O pediatra madeirense Manuel Pedro Freitas diz que os pais só não dão mais vacinas às suas crianças porque as que são extra plano são caras.

No primeiro semestre de 2016, a taxa de cobertura da vacina contra a hepatite B era quase total, pelo que 1.886 crianças nascidas em 2015, de um total de 1.921, já a tinham tomado.

No primeiro semestre de 2016, cerca de 98% das crianças pertencentes à “coorte” de 2015 estavam vacinadas contra o vírus da hepatite B na Madeira, uma taxa de cobertura que até 30 de junho do ano passado já era quase total, revelou ao JM o Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais (IASAÚDE).  

Embora a avaliação do Plano Regional de Vacinação relativa ao ano de 2016 não se encontre completa - uma vez que as atuais taxas de cobertura correspondem ao primeiro semestre de 2016, podendo, por isso, vir a ser superiores - os dados demonstram que, no que concerne à “coorte” de 2015, 1.886 crianças, de um total de 1.921 existentes, receberam a vacina contra a hepatite B (VHB), por oposição às 35 (1,8%) que não receberam.

Por outro lado, no que diz respeito às vacinas contra a difteria, o tétano e a tosse convulsa acelular (DTPa) e contra a doença invasiva por “Haemophilus influenzae” do serotipo b (Hib), bem como a vacina inativada contra a poliomielite (VIP), 70,5% das crianças nascidas e contabilizadas no mesmo ano já as tinham recebido. Por seu turno, 566 crianças (29,5%) estavam por receber cada uma das três.  

Relativamente ao grupo de crianças nascidas a partir de 1 janeiro de 2014, de um total de 1.706 contabilizadas, quatro delas (0,2%) não tomaram a vacina VHB, 99 (5,8%) não tomaram a vacina DTPa e 101 (5,9%) não tomaram a vacina Hib.  

Quanto às vacinas contra a tuberculose (BCG), contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola (VASPR) e contra a doença invasiva por “neisseria meningitidis” do grupo C (MenC), um número igualmente reduzido de crianças da mesma “coorte” de nascimento estavam por tomá-las (15, 14 e 10 crianças, respetivamente).

Tanto para a “coorte” de 2009 como para a de 2002, a taxa de cobertura das vacinas incluídas no Plano Regional de Vacinação ultrapassava os 95% (o ideal), sendo, na maioria dos casos, praticamente de 100%, o que quer dizer que quase todas as crianças nascidas e contabilizadas naqueles anos receberam as vacinas recomendadas.

Apesar de as escolas verificarem o boletim de vacinas quando as crianças se matriculam, em Portugal, a vacinação não é obrigatória. Ainda assim, o pediatra Manuel Pedro Freitas diz que não encontra pais com dúvidas e que se recusem a vacinar há anos – antes pelo contrário.  

«Na Pediatria, os pais só não dão mais vacinas porque, muitas vezes, as que são extra plano são caras e não têm meios para as comprar, porque se tivessem, davam. Mesmo as pessoas que têm dificuldades financeiras, podem passar fome, mas arranjam sempre dinheiro para as vacinas», esclarece o médico.  

No caso dos pais que têm dúvidas em vacinar os filhos, Manuel Pedro Freitas adianta que as preocupações são «naturais», uma vez que, como todos os medicamentos, a vacina também produz efeitos secundários, mas, destaca, «os benefícios serão sempre superiores».  

«Já exerço Medicina há muitos anos, e aquilo que a minha experiência diz é que a vacina fez com que uma grande parte das doenças graves desaparecessem completamente», argumentou, acrescentando que não conhece pediatras que não aconselhem as vacinas incluídas no Programa Regional de Vacinação - que é, aliás, idêntico ao nacional. 

TREZE CRIANÇAS NÃO FORAM VACINADAS EM 2015 NA REGIÃO

 Em 2015, 13 crianças da Região não tomaram vacinas por vontade dos pais, das quais duas por motivos de saúde, um número que o Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais (IASAÚDE) disse ser «residual». «A implementação do Plano Regional de Vacinação num registo de disponibilidade e proximidade por parte das equipas dos centros de saúde determinam que os pais com dúvidas, que têm como consequência recusas, são um valor residual que, no ano de 2015, ascendeu a 13 crianças, das quais duas em resultado de condições de saúde da própria criança», informou o IASAÚDE. Em Portugal, mesmo não sendo obrigatória, é uma opção para 95% dos pais. No entanto, há uma minoria que escolhe não imunizar os filhos. Analisando os números mais recentes, e atendendo às estimativas da Direção-Geral da Saúde, ficam por vacinar cerca de 4.000 crianças por ano. Em 2015, por exemplo, nasceram 85.500 bebés, o que quer dizer que 4.275 não foram vacinados.

 

Tânia R. Nascimento

Fonte: Jornal da Madeira