Vivemos num país e numa Região onde as tradições e padrões elevados de consumo de álcool são socialmente bem tolerados e aceites com muita naturalidade. Festas sem álcool são praticamente uma miragem.

 

Todos os motivos são razões para consumir: celebrar, esquecer, festejar, porque é fim de semana, porque é Natal, porque é Carnaval…porque, porque, porque.

 

   Não temos nada contra a realização de festas em geral, e festas para aos jovens, em particular, até porque todos nós precisamos de conviver e espairecer. Todos fomos jovens e compreendemos bem o papel importante que têm estes momentos de lazer e diversão.

 

Várias e importantes questões que convém destacar:

 

- a lei do álcool regula a venda e o consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos e alerta os comerciantes para a proibição de venda ou cedência a qualquer título, de bebidas alcoólicas a menores.

 

-porquê que o preço de entrada nestas festas não passa a incluir um sumo ou uma água?

 

-porque não fazer o marketing de preços nas bebidas sem álcool?

 

- não seria importante rever a política de preços das bebidas alcoólicas servidas nestes locais, de modo a não torná-las tão acessíveis?

 

- será que os pais dos jovens menores de idade sabem exatamente o que estes estão a consumir?

 

Trabalhar por noites saudáveis – um imperativo

 

   Cada vez mais a UCAD, Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências, trabalha em rede com vista a encontrar soluções. Trabalha para mudar comportamentos e mentalidades, procurando a criação de ambientes de recreação noturna alegres, seguros, animados e saudáveis.

 

   Esforçamo-nos por dotar os jovens de competências que lhes permitam fazer escolhas bem conscientes e criteriosas. Envolvemos os empresários e as pessoas que trabalham na noite, juntando-os aos nossos projetos.

 

   Desenvolvemos diversas iniciativas de sensibilização, com a participação de jovens voluntários procurando implementar mudanças positivas nos ambientes de diversão noturna.

 

   Acompanhamos as crianças e os jovens ao longo seu ciclo de vida através de projetos e programas preventivos em contexto escolar, recreativo e desportivo.

 

   Contudo, precisamos de mais envolvimento da comunidade. Mais empenhamento dos pais.

 

   É urgente criar um novo ciclo, uma nova consciência social e uma nova cultura à volta do consumo de álcool que seja madura, responsável e racional, que envolva todos e que promova a saúde da população e proteja a saúde dos nossos jovens.

 

IDALINA SAMPAIO

 

Socióloga Unidade de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências IASAÚDE, IP-RAM

In "JM-Madeira"