A noite traz consigo uma nova realidade, onde a música a dança, a imagem, os outfits são diferentes da realidade do dia. As saídas são acompanhadas de amigos, de encontros e reencontros e de expetativas. Os ambientes de diversão estão, desta forma, positivamente conotados e simbolicamente associados à procura do prazer e bem-estar.

 

As saídas à noite estão presentes cada vez mais cedo na vida dos nossos jovens e na dinâmica de cada família. Sair à noite é sinónimo de diversão, descanso, descontração, relaxamento, recarregar de baterias e, também, não raras vezes, de transgressão, de testar os limites.

 

A vida noturna está muita das vezes associada ao consumo de bebidas alcoólicas. A facilidade de acesso, a maior diversidade desta substância e o marketing associado, saliente no surgimento de novas bebidas, nas happy hours, em novas modalidades de consumo, como shots a metro ou os baldes, acarretam novos padrões de consumo e novos riscos para quem arrisca o consumo.

 

Podemos perguntar, mas para sair à noite, tenho de consumir bebidas alcoólicas? Será que só desta forma me poderei divertir e aproveitar tudo o que a noite me oferece? Quem bebe álcool em contextos recreativos noturnos, consome por variadíssimas razões. Beber é algo que muitos dos amigos fazem quando saem juntos, porque têm a perceção que as saídas se tornam mais agradáveis se beberem álcool. Mas podemos ir mais além, consumir bebidas alcoólicas nas saídas à noite também é percecionado, por algumas pessoas, como uma forma de se sentirem confiantes consigo mesmos e de reduzir a sua ansiedade, ou como uma maneira de se animarem quando estão com humor depressivo, e ajudar a sentirem-se mais positivos perante os acontecimentos de vida. Porém, esta perceção e esta exposição voluntária ao risco, pode acarretar graves consequências para a sua saúde.

 

Muito embora haja um sentimento de omnipotência perante os consumos de substâncias psicoativas, por parte dos jovens, havendo a perceção de que se deixarem de ir a festas ou de sair à noite, deixam de consumir, ou que conseguem controlar as quantidades que ingerem, e que tal comportamento não lhes trará nenhuma consequência grave, o certo é que aos fins de semana, altura em que um maior número de pessoas, jovens em particular, sai à noite, chegam aos serviços de urgência casos de intoxicações alcoólicas, a Cruz Vermelha Portuguesa e as várias Corporações de Bombeiros são chamadas não raras vezes aos locais de maior concentração de jovens por indisposições, associadas ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Por seu lado, a Polícia de Segurança Pública tem de atuar em casos de condução sob o efeito de bebidas alcoólicas ou em casos de injúrias e agressões associadas a estes consumos.

 

A questão que se coloca é o que cada um de nós está disposto a arriscar quando sai à noite? Lembre-se que o limiar entre um consumo moderado e um consumo excessivo de bebidas alcoólicas é muito ténue, e varia de pessoa para pessoa. Ao consumir bebidas alcoólicas em excesso está a colocar-se a si e aos outros em risco.

 

Bebiana Ribeiro

Psicóloga, IASAUDE, IP-RAM Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências

 

Fonte: Jornal da Madeira