Era considerada uma doença já esquecida, mas agora o sarampo voltou a ser notícia.
Que doença é esta?
É uma doença altamente contagiosa, causada por um vírus. Transmite-se por contacto directo e via aérea, como a tosse e espirros. O período de incubação do vírus do sarampo varia entre sete a 21 dias e o contágio dá-se quatro dias antes de surgirem erupções cutâneas.
Em caso de recusa da vacina após contacto com doentes, DGS aconselha afastamento de escola
Que sintomas provoca?
O primeiro sintoma do sarampo é a febre alta, dez ou 12 dias depois da exposição ao vírus. Também durante esta primeira fase pode haver escorrimento no nariz, tosse, olhos vermelhos e lacrimejantes e pequenos pontos brancos na mucosa oral. Depois, aparecem erupções cutâneas na cara e no pescoço. As erupções estendem-se ainda para as mãos e os pés. O sarampo causa diarreias, desidratação, infecção nos ouvidos, pneumonia e encefalite, e esta pode provocar lesões permanentes no cérebro ou mesmo a morte. Durante a gravidez, aumenta o risco de aborto ou parto prematuro.
Como é a vacina do sarampo?
Chama-se Vaspr, o acrónimo de vacina do sarampo, papeira e rubéola (portanto tríplice). É feita com versões enfraquecidas (ou atenuadas) dos vírus vivos destas doenças, obtidas através de culturas sucessivas em laboratório dos seus agentes patogénicos.
Risco de não dar vacina do sarampo "é muito maior"
É administrada no músculo do braço ou da coxa. As crianças têm de tomar uma dose por volta do primeiro ano (é neste período que a imunidade que herdam das mães começa a desaparecer) e outra dose por volta dos cinco. A vacinação deve ser feita logo desde muito cedo, porque de outra maneira os bebés não teriam forma de se proteger de vírus e bactérias. As crianças não vacinadas beneficiam da imunidade de grupo criada pelos outros estarem vacinados, mas não contribuem para essa imunidade de grupo. Caso a pessoa tenha mais de 18 anos, só tem de tomar uma dose da vacina tríplice. Está protegido quem já tenha tido a doença ou tenha tomado duas doses da vacina. Mesmo para quem já teve sarampo, a Direcção Geral da Saúde (DGS) tem continuado a recomendar a vacinação.
Para quê a vacinação?
Esta é a principal forma de prevenir doenças, neste caso o sarampo. Esta vacina é gratuita e está incluída no Programa Nacional de Vacinação. As vacinas estimulam o sistema imunitário a produzir anticorpos contra os agentes patogénicos, como o do sarampo. Caso contacte com o vírus, o sistema imunitário reconhece-o e combate-o.
Quais os efeitos secundários?
Jovem que morreu não terá sido imunizada contra sarampo por ter feito alergia grave a outra vacina
“Os efeitos secundários são mais raros”, afirma Teresa Fernandes, da Direcção de Serviços de Prevenção da Doença e Promoção da Saúde da DGS. Cerca de seis a dez dias após a vacinação, a criança pode ter uma leve subida de temperatura. Algumas crianças podem perder o apetite e ter uma erupção cutânea parecida com a do sarampo. E uma em cada 100 crianças pode ter convulsões febris, refere um relatório do Sistema Nacional de Saúde da Grã-Bretanha (NHS, na sigla em inglês). Em casos muito raros, as crianças podem ter pequenas pintas na pele nas seis semanas seguintes à vacinação. Ainda de acordo com o NHS, menos de uma em cada milhão de crianças tem encefalite (infecção cerebral). Mesmo assim, o NHS avisa que há poucas provas científicas que indiquem que a encefalite é causada pela vacina. Mas se a criança tiver sarampo, a probabilidade de ter uma encefalite sobe para entre uma em 200 e uma em 5000.
Quando não se recomenda a vacina?
Segundo Teresa Fernandes, não é recomendada a pessoas com imunodepressões e um sistema imunitário deficitário grave. “Pode provocar a doença”, afirma. Também não é recomendada a grávidas, embora não existam registos de contágio em fetos.
É segura?
“Após tantos anos de experiência e muitos milhões de vacinas administradas em todo o mundo, pode afirmar-se que as vacinas têm um elevado grau de segurança, eficácia e qualidade”, diz a DGS num relatório de 2015. E a introdução de uma vacina no mercado não é autorizada de qualquer forma. Tem de passar por várias fases: investigação em laboratório; ensaios em seres humanos; e, após a introdução na comunidade, há a verificação da sua eficácia e efeitos a longo prazo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) dá sete razões para se cumprir o dever da vacinação, como as “vacinas salvam vidas”, a “vacinação é um direito básico” e os “surtos de doenças ainda são uma ameaça para o mundo”.
Há alguma relação entre a vacina tríplice e o autismo?
Não. Esta suposta relação começou com uma fraude científica há quase 20 anos, que dizia que havia uma ligação da vacina tríplice ao autismo. Lançou assim o movimento antivacinas, que perdura até agora. Esta fraude foi cometida pelo médico inglês Andrew Wakefield, que falsificou dados hospitalares e os apresentou num artigo publicado em 1998 na revista médica The Lancet. Wakefield recebeu dinheiro de uma empresa de advogados, que queria processar os fabricantes de vacinas. Entretanto, o erro foi detectado pela comunidade científica e o artigo foi retirado de publicação. E Wakefield foi expulso da Ordem dos Médicos inglesa. Mesmo assim, continua a ser um ícone para os defensores da antivacinação, que se apoiam nesse artigo fraudulento para fundamentar as suas posições. Se o autismo e a vacina tríplice estivessem mesmo relacionados, existiriam ainda mais casos de autismo nas crianças vacinadas, refere a NHS.
Qual é a mortalidade do sarampo?
Quais os efeitos secundários?
Jovem que morreu não terá sido imunizada contra sarampo por ter feito alergia grave a outra vacina
“Os efeitos secundários são mais raros”, afirma Teresa Fernandes, da Direcção de Serviços de Prevenção da Doença e Promoção da Saúde da DGS. Cerca de seis a dez dias após a vacinação, a criança pode ter uma leve subida de temperatura. Algumas crianças podem perder o apetite e ter uma erupção cutânea parecida com a do sarampo. E uma em cada 100 crianças pode ter convulsões febris, refere um relatório do Sistema Nacional de Saúde da Grã-Bretanha (NHS, na sigla em inglês). Em casos muito raros, as crianças podem ter pequenas pintas na pele nas seis semanas seguintes à vacinação. Ainda de acordo com o NHS, menos de uma em cada milhão de crianças tem encefalite (infecção cerebral). Mesmo assim, o NHS avisa que há poucas provas científicas que indiquem que a encefalite é causada pela vacina. Mas se a criança tiver sarampo, a probabilidade de ter uma encefalite sobe para entre uma em 200 e uma em 5000.
Quando não se recomenda a vacina?
Segundo Teresa Fernandes, não é recomendada a pessoas com imunodepressões e um sistema imunitário deficitário grave. “Pode provocar a doença”, afirma. Também não é recomendada a grávidas, embora não existam registos de contágio em fetos.
É segura?
“Após tantos anos de experiência e muitos milhões de vacinas administradas em todo o mundo, pode afirmar-se que as vacinas têm um elevado grau de segurança, eficácia e qualidade”, diz a DGS num relatório de 2015. E a introdução de uma vacina no mercado não é autorizada de qualquer forma. Tem de passar por várias fases: investigação em laboratório; ensaios em seres humanos; e, após a introdução na comunidade, há a verificação da sua eficácia e efeitos a longo prazo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) dá sete razões para se cumprir o dever da vacinação, como as “vacinas salvam vidas”, a “vacinação é um direito básico” e os “surtos de doenças ainda são uma ameaça para o mundo”.
Há alguma relação entre a vacina tríplice e o autismo?
Não. Esta suposta relação começou com uma fraude científica há quase 20 anos, que dizia que havia uma ligação da vacina tríplice ao autismo. Lançou assim o movimento antivacinas, que perdura até agora. Esta fraude foi cometida pelo médico inglês Andrew Wakefield, que falsificou dados hospitalares e os apresentou num artigo publicado em 1998 na revista médica The Lancet. Wakefield recebeu dinheiro de uma empresa de advogados, que queria processar os fabricantes de vacinas. Entretanto, o erro foi detectado pela comunidade científica e o artigo foi retirado de publicação. E Wakefield foi expulso da Ordem dos Médicos inglesa. Mesmo assim, continua a ser um ícone para os defensores da antivacinação, que se apoiam nesse artigo fraudulento para fundamentar as suas posições. Se o autismo e a vacina tríplice estivessem mesmo relacionados, existiriam ainda mais casos de autismo nas crianças vacinadas, refere a NHS.
Qual é a mortalidade do sarampo?
De acordo com um relatório da OMS, entre 2000 e 2015, a vacinação contra o sarampo evitou cerca de 20 milhões de mortes. Neste período, houve ainda uma diminuição de mortes em cerca de 80% (passando de 651.600 para 134.200). Em 2015, 85% das crianças de todo o mundo receberam uma dose da vacina do sarampo no primeiro ano de vida. Também em 2015, houve 134.200 mortes provocadas pelo sarampo - ou seja, 367 mortes por dia.
Quantos casos houve em Portugal nas últimas décadas?
Entre 2006 e 2014, vários relatórios indicavam que Portugal registou 19 casos de sarampo, quase todos importados. Hoje em dia, segundo Teresa Fernandes, cerca de 95% dos portugueses estão protegidos desta doença, seja por já terem sido vacinados ou por já a terem tido. Entre 1987 e 1989, foram identificados cerca de 12 mil casos e 30 mortes. Desde o início deste ano, já houve cerca de 21 casos confirmados. A vacinação contra o sarampo iniciou-se em Portugal em 1973 e a vacinação gratuita em 1974. Uma segunda dose da vacina começou a ser aplicada em 1990. E esta doença começou assim a ficar praticamente esquecida.
In “Público”