Infarmed já deu autorização ao SESARAM para fazer 256 tratamentos

 

Desde Fevereiro de 2015, altura em que se firmou o acordo para o tratamento da Hepatite C com os dois primeiros medicamentos anti-víricos de acção directa aprovados em Portugal, foram concluídos mais de 12 mil tratamentos no país.

 

 

Na Madeira, de acordo com dados fornecidos pelo Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, nestes três anos, foram autorizados ao Serviço de Saúde da Região (SESARAM) 256 tratamentos, 1,4% do total de autorizações (18.929) no país neste período.

 

Ainda segundo o Infarmed, no SESARAM iniciaram-se 164 tratamentos, somando-se, ao longo destes três anos, 106 tratamentos concluídos.

 

Já relativamente à taxa de cura é de 100%: 57 madeirenses estão já curados da Hepatite C, porque os outros 49 que já concluíram o tratamento ainda não estão em condições de fazerem a teste final. De acordo com as informações fornecidas ao DIÁRIO, a disparidade entre número de doentes curados e doentes com tratamentos concluídos deve-se ao facto das análises à carga viral para determinar a cura ou não, não poderem ser feitas imediatamente após conclusão do tratamento. Mas tudo leva a crer, que todos, ou pelo menos a grande maioria os tratamentos concluídos serão bem sucedidos, à semelhança daqueles que são os resultados de todo o país.

 

Refira-se que em relação aos resultados dos tratamentos, a taxa de cura ao nível nacional mantém-se nos 97%, com 8.870 doentes curados e apenas 305 não curados.

 

73% tratamentos autorizados a doentes do sexo masculino

 

De acordo com dados do Portal da Hepatite C, gerido pelo Infarmed, até 14 de Fevereiro último foram autorizados 18.929 tratamentos em todo o país, a maior parte dos quais a doentes do sexo masculino (73%) e, em média, têm entre 50 (homens) e 55 anos (mulheres).

 

Em comunicado de imprensa, aquela entidade nacional realçou “a redução do número de tratamentos numa fase mais avançada da doença, nomeadamente de cirrose, nos doentes abrangidos. O número de doentes em fase precoce de tratamento está em crescimento, o que claramente beneficia o prognóstico e o aumento da qualidade de vida”, salienta.

 

Sete medicamentos disponíveis no mercado

 

Segundo o Infarmed, actualmente estão disponíveis sete medicamentos de última geração no mercado, incluindo pangenotípicos – indicados para todos os tipos de vírus da Hepatite C. Está ainda aprovado um oitavo medicamento nesta área (também pangenotípico), que aguarda o início de comercialização.

 

A decisão de tratar todas as pessoas infectadas pelo vírus da Hepatite C, faz com que Portugal seja um dos primeiros países europeus, e mesmo a nível mundial, a implementar uma medida estruturante para a eliminação deste grave problema de saúde pública.

 

A avaliação do impacto do Programa Nacional para as Hepatites Virais, em Fevereiro de 2016, demonstrou que esta estratégia permitiu evitar 3.477 mortes prematuras por causas hepáticas, 339 transplantes hepáticos, 1.951 carcinomas hepatocelulares e 5.417 casos de cirrose.

 

Ainda em termos dos ganhos em saúde, avaliados após o primeiro ano desta estratégia, houve um incremento de 7,2 anos/doente na esperança média de vida, (23,9%), levando a uma diferença residual de 1,6 anos (5,3%) para a população geral, e a um ganho de 62.869 anos de vida ganhos comparando com as anteriores opções de tratamento.

 

Já em termos de despesa pública, estes resultados traduzem-se numa redução prevista de 271.4 milhões de euros, uma diferença de quase 31.000 euros por doente.

 

Refira-se ainda que a Organização Mundial de Saúde tem definido enquanto meta para 2030 uma redução de 90% de novas infecções crónicas e de 65% na mortalidade por estas doenças.

 

130 a 150 milhões de infectados no mundo

 

Segundo os dados do portal do Serviço Nacional de Saúde, hepatite é uma inflamação do fígado. Esta inflamação pode desaparecer espontaneamente ou progredir para fibrose (cicatrizes), cirrose ou cancro do fígado. Os vírus da hepatite são a causa mais comum de hepatite no mundo. Pode, também, ser causada por substâncias tóxicas (por exemplo, álcool, certos medicamentos) e doenças autoimunes.

 

A hepatite viral consiste num grupo de doenças infecciosas que compreende as hepatites A, B, C, D e E.

 

A hepatite representa um elevado risco para a saúde global, uma vez que existem cerca de 240 milhões de pessoas com infecções crónicas por hepatite B e cerca de 130-150 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C.

 

As hepatites A e E são geralmente causadas por ingestão de alimentos ou de água contaminados, enquanto que as hepatites B, C e D derivam do contacto com fluidos corporais infectados. A transmissão mais comum destes últimos tipos é através de transfusão de sangue, produtos sanguíneos contaminados e procedimentos médicos invasivos em que se utilizaram equipamentos contaminados. A transmissão da hepatite B pode ocorrer também através do contacto sexual.

 

Embora muitas vezes assintomática ou acompanhada de poucos sintomas, a infecção pode manifestar-se através de icterícia, urina escura, cansaço intenso, náuseas, vómitos e dor abdominal. O vírus da hepatite pode causar infecções agudas e crónicas, como, por exemplo, a inflamação do fígado, que pode levar o paciente a desenvolver cirrose e cancro hepático.

 

Trata-se, geralmente, de uma doença com cura, pelo que se apela ao diagnóstico precoce e consequente tratamento.

 

In “Diário de Notícias”