Portugal passou da 24.ª para a 15.ª posição na Escala de Controlo de Tabaco, uma espécie de ranking que, de três em três anos, mede a implementação das políticas de controlo do tabagismo em 35 países europeus. No topo da lista figuram o Reino Unido, a Irlanda e a Islândia, seguidos da França, da Noruega e da Finlândia, anunciou Luk Joossens, da Associação de Ligas Europeias contra o Cancro, na sessão de abertura da sétima edição da Conferência Europeia de Tabaco e Saúde, esta quinta-feira, no Porto.
“É um resultado positivo [para Portugal], mas há que ter cuidado”, avisou Joossens, perante uma plateia de especialistas de vários países e de várias individualidades, em que se destacavam a rainha de Espanha, Letizia Ortiz, e o Presidente da República português.
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Mas se Portugal subiu nove lugares neste ranking entre 2013 e 2016, a Roménia, por exemplo, conseguiu um progresso mais notável, passando da 19.ª posição em 2013 para a sétima no ano passado. Nos piores lugares da tabela estão a Áustria, a Alemanha e o Luxemburgo, que ainda são muito permissivos e pouco actuantes no combate ao tabagismo.
Falta inspecção ao cumprimento da lei
“São óptimas notícias. Portugal passou a ‘verde’ neste novo ranking, mas é um ´verde´ com cautela e temos que continuar com os nossos esforços para não voltarmos ao ‘vermelho’", comentou o presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro, Vítor Veloso, lamentando que não haja “inspecção” ao cumprimento da legislação de controlo do tabagismo em Portugal.
“É preciso que em Portugal [as pessoas] também se consciencializem que as leis não podem ser só escritas, têm de ser vigiadas”, acrescentou. O médico disse esperar que deste encontro resulte “um esforço conjunto para se conseguir melhorar a actuação em relação às tabaqueiras, que vão sempre à frente da legislação, sempre à frente da prevenção primária, vão sempre à frente dos fumadores”.
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O tabaco é “um problema de saúde prioritário”, reconheceu o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que voltou a anunciar para o segundo semestre deste ano o reforço da Linha de Saúde 24, que passará a dispor de maior capacidade para apoio à cessação tabágica. “Em Portugal cerca de 30 pessoas morrem por dia [devido ao consumo de tabaco]”, recordou o governante, que se confessou preocupado com as desigualdades provocadas pelo tabagismo, porque “são os mais pobres e os mais vulneráveis que apresentam maiores consumos e menos motivação para deixar de fumar”.
As estratégias "sofisticadas" das tabaqueiras
Frisando que é imperativo envolver todos os sectores e a sociedade portuguesa no combate ao tabagismo, Adalberto Campos Fernandes chamou também a atenção para as estratégias da indústria tabaqueira, que são “cada vez mais sofisticadas e difíceis de controlar”.O ministro da Saúde recordou ainda que a Convenção Quadro da Organização Mundial de Saúde para o controlo do tabaco é “um documento de referência orientador”, que "vincula actualmente cerca de 180 partes e não pode ser descurado”.
Na qualidade de presidente honorária da Associação Espanhola contra o Cancro, a rainha de Espanha enfatizou que o tabaco é o único produto “legal à venda” que pode provocar a morte de "até metade" dos seus consumidores regulares. Sublinhando que qualquer quantidade é "nociva" e que "apenas é seguro não fumar", Letizia Ortiz aproveitou para deixar uma série de recomendações. "Não fumar, evitar o álcool e as comidas processadas, e praticar 30 minutos de exercício por dia, previne oito em cada 10 cancros, doenças cardiovasculares e diabetes", frisou.
Fonte: Público