Reabilitação em saúde, é um processo cuja finalidade é permitir que o utente recupere uma função ou uma actividade que tenha perdido devido a uma doença ou a um traumatismo.

 

 

Trata-se de cuidados de saúde orientados para as sequelas de um distúrbio que gera incapacidade ou disfunção. Significa, restabelecimento da saúde e das capacidades físicas, psíquicas e mentais de um indivíduo após uma doença ou um traumatismo.

 

A reabilitação, enquanto especialidade multidisciplinar, compreende um corpo de saberes e procedimentos específicos que permite ajudar as pessoas com doenças agudas, crónicas ou com as suas sequelas a maximizar o seu potencial funcional e a sua independência.

 

A Reabilitação pressupõe: atuação precoce; menos dependência; menos complicações; menos tempo de internamento; mais ganhos em saúde e melhor qualidade de vida, com consequentes ganhos também em recursos financeiros pessoais e para o erário público.

 

Este processo tem objetivos terapêuticos, que dependem de uma equipa de atuação multiprofissional, onde a cada profissional deve ser garantida a dignidade e autonomia técnica no seu campo específico de atuação, tendo em conta os princípios legais do seu exercício profissional. Estas áreas profissionais devem complementar-se, e não competir. Podem ser necessários profissionais do serviço social, da fisiatria, da enfermagem de reabilitação, da fisioterapia, da terapia ocupacional, da psicologia, entre outras.

 

A Enfermagem de Reabilitação constitui uma forma particular de cuidar em Enfermagem. Toda a sua ação e sentido visam prevenir incapacidades e/ou maximizar capacidades para o futuro da pessoa.

 

A intervenção do Enfermeiro de Reabilitação (ER) visa promover o diagnóstico precoce e acções preventivas de forma a assegurar a manutenção das capacidades funcionais dos clientes, prevenir complicações e evitar incapacidades, assim como proporcionar intervenções terapêuticas que visam melhorar as funções residuais, manter ou recuperar a independência nas actividades de vida e minimizar o impacto das incapacidades instaladas (quer por doença ou acidente) nomeadamente, ao nível das funções neurológica, respiratória, cardíaca e motora??. Para tal, utiliza técnicas específicas de reabilitação e intervém na educação dos clientes e pessoas significativas, no planeamento da alta, na continuidade dos cuidados e na reintegração das pessoas na família e na comunidade, proporcionando-lhes assim, o direito à dignidade e à qualidade de vida (Ordem dos Enfermeiros).

 

O plano de nacional de Saúde 2020 propõe a redução da mortalidade prematura (abaixo dos 70 anos), a melhoria da esperança de vida saudável (aos 65 anos), tendo em vista a obtenção de Mais Valor em Saúde. Sendo uma realidade a existência de uma população cada vez mais envelhecida e com maiores necessidades inerentes a este processo, o ER tem um papel primordial na manutenção e melhoria da qualidade de vida desta população.

 

Um bom exemplo são as situações de Acidente Vascular Cerebral (AVC), que surgem entre as principais causas de incapacidade, desmoronando ideais de realização pessoal e consequente alteração funcional. Mais de 25 mil doentes são internados por ano com AVC em Portugal apresentando níveis de dependência significativos, constituindo uma ameaça à qualidade de vida.

 

Neste pressuposto, o ER é uma mais-valia nas equipas de saúde, constituindo um elemento que vai atender a pessoa na fase aguda da doença (intra-hospitalar) e após a alta, permitindo desta forma maximizar o seu potencial multidimensional e minimizar as incapacidades e dependências.

 

Devido às contingências da crise que todos sentimos e vivemos, a prática dos ER foi transformada e alguns sentimentos de desencanto, desmotivação e insatisfação profissional foram surgindo, porque para além de não existirem em número suficiente na prática clínica para as necessidades da nossa população, as suas competências específicas não têm sido totalmente aproveitadas.

 

A Enfermagem de Reabilitação é uma mais-valia, dadas as necessidades específicas da população nesta área singular de atuação. Será importante e necessária uma maior afetação destes recursos humanos especializados para as áreas específicas e necessidades existentes.

 

LUÍS FREITAS

 

Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação

Fonte: Jornal da Madeira