Ana Lúcia Silva, nutricionista do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa e vice-presidente da Associação Portuguesa de Alergias e Intolerâncias Alimentares (ALIMENTA), explica-lhe.

 

A alergia alimentar é uma resposta adversa do organismo que envolve o sistema imunitário depois da ingestão ou contacto com um determinado alimento. De acordo com a especialista, estes alimentos têm determinadas proteínas, os alergénios, que desencadeiam uma resposta alérgica.

 

Alguns alimentos como cereais, crustáceos, ovos, peixe, amendoins, soja, leite e derivados, frutos de casca rija, aipo, mostarda, sementes de sésamo, entre outros, são exemplos de alimentos prevalentes em alergias alimentares.

 

Ana Lúcia Silva explica que as alergias acontecem de forma continuada ao longo de toda a vida, manifestando-se na pele, ao nível respiratório e cardíaco, por exemplo.

 

Ao contrário das alergias, a intolerância alimentar caracteriza-se pela resposta fisiológica do organismo a um alimento, não envolvendo o sistema imunitário. Pode surgir a qualquer altura da vida e associa-se ao consumo excessivo de um determinado alimento ou a uma patologia que envolva alterações morfológicas ou anatómicas do intestino. Estes casos são mais difíceis de detetar quando comparados com as alergias, uma vez que podem não apresentar reação causa-efeito imediata.

 

 “A investigação nestas áreas tem sido limitada, pelo que a falta de informação científica não permite saber de forma concreta quantas pessoas têm alergias ou intolerâncias alimentares, contudo estima-se que até 10% da população possa apresentar alergias alimentares. Estes dados podem ir até 35% caso as reações adversas aos alimentos sejam auto reportadas (sem confirmação clínica). Relativamente à doença celíaca estima-se que 1% da população mundial apresente esta doença autoimune”, afirma a vice-presidente da ALIMENTA.

 

Apesar da pouca evidência científica, Ana Lúcia Silva garante que cada vez mais pessoas reportam reações adversas a alimentos, principalmente nos países industrializados e em idades pediátricas.

 

Quanto às doenças autoimunes, como o lúpus, doença de crohn, artrite reumatóide ou psoríase, estas caracterizam-se pela resposta imunológica adversa contra as células (tecidos ou órgãos) do próprio organismo, como se se tratasse de um agente agressor. É o caso da doença celíaca, por exemplo, uma doença autoimune caracterizada pela a reação imunológica contra as células do intestino delgado após a ingestão de glúten.

 

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