Avaliação externa concedeu certificação de nível ‘Bom’ a dez unidades regionais. Objectivo passa por ter toda a rede certificada

É a prova de que os serviços são de qualidade e que os utentes podem nutrir um sentimento de segurança e de confiança.

 

Avaliação externa concedeu certificação de nível ‘Bom’ a dez unidades regionais. Objectivo passa por ter toda a rede certificada

 

É a prova de que os serviços são de qualidade e que os utentes podem nutrir um sentimento de segurança e de confiança. Estas são as ideias-chave da equipa que realiza o acompanhamento dos processos de acreditação do Serviço Regional de Saúde (SESARAM). Rui Alves, Ricardo Silva, Ana Gouveia e Catarina Vieira assumem que a certificação é importante, mas não se trata de um processo estanque. Recentemente, 10 unidades do SESARAM foram acreditadas com o nível Bom por uma auditoria externa.

 

A acreditação é um sistema de melhoria da qualidade do serviço, através da adopção de boas práticas que são determinadas por padrões de um determinado modelo de acreditação. No caso concreto do SESARAM, a avaliação externa decorreu segundo os padrões do ACSA (Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucia), padrões seguidos pela Direcção Geral da Saúde.

 

Os Centros de Saúde da Ribeira Brava, Caniço, Machico e de Santo António, bem como a Unidade de Cuidados Paliativos, Serviço de Anestesiologia, Serviço de Medicina Intensiva, Ginecologia-Obstetrícia, Serviço de Cirurgia Cardiotorácica e Serviço de Patologia Clínica foram aqueles que mereceram acreditação.

 

“Quando estas práticas, em termos globais, cumprem um conjunto de critérios, a entidade com capacidade para emitir uma classificação realiza uma avaliação externa e emite esse mesmo certificado. No caso da Região, as unidades obtiveram o nível Bom”, explica Rui Alves, administrador hospitalar.

 

Tal como explica Catarina Vieira, cada serviço candidata-se a obter determinado grau de certificação, que tal como referido, no caso do SESARAM correspondeu ao grau ‘Bom’. Assim, é realizado o processo de auto-avaliação e de avaliação externa que, deverá ter como consequência a obtenção d acreditação.

 

No entanto, a equipa afirma que este é apenas um primeiro passo e que o objectivo é continuar a trabalhar para aumentar o nível de acreditação. “Este é um processo de melhoria contínua. Não tem fim”, afirma Rui Alves. O administrador hospitalar assume que a prioridade é oferecer bons cuidados de saúde aos pacientes. Numa segunda fase, o propósito é conceder melhores condições de trabalho aos profissionais. Por fim, o terceiro objectivo é aumentar a eficiência dos serviços.

 

Após a conclusão de todo o processo, a acreditação prolonga-se por cinco anos. Todavia, as avaliações continuam a existir por forma a garantir que as unidades continuam a funcionar de acordo com as normas. “Há a possibilidade de passar para critérios de grupo 2 ou 3 para poder chegar ao nível Óptimo e Excelente, os patamares máximos da acreditação”, explica o enfermeiro Ricardo Silva.

 

“Este modelo com uma mais-valia muito grande do ponto de vista da qualidade clínica”, afirma Ricardo Silva, acrescentando que também a qualidade organizacional faz parte destes padrões. O utente é colocado no centro do sistema de forma activa. “Queremos o utente a dar opiniões, a dar sugestões, a participar no plano de cuidados”, diz.

 

A equipa acredita que esta é uma mudança de paradigma, sendo que a informação acaba por ser a chave de toda a relação entre utente e profissionais de saúde. “Além disso, a unidade tem que ser muito clara naquilo que tem para oferecer aos utentes”, afirma o enfermeiro. Ainda neste âmbito, é necessário desenhar as melhores práticas relativas aos processos assistenciais integrados, por forma a que os utentes dispensam o menor tempo possível nestes serviços. “Devemos pensar que quando um utente vai a uma consulta deve poder realizar, de seguida, os exames requeridos pelo seu médico, por exemplo”.

 

Além disso, é crucial que se encontre uma forma de comunicação mais eficaz com outros organismos e instituições. A médica Catarina Vieira, considera que essa é uma vertente que merece um maior enfoque quando falamos de cuidados primários. “Temos como objectivo principal a melhoria dos cuidados de saúde que são prestados”, frisa a médica, acrescentando que deve existir uma “articulação com a comunidade, com os serviços e com os recursos disponíveis, nomeadamente com a Segurnaça Social”.

 

O quadro normativo prevê ainda a manutenção de equipamentos e espaços, algo que, segundo Rui Alves, poderá colocar entraves à acreditação do Hospital dos Marmeleiros, uma vez que o edifício não tem as condições ideais para o seu funcionamento.

 

No fundo, este é um processo que junta sinergias, ou seja, todos os serviços precisam estar ligados, por forma a ser possível aferir possíveis desvios, fazendo com que seja mais fácil a correcção de situações irregulares. “Ao fazer melhorias nas instalações e equipamentos estamos a melhorar todo o SESARAM”, explica Ricardo Silva.

 

As boas práticas não se limitam a estes serviços pois a equipa de coordenação tende a promover o disseminar de informação e de procedimentos. “Foi criado um arquivo online onde estão disponíveis todos os documentos com a informação que está a ser produzida pelos serviços acreditados, mas que está acessível a todos os serviços a nível do SESARAM, quer hospitais, quer centros de saúde”, explicou a enfermeira Ana Gouveia.

 

Assim, uma vez que o Centro de Saúde de Machico está acreditado, esse exemplo pode servir para ser aplicado numa outra unidade de saúde, adaptando-o à realidade local. “O processo de acreditação futura destes serviços será mais facilitado na medida em que, é imperativo do SESARAM, que as boas práticas não se limitem aos serviços acreditados”, explana Ana Gouveia.

 

“É evidente que para ostentar o símbolo de acreditação é necessário candidatar-se a tal”, aborda Rui Alves, mas destaca que apesar de não existir uma distinção oficial, isso não significa que as boas práticas não possam estar já no terreno.

 

Aliás, a motivação e o empenho dos profissionais do Hospital Central do Funchal são destacados por esta equipa. “Não há dúvida que só com o empenho de todos, sem excepção, foi possível conseguir esta acreditação.

 

Novas acreditações

 

A grande meta será, sem dúvida, a acreditação de todos os serviços do SESARAM, sendo que é isso que o SESARAM pretende que aconteça no horizonte de 10 anos. Desde Outubro do ano passado que outras quatro unidades se encontram em processo de auto-avaliação.

 

O Bloco Operatório, Serviço de Cardiologia, Serviço de Sangue e Medicina Transfusional e Serviço de Urgência deverão ser os próximos a obter a acreditação. O processo é longo e exigente para todos os profissionais. Questionado pelo DIÁRIO, Rui Alves acredita que estes serviços ainda não obtiveram este reconhecimento por questões financeiras. Cada um destes processos tem um custo associado de cerca de 5 mil euros.

 

Rui Alves assume que o primeiro plano passava por uma acreditação de todo o Hospital Central do Funchal e de cinco Centros de Saúde, sendo que o custo associado levou a que o processo ficasse repartido em diversas fases.

 

Fonte: Diário de Notícias