Dermatologista pede prudência nos “banhos de sol”

 

Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o protetor solar não é um “escudo invisível” contra os raios ultravioleta. São precisos outros cuidados.

O protetor solar reduz o risco de apanhar uma queimadura e outras doenças consequentes, como o cancro da pele, o melanoma (quisto) e o fotoenvelhecimento. Contudo, utilizar o protetor solar «pensando que este vai proteger completamente contra a radiação e que vai ser um escudo invisível» é um raciocínio comum e errado, revela a dermatologista Anabela Faria.

 

Em especial porque, segundo dados estatísticos europeus e mundiais, estima-se que os casos de cancro da pele têm vindo a aumentar de ano para ano. Por sua vez, as temperaturas altas chegam cada vez mais cedo e nesta primavera já foram muitos os madeirenses que aproveitaram as mudanças climáticas para bronzearem a pele para o verão. Com as altas temperaturas vieram também os valores elevados de raios ultravioleta (UV) que estiveram, na última semana, na Região, em níveis de 8 a 10 (“muito elevado”).

 

Nestas situações, como explica a médica especialista, é aconselhável que os apreciadores de sol, sejam eles adultos, jovens e crianças, utilizem também roupa que proteja dos UV: chapéu, t-shirt (de preferência de manga comprida) e só nas áreas que não podem ser protegidas com vestuário, deve ser aplicado protetor solar.

 

Anabela Faria observa que este ano ainda não teve pacientes com queimaduras, um sinal de cuidado por parte dos madeirenses, reconhecendo contudo que ainda existem comportamentos que deviam ser mudados. A exposição excessiva e desregrada é um deles, na medida em que, como explica a médica especialista, o protetor solar é usado nestas situações para prolongar o tempo em que o corpo apanha sol.

 

«É importante que as pessoas saibam que existem horas reco- “ Anabela Faria observa que este ano ainda não teve pacientes com queimaduras. As mudanças climáticas fizeram com que as pessoas começassem a frequentar a praia mais cedo. mendadas, na primavera e no verão, para se exporem ao sol e para praticarem atividades ao ar livre», aponta, precisando que das 12h às 17h é o período do dia mais perigoso ao nível dos efeitos da radiação na pele e, por isso, a exposição continuada deve ser aí evitada, durante todo o ano.

 

Uma regra que se adapta também aos bebés com menos de seis meses e às crianças com menos de três anos, pois não têm indicação para ser expostas ao sol. Contudo, adverte Anabela Faria, existem ainda pais que não respeitam a indicação, pois, além do protetor solar, de 50+, é prioritário que estas crianças fiquem sempre debaixo de um guarda-sol, protegidas com vestuário, chapéu e óculos de sol.

 

«Sabemos que a exposição é cumulativa, ou seja, ela vai-se acumulando, durante a vida e há risco grande de se apanharem queimaduras solares na infância pois, como eu já disse, pode ser mais um fator de risco para o aparecimento de cancro de pele», esclarece a dermatologista 

 

SESARAM PROMOVE RASTREIOS NA PELE A 17 DE MAIO

 

À semelhança dos anos anteriores, o Serviço de Dermatologia do SESARAM, E.P.E., em parceria com a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, promove uma Campanha de Prevenção do Cancro de Pele/ Euromelanoma, no dia 17 de maio deste ano, na Consulta de Dermatologia do Hospital dos Marmeleiros.

 

A iniciativa contempla a realização de rastreios aos utentes com lesões pigmentadas ou doentes com suspeita de ter cancro da pele. Os rastreios serão realizados em dois turnos, das 9h00 às 12h00 e das 13h00 às 16h00, com uma observação máxima de cem doentes.

 

Os interessados devem efetuar a marcação no próprio dia da atividade, sem necessidade de credencial, na secretaria do Hospital dos Marmeleiros, onde será atribuído um número a cada participante de acordo com a ordem de chegada.

 

CANCRO ALGUNS SINAIS NA PELE NÃO SÃO FACTOR DE RISCO

 

As pessoas com a pele mais clara e as que têm muitos sinais (normalmente mais de 50), especialmente sendo os do tipo nevos displásicos (sinais irregulares), têm de ter uma maior vigilância ao longo da vida com a exposição ao sol e a radiação, pois são mais susceptíveis ao melanoma, adverte a dermatologista Anabela Faria.

 

Outros vestígios corporais a ter em atenção são uma ferida que não cicatrize, o surgimento de um sinal novo, na cara ou no dorso da mão; ou a mudança das caraterísticas de um sinal, como, por exemplo, que em vez de claro passou a ter mais cores ou ficou mais escuro.

 

A radiação sem a proteção solar adequada pode ainda provocar o aparecimento de manchas escuras na pele (melasma), em especial nas mulheres.

 

Petra Teixeira

 

In “Jornal da Madeira”