Desenvolvido ao longo de vários anos, o mostrou haver uma conexão entre a elevada actividade da amígdala cerebelosa e os problemas cardiovasculares.

 

 

Os investigadores pensam ter descoberto uma ligação entre o stress e o risco de doenças cardiovasculares. De acordo com um estudo publicado esta quarta-feira na revista médica The Lancet, as pessoas que registam maior actividade da amígdala cerebelosa, uma área do cérebro relacionada com o stress, podem estar inseridas num grupo de maior risco de sofrerem doenças cardiovasculares. Este estudo poderá ser útil na identificação de novos métodos de tratamento de doenças relacionadas com o stress.

 

Já era sabido que as amígdalas cerebelosas – pertencentes ao sistema límbico – são uma zona mais activa em pessoas que sofram de perturbações como a ansiedade, depressão ou stress pós-traumático. Neste novo estudo, os investigadores identificam um mecanismo biológico possivelmente responsável por estes resultados: as amígdalas ordenam à medula óssea que produza mais glóbulos brancos, que são posteriormente libertados na corrente sanguínea e levam ao desenvolvimento de placas nas artérias, o que provoca a sua inflamação.

 

O estudo propõe que é este processo que aumenta o risco de complicações como os ataques cardíacos, angina de peito, insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais ou doença periférica arterial. Ainda assim, os cientistas salientam que é necessária mais investigação para sustentar a hipótese, uma vez que o estudo foi realizado num universo reduzido de pessoas.

 

O estudo consistiu no acompanhamento de 293 pessoas, às quais foram feitos exames regulares de forma a entender o funcionamento dos seus cérebros, medula óssea, baço e a acompanhar a inflamação das suas artérias. Os pacientes foram acompanhados durante uma média de 3,7 anos, para averiguar se desenvolviam problemas cardiovasculares – o que aconteceu com 22 pessoas.

 

Estes testes mostraram que aqueles que tinham maior actividade da amígdala eram mais propensos a terem doenças cardiovasculares, estando também mais propensos a desenvolverem estes problemas mais cedo do que aqueles com baixa actividade da amígdala. Algumas experiências em animais já tinham anteriormente demonstrado que existe uma ligação entre o stress e a actividade das artérias e da medula óssea mas os cientistas não podiam garantir que estas conclusões também se aplicavam aos seres humanos.

 

 “Este estudo mostra que a redução de stress pode ter benefícios que vão além de um sentimento de bem-estar psicológico”, afirma Ahmed Tawakol, do Hospital Geral do Massachusetts e da Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, e que foi o médico que coordenou o estudo. De acordo com o investigador, o stress crónico junta-se a outros factores de risco como a tensão arterial alta, diabetes e o tabaco.

 

“Este estudo mostra que a redução de stress pode ter benefícios que vão além de um sentimento de bem-estar psicológico”, afirma Ahmed Tawakol, do Hospital Geral do Massachusetts e da Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, e que foi o médico que coordenou o estudo. De acordo com o investigador, o stress crónico junta-se a outros factores de risco como a tensão arterial alta, diabetes e o tabaco.

 

Para Emily Reeve, enfermeira cardíaca na associação de solidariedade Brittish Heart Foundation, “a ligação entre o stress e o risco elevado de desenvolver problemas cardíacos esteve anteriormente associado ao que as pessoas faziam quando se sentiam stressadas: fumar, beber e comer em demasia”. “Explorar a forma como o cérebro lida com o stress e descobrir a razão pela qual aumenta o risco de doença cardíaca vai-nos permitir desenvolver novas formas de lidar com o stress psicológico crónico”, afirma Reeve.

 

Fonte: Público