Estratégia regional está pronta e vai arrancar em maio

A partir de maio, os madeirenses vão ser confrontados com ações que visam promover a alimentação saudável.

Os maus hábitos alimentares dos madeirenses e os problemas de saúde associados a esta realidade dão força a uma Estratégia Regional de Promoção da Alimentação Saudável e Segura, criada recentemente no âmbito do IASAÚDE, que deverá ser apresentada publicamente em maio. Na fase de arranque, esta estratégia envolve as secretarias regionais da Saúde; da Educação; da Inclusão e Assuntos Sociais e da Agricultura e Pescas.

«Posteriormente, gostaríamos de incluir outras áreas, nomeadamente a Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura, através da ARAE, a ACIF (nomeadamente na questão da restauração) e a Direção Regional da Juventude e Desporto», adiantou ao JM a nutricionista do IASAÚDE Maria do Carmo Faria.

Ainda antes da apresentação da estratégia, o IASAÚDE tem previstas participações em diferentes iniciativas, nomeadamente “Num minuto mais saúde, mais vida. Acerte connosco”, que irão começar com um conjunto de informações direcionadas à população sobre as várias questões de alimentação, revela a nutricionista.

«Para o próximo mês também iremos iniciar o projeto AMEA Kids com algumas das crianças que participaram no estudo COSI 2015/2016», acrescenta. Refira-se que o COSI é uma iniciativa de âmbito europeu, que visa combater a obesidade infantil, à qual a RAM aderiu, através do IASAÚDE, permitindo a avaliação de 524 crianças madeirenses.

Outra ação relacionada com a estratégia a implementar visa «a validação da resolução 717/2016 que regulamenta a instalação e exploração de máquinas de venda automática de produtos alimentares, nos serviços da administração pública regional», adianta Maria do Carmo Faria.

Estão também previstas participações em alguns certames agrícolas da Secretaria Regional da Agricultura e Pescas, bem como em atividades da Secretaria Regional da Inclusão e Assuntos Sociais nos centros de dia. Ações de sensibilização e de formação dirigidas à comunidade educativa e a continuidade do projeto da rede de bufetes saudáveis são outras ações que vão materializar a estratégia delineada.

Realidade regional semelhante ao resto do País em alguns aspetos

RAM representada em Inquérito Nacional Alimentar

 De acordo com os resultados do 2.º Inquérito Nacional Alimentar e de Atividade Física, apresentados em meados de março, em que cerca de nove centenas de madeirenses foram ouvidos, a Região apresenta valores de excesso de peso de 35,9% e de obesidade de 22,3%. Ou seja, 58,2% tem peso a mais para a sua estatura e idade.

«Os principais “erros alimentares” dos madeirenses, semelhantes aos dos restantes portugueses, associam-se aos excessos de sal, de açúcar, de gorduras de fabrico industrial e de calorias. O consumo diário de bebidas alcoólicas, nos adultos mais velhos, atinge valores preocupantes; e nos adolescentes os refrigerantes/sumos contribuem com uma ingestão elevada de açúcar diariamente, visto que o consumo destas bebidas ultrapassa os 500ml por dia», sublinha a nutricionista Maria do Carmo Faria. Relativamente ao consumo de hortícolas, os resultados revelam que a RAM «está abaixo das recomendações de 400g/dia e das frutas abaixo das recomendações de 2/3 peças por dia».

Realizado por um consórcio de investigadores nacionais e estrangeiros, coordenados pela Universidade do Porto, aquele estudo avaliou os hábitos alimentares e a condição física de cinco mil portugueses, com idades entre os 3 meses e os 84 anos, de todas as regiões. Na Madeira, decorreu nos centros de saúde de Santo António, Monte, Bom Jesus, Câmara de Lobos, Caniço e Campanário.

O estudo revela, entre outras questões, que em 2015-2016, 10% das famílias portuguesas tiveram dificuldades alimentares por falta de dinheiro, sendo que a maioria destas famílias tem menores de 18 anos.

 

Iolanda Chaves

In “Público”