Subdirectora-geral da Saúde pede às pessoas que não têm a vacina em dia que se imunizem. Doença foi declarada eliminada em Portugal no ano passado.

Há dois casos de sarampo confirmados em Portugal, uma pessoa que veio da Venezuela recentemente e um bebé com 11 meses que ainda não tem idade para estar vacinado, mas são duas situações isoladas e sem relação temporal entre si, garante a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, que afasta, por enquanto, qualquer cenário de surto desta doença muito contagiosa no país. 

Graça Freitas pede, mesmo assim, às pessoas que não têm a vacina contra o vírus do sarampo em dia que se imunizem. E adianta que os centros de saúde já estão a chamar as crianças que têm a vacina em atraso para que a imunização seja feita. A DGS aconselha a quem não está vacinado que o faça e recomenda também a vacina a todas as pessoas que vão viajar ou participar em eventos internacionais. 

Desde Janeiro, só na Europa, já foram registados mais de 500 casos de sarampo 

Incluída no Plano Nacional de Vacinação, a primeira das duas doses da vacina do sarampo nas crianças é dada aos 12 meses de idade. As pessoas com mais de 18 anos necessitam de apenas uma dose. Esta patologia vírica é altamente contagiosa, a sua evolução é habitualmente benigna, mas, nos raros casos muito graves, pode resultar em sequelas neurológicas ou mesmo morte. 

A subdirectora-geral da Saúde sublinha que não se trata de qualquer surto, pelo menos por enquanto em Portugal, ao contrário do que está a acontecer em vários países europeus. A multiplicação de casos de sarampo, doença muito contagiosa entre crianças, motivou um alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) na terça-feira. Só desde o início deste ano foram detectados mais de meia centena de casos de sarampo na Europa e que estão a afectar sobretudo sete países (Alemanha, França, Itália, Polónia, Roménia, Suíça e Ucrânia).

 

Evitável pela vacinação, o sarampo está controlado em Portugal e a OMS declarou mesmo que o país eliminou oficialmente o vírus no ano passado. “Eliminado não quer dizer que Portugal não possa ter casos [provenientes] de outro país. É normal que Portugal tenha casos isolados”, enfatiza Graça Freitas.  

"A taxa de cobertura da vacinação oscila entre os 95 e os 97% em Portugal, é muito elevada, mas há pequenas bolsas comunitárias em determinadas zonas e populações. Quando se detecta [falta de vacinação], os serviços centrais falam com os regionais que depois entram em contacto com os agrupamentos de centros de saúde e estes convidam as pessoas vacinarem-se", explica a subdirectora-geral de Saúde. 

Em caso de surto, e se houver risco para a saúde pública, a vacinação pode passar a ser obrigatória. Nessa altura, poderá ser ponderado antecipar a vacinação das crianças para os seis meses de idade ou, em idades ainda mais precoces, "será até possível protegê-las com imunoglobulina (anticorpos pré-fabricados)", acrescenta a médica. 

Em Portugal, quase todos os adultos ou estão imunizados por terem tido a doença em crianças ou porque se vacinaram e a taxa de cobertura é muito elevada entre as crianças, ao contrário do que acontece com alguns países, por não haver movimentos organizados anti-vacinas.

 

ALEXANDRA CAMPOS

 

Fonte: Público