Dia Mundial da Saúde Mental no Funchal
Os doentes mentais na Madeira precisam de chegar mais cedo à Casa de Saúde para que os tratamentos sejam eficazes.
Dignidade e continuidade de serviço psicossocial foi o lema do Dia Mundial da Saúde Mental. Para celebrar o evento, a Casa de Saúde São de Deus organizou a “2ª Convenção de Comportamentos e Dependências da Madeira”, realizada no Teatro Municipal nos dias 6 e 7.
Eduardo Lemos, diretor, declarou ao JM que o respeito pela dignidade humana nas pessoas portadoras da doença mental motivou essa iniciativa, lamentando que a saúde mental ainda seja considerada como parente pobre da saúde, nomeadamente naquilo que são as afetações dos recursos humanos e financeiros. Acrescenta ainda que “não podemos permitir que isso aconteça porque o cidadão com saúde mental afetada fica comprometido, no seu exercício de dignidade humana, no exercício de participação na comunidade, participação ativa na família e na construção ativa da sociedade”.
Quanto aos trabalhos, afirma que decorreram “de forma excelente”. “Uma Convenção largamente participada, por técnicos da Região, do continente e até do estrangeiro e que trataram temáticas transversais à problemática das dependências das drogas, do álcool, numa perspetiva também muito transversal da clínica da saúde, do social, da espiritualidade, e sobretudo focando também as dificuldades e caminhos a adoptar para o futuro”.
Salienta como “muito interessante” a conferência que falou da forma como os medicamentos podem atuar no indivíduo e curiosamente no homem e na mulher que adoptam caminhos e formas diferentes de atuação e amaneira como os medicamentos também podem contribuir para a felicidade das pessoas. A intervenção da sociedade nas políticas a adotar foi realçada também por Eduardo Lemos, pois não devem ser deixadas só aos políticos.
Quanto ao consumo do álcool, Portugal já esteve no primeiro lugar e hoje estará no quinto ou sexto com um consumo médio anual acima dos 13 litros per capita.Com respeito à Madeira, os 25 doentes alcoólicos em recuperação neste momento na Casa de Saúde representam pouco, pois há muitos doentes alcoólicos que chegam tarde ou nunca, dificultando os resultados.
Acerca dos efeitos negativos do álcool, o diretor salienta os malefícios particulares causados ao fígado e ao cérebro, causando a doença mental, para além de que 50% das perturbações socio-psiquiátricas tenham como origem o consumo excessivo do álcool. A violência doméstica também o tem como causa em alta percentagem. E conclui Eduardo Lemos: “na Madeira, estamos a trabalhar melhor, onde a Secretaria da Saúde iniciou uma nova organização dos serviços, onde também entramos como parceiros, o que também possibilita vectores importantes, como a acessibilidade, a proximidade ao cidadão e a continuidade de cuidados. É essencial apostar na continuidade de cuidados para conseguirmos bons resultados”.
Manuel Gama
Fonte: Jornal da Madeira