O Governo Regional está a apoiar cerca de 700 idosos, em toda a Região, com a teleassistência. Porém, algumas corporações de bombeiros na Madeira dizem que o serviço tem tido pouca adesão. Alguns idosos carregam no botão do tele-alarme sem querer e outros para ajudar um vizinho.

 

A Secretaria Regional da Inclusão e Assuntos Sociais pretende chegar com o serviço do tele-alarme a mais idosos que vivam sós na Madeira e que sejam dependentes, sendo o número atual cerca de 700. No entanto, ao JM, a maioria das entidades que participam neste programa apontam poucos pedidos de ajuda que, muitas das vezes, são feitos por engano e não pelo próprio utente.

 

É o que contam, por exemplo, os Bombeiros de Santa Cruz e os de Machico, pois ambas as corporações admitem que não têm muito contacto com o telefone direcionado para este socorro específico. No primeiro caso, o telefone está instalado desde o início deste programa na Madeira e nunca tocou, refere uma fonte destes bombeiros. Já no caso dos Bombeiros Municipais de Machico, estes receberam quatro chamadas em 2016 e, este ano, o telefone ainda não tocou, sendo que até foi posto em causa o seu funcionamento.

 

Refira-se que o equipamento da teleassistência foi especificamente elaborado para o uso dos idosos e é composto por teclas grandes e que direcionam para chamadas diretas, som alto e ainda um comando com um botão que permite acionar apoio, mesmo que o utente esteja a uma distância de até 50 metros da sua habitação.

 

No entanto, ao que o JM apurou, não são só os idosos que utilizam este sistema. De acordo com os Bombeiros Municipais do Porto Moniz e São Vicente, que receberam, em 2016, 56 telefonemas, nem todos eram pedidos de ajuda, mas sim chamadas para benefício próprio. Ainda que reconheçam que o tele-alarme «já salvou vidas» e que chegou para trazer mais segurança aos idosos, tal também aconteceu com os vizinhos, que, numa situação de urgência, veem no tele-alarme um efeito mais imediato. Noutros casos, algumas chamadas que receberam foram feitas por idosos que carregaram no botão por engano, ou pelos próprios filhos, que viram os pais num momento de aflição e decidiram pedir apoio através da teleassistência.

 

Além do mais, existem casos de teleassistência em que os idosos apenas precisam de um apoio moral e de sentir uma “companhia” do outro lado da linha. Como referiu fonte dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Brava, que recebe cerca de 10 pedidos de ajuda por mês, dois destes exigiam transporte da corporação até à habitação. Já os Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos confirmam que, para a dimensão do concelho, «não existem muitos casos de emergência». Tendo um total de 41 idosos inscritos, apenas contabilizaram sete pedidos de ajuda, um número que inclui os enganos e também o apoio moral.

 

No caso dos Bombeiros Sapadores do Funchal e dos Voluntários Madeirenses a teleassistência não funciona de forma direta, sendo o Serviço Regional de Proteção Civil que assegura a receção da teleassistência, pela Serpram. Nesse sentido, sabe-se que, atualmente, não existem dados estatísticos individualizados sobre a teleassistência e os números que existem são residuais.

 

Por seu turno, os Bombeiros Voluntários de Santana consideram que este programa está a funcionar bem, contabilizando um total de 20 chamadas em 2016 e sendo sempre necessária a presença direta de pelo menos um elemento.

 

Sabe-se ainda que o sistema ainda não chegou a todos os municípios da Região, segundo descrevem os Bombeiros Voluntários da Calheta.

 

Já da parte do Porto Santo, o JM, tentou contactar, até ao fecho da edição, as identidades responsáveis dos Bombeiros Voluntários, mas sem sucesso.

 

Uma idosa que nunca usou o tele-alarme

 

Lusitânia Serra Marques é uma das utilizadoras do tele-alarme mas, curiosamente, nunca o usou. Aos 84 anos, nascida fora da Madeira, vive sozinha no Bairro do Hospital e tem problemas cardíacos. Um dos motivos que faz esta idosa ter recorrido ao tele-alarme foi o facto de ter medo de viver sozinha pois, «hoje em dia», tem dificuldade em confiar nas pessoas e, deste modo, sente-se mais segura. A teleassistência é, por esse motivo, uma solução «ótima» para complementar a sua vida, na medida que, através deste meio, de serviço gratuito, pode estar descansada e pedir ajuda de forma «direta e fácil». Os critérios de atribuição do serviço de tele-alarmes são os seguintes, de acordo com a Secretaria Regional da Inclusão e Assuntos Sociais: aceitação por parte da adesão a este programa, isolamento geográfico, falta ou deficiente rede de suporte familiar/social, grau de dependência acentuado, fracos recursos económicos, dificuldades motoras e/ou cognitivas.

 

 

 

In “Jornal da Madeira”