Vítor Vieira está a trabalhar na impressão em 3D de modelos de órgãos e numa técnica para aperfeiçoar diagnósticos

 

Uma das ideias que está a ser concretizada pelo madeirense, a impressão em 3D de modelos de órgãos, pretende evoluir para a impressão com células humanas.

 

o madeirense Vítor Vieira está atualmente a desenvolver dois projetos na área médica: um de 'software' para criar modelos de órgãos humanos para serem impressos em 3D e uma outra solução informática que pretende aperfeiçoar o diagnóstico de pessoas com um certo tipo de cancro cerebral.

 

Licenciado em Engenharia Eletrotécnica e com um doutoramento na área de robots médicos, o empresário, que vive em Heidelberg, na Alemanha, foi um dos portugueses recentemente premiados no projeto 'Empreender 2020 - Regresso de uma geração preparada'.

 

O trabalho que desenvolve na área de 'software' médico' e dos O têxteis inteligentes foi reconhecido pela Fundação AEP, numa iniciativa que destaca o sucesso de empresários portugueses emigrados.

 

Ao JM, Vítor Vieira adiantou que está a trabalhar em outras ideias, desde o ano passado. Numa primeira, modelos de órgãos humanos para imprimir em 3D, vão “inovar em todo o processo”.

 

O projeto, que começou em novembro de 2017 e está previsto decorrer até 2020, está a ser desenvolvido pela empresa que o madeirense cocrioua Inova DE GmbH -, a Create it Real, e ainda por duas universidades alemãs, a de Heidelberg e a de Tübingen.

 

“A inovação encontra-se em todo o processo, desde o momento em que criamos o modelo 3D no 'sotfware', até ao processo de impressão em si, utilizando silicones diferentes dentro do mesmo órgão e, depois, naturalmente, na sua avaliação médica”, explicou.

 

A solução informática que está a ser criada pretende ultrapassar 'Software' irá gerar o modelo de um órgão humano o mais realista possível. “problemas habituais que têm a ver com a qualidade da impressão e com a dureza dos materiais, que normalmente são plásticos rijos,

 

em vez de silicone, que é o que nós vamos usar, para recriar órgãos que, ao tato, são idênticos aos do paciente”, sublinhou.

 

Assim, o 'software' irá gerar o modelo de um órgão humano, “o mais realista possível”, a partir de imagens do paciente, que depois poderá “ser utilizado pelos estudantes de Medicina desde o primeiro ano do curso, para estudar Anatomia”.

 

Planeamento cirúrgico

 

O nosso entrevistado frisou que outra aplicação será no planeamento cirúrgico. “Os médicos que tenham pacientes com problemas mais complicados podem usar estes modelos de órgãos do próprio doente para ganharem mais confiança sobre o que é que vão fazer e como é que vão operar”, especificou. Sem adiantar muitos mais pormenores, o empreendedor revelou que “a ideia em torno desta impressão em 3D é fazer evoluir esse projeto para fazer 'bioprinting' (impressão 3D com células humanas)”.

 

melhorar diagnósticos

 

Outro projeto em que Vítor Vieira está a trabalhar envolve inteligência artificial, ou 'machine learning', com o intuito de melhorar e acelerar o diagnóstico de pacientes que sofrem de glioblastoma. Este é um dos tipos de cancro cerebral mais agressivos e letais, e que, egra geral, é tratado com cirurgia e radioterapia. Nesse âmbito, o nosso entrevistado realçou que, “na Universidade de Mannheim eles estão agora a fazer testes e estudos clínicos em que, em vez de simplesmente fechar o paciente depois da cirurgia e mandá-lo para casa e, no dia seguinte, fazer radioterapia, eles estão a fazer radioterapia imediatamente no sítio”. “Com este procedimento, eles estão a conseguir taxas de sobrevivência 50% superiores ao habitual”, evidenciou.

 

Assim, o que Vítor Vieira e a sua equipa estão a fazer “é um 'software' que permite ao radiologista, depois deste processo, ao fazer uma nova imagem do cérebro do paciente, detetar se há progressão do tumor ou não”. “E isto é particularmente importante porque, devido à radioterapia, o tecido fica inchado e é extremamente difícil ao olho humano detetar se aquele tecido inchado significa que há um tumor que está novamente a crescer, ou se simplesmente está inchado por causa da radioterapia”, esclareceu.

 

Esta solução informática, que deve estar concluída em 2019, “vai, principalmente, acelerar o diagnóstico e ajudar a filtrar os casos em que os pacientes podem não precisar de quimioterapia”, rematou. JM

 

Sofia Lacerda

 

In “JM-Madeira”