Os cancros do pulmão e do pâncreas são os que têm menor sucesso terapêutico e são, por isso, o maior desafio para os oncologistas, com Portugal a apresentar resultados muito bons, comparando com países europeus mais ricos e desenvolvidos.
A análise é do oncologista José Luís Passos Coelho, anfitrião do Congresso Clínico Internacional Leaping Forward Oncology que, entre amanhã e sábado vai reunir em Lisboa perto de 200 especialistas em oncologia, dos quais 140 estrangeiros e alguns dos mais conceituados especialistas mundiais.
José Luís Passos Coelho, diretor do Departamento de Oncologia do Hospital da Luz, que organiza o congresso, disse à agência Lusa que os resultados no tratamento das doenças oncológicas em Portugal são “muito bons, em comparação com os restantes países europeus”.
“Estamos claramente muito bem posicionados no sucesso terapêutico, comparados com os países mais ricos e desenvolvidos da Europa”, afirmou.
O oncologista referiu que, desde 1990, o sucesso do tratamento do cancro tem vindo a melhorar para todos os cancros em geral.
“O que vai acontecer e as expetativas e estudos demonstram é que nos próximos 10, 20, 30 anos existirão mais cancros, mas as pessoas viverão mais tempo com a doença e terão mais probabilidade de serem curadas da doença e algumas doenças têm registado saltos terapêuticos fenomenais”, disse.
Apesar das boas notícias, permanecem alguns cancros com menor sucesso terapêutico e que são verdadeiros desafios para os clínicos, como os tumores do pulmão e do pâncreas.
“São os maiores desafios, porque são tumores com tendência a apresentar-se na altura do diagnóstico em fases relativamente avançadas”, explicou.
Para José Luís Passos Coelho, a patologia oncológica é e será “uma patologia para os próximos anos, na medida em que, e isto é bom, só reflete que se vive muito mais do que há alguns anos atrás”.
“As doenças oncológicas são sobretudo doenças do envelhecimento. Quer dizer que vamos pagar o preço de viver mais com maior incidência de doenças oncológicas, embora o cancro possa afetar pessoas de todas as idades e um terço dos cancros ocorra em pessoas com menos de 65 anos”.
O médico sublinhou os avanços registados no conhecimento da doença que têm permitido “o desenvolvimento de um número cada vez maior de fármacos para tratar vários tipos de cancro”.
“Hoje em dia, conhece-se o mecanismo que está errado no funcionamento da célula, qual é a cadeia de produção que não está boa e desenha-se um fármaco para intoxicar, bloquear essa via anómala. Muitos dos fármacos que estão neste momento em estudo ou em aplicação terapêutica resultaram de um desenho específico para aquele objetivo”, disse.
“Felizmente, temos contado com enormes áreas em que esse sucesso tem sido marcadíssimo”, concluiu.
In “Diário de Notícias”