Pedro Teixeira diz que atualmente, já há médicos que têm pós graduações em medicina desportiva, por exemplo, mas Portugal conta igualmente com profissionais do exercício físico, os fisiologistas do exercício. Serão estes, no futuro, como hoje acontece com os nutricionistas e psicólogos, que estarão nos centros de saúde a fazer aconselhamento adaptado à condição de cada pessoa. Esta é uma profissão ainda não reconhecida nem regulamentada em Portugal, o que urge resolver, até porque é a única área da saúde em que se cobra 23% de IVA nas consultas, nota.

 

 

 

In “Jornal da Madeira”