Direcção-Geral da Saúde alerta para descida abrupta das temperaturas e apela a cuidados especiais com os idosos e doentes crónicos, para que o frio não "precipite o fim da vida".

 

As temperaturas extremas, onde se inclui tanto o frio como as ondas de calor, matam em média 1500 pessoas por ano em Portugal. Para este Inverno ainda não há cálculos, mas o director-geral da Saúde, Francisco George, garantiu nesta segunda-feira que a actividade gripal já atingiu o seu pico e que não são de esperar valores de mortalidade superiores aos de outros anos. No entanto, perante a grande descida das temperaturas prevista para os próximos dias, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) decidiu marcar uma conferência de imprensa para recomendar cuidados especiais com os mais velhos e os doentes crónicos.

 

Segundo os dados avançados na conferência por Francisco George, neste Inverno cerca de 100 pessoas já foram internadas nos cuidados intensivos devido a complicações relacionadas com a gripe sazonal. Onze delas morreram. Na grande maioria dos casos, sublinha o director-geral da Saúde, as pessoas não tinham sido vacinadas contra a gripe, com George a recordar que a vacina não impede a doença, mas reduz muito os efeitos secundários que o vírus consegue causar.

 

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A subdirectora-geral da saúde, Graça Freitas, também presente na conferência, renovou o apelo à vacinação, garantindo que mesmo em pleno mês de Janeiro a vacina ainda é eficaz. O Serviço Nacional de Saúde comprou 1,2 milhões de vacinas contra a gripe e sobram neste momento cerca de 20 mil doses. Houve ainda quase 800 mil doses que foram colocadas à disposição nas farmácias.

 

Francisco George reiterou que “não quer causar alarme” com as suas declarações e que está tudo controlado, esperando-se que o país já tenha atingido o pico da gripe e que, ao longo das próximas semanas, vá reduzindo progressivamente o número de novos doentes com gripe. Os últimos dados do Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, publicado na quinta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), mostravam precisamente que a actividade gripal era moderada, com tendência estável.

 

Muito frio precipita "o fim da vida"

 

Ainda assim, como as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocam todos os distritos de Portugal sob aviso amarelo, devido ao tempo frio até ao final da semana, com uma descida das temperaturas mínimas na ordem dos quatro a nove graus Celsius, o responsável da DGS insistiu na importância de se apostar na prevenção, sobretudo das infecções respiratórias. “Não estamos perante um cenário especialmente alarmante. A nossa resposta é uma resposta às condições meteorológicas e temos de prevenir”, repetiu George.

 

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O responsável lembrou que as grandes descidas da temperatura “precipitam o fim da vida”, sobretudo nas pessoas com mais de 75 anos, com especial incidência acima dos 85 anos. Os doentes crónicos, como os casos oncológicos, pessoas com diabetes e insuficiência cardíaca, foram alguns dos exemplos referidos pelos especialistas da DGS.

 

Para essas pessoas, o director-geral da Saúde enumerou oito recomendações, que vão desde a necessidade de hidratação, nomeadamente comendo sopas quentes, até ao contacto com a Linha Saúde 24 sempre que surja uma dúvida sobre a situação de saúde. Aquecer as casas, mas prevenindo acidentes, e evitar o consumo excessivo de café e de bebidas alcoólicas foram outras das recomendações deixadas.

 

Romana Borja-Santos

 

Fonte: Público