No ano passado foram colhidos 10 orgãos de 3 dadores. 8 foram usados

 

Em 2017, Portugal registou o maior número de sempre em termos de órgãos colhidos para transplante, mas dos cerca de 1.000 órgãos colhidos, apenas 1%, ou seja, 10 foram provenientes do Serviço de Saúde da Região.

 

Os dados nacionais foram apresentados na última segunda-feira, no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, no âmbito da cerimónia de apresentação dos resultados da actividade de doação e transplantação de órgãos, relativos ao ano transacto [vide texto relacionado].

 

Ao DIÁRIO, a Coordenação Nacional da Transplantação (Instituto Português de Sangue e da Transplantação) revela que, no ano passado, houve três dadores falecidos na Região, sendo que foram colhidos 10 órgãos. Dessa dezena de órgãos, 8 foram transplantados.

 

121 órgãos colhidos na Região desde 2009

 

Desde 2009, 2011 foi o melhor ano em termos dos indicadores em apreço. Os dados da Coordenação Nacional da Transplantação revelam que foram colhidos 28 órgãos de 9 dadores falecidos na Região. Desses 28 órgãos, 23 foram transplantados. Em contraste, nos últimos 9 anos, o pior foi 2012, com apenas 4 órgãos colhidos num único dador falecido.

 

Porém, nesse mesmo ano, a totalidade dos órgãos colhidos, foram transplantados, o que só aconteceu noutros dois anos entre 2009 e 2017: em 2009 (10 órgãos colhidos e transplantados) e 2014 (9 órgãos colhidos e transplantados). Nos restantes anos analisados, as transplantações ficaram sempre abaixo das colheitas.

 

No total, entre 2009 e 2017, registaram-se na Região 38 dadores falecidos, permitindo a colheita de 121 órgãos. Destes, 109 órgãos foram transplantados.

 

Os dados disponíveis no portal do Instituto Português de Sangue e da Transplantação, mostram ainda, no que concerne a colheita de tecidos, que, em 2016, na Região, foram recolhidos 2 tecidos cardíacos e 6 córneas.

 

Todos são potenciais dadores

 

De acordo com a legislação Portuguesa, todos as pessoas são consideradas potenciais dadores, desde que não expressem oposição à dádiva no Registo Nacional de Não Dadores (RENNDA). “No entanto, apesar da nossa vontade de sermos dadores, nem todos poderão ser, uma vez que para tal a morte deverá ocorrer numa Unidade de Cuidados Intensivos de um hospital. É nestas unidades que se podem preservar os órgãos e as provas necessárias para a correcta avaliação de cada potencial dador. É a equipa médica que, depois de realizadas todas as provas necessárias, determina se o falecido pode ser dador e de que órgãos”, informa o portal do Instituto Português de Sangue e da Transplantação.

 

Os órgãos que podem ser doados são os rins, o fígado, o coração, o pâncreas e os pulmões. De um dador de órgãos podem também ser colhidos tecidos osteotendinosos (como osso, tendão e outras estruturas osteotendinosas), córneas, válvulas cardíacas, segmentos vasculares e pele.

 

Tendo em conta a escassez de órgãos para transplante, tenta aproveitar-se o máximo possível de cada dador. Habitualmente é contemplada a possibilidade de doação completa (de todos os órgãos), no entanto, se não quiser doar algum órgão ou tecido, deve expressá-lo no Registo Nacional de Não Dadores (RENNDA). Quando este registo for consultado são referidos quais os órgãos ou tecidos que não podem ser utilizados.

 

Dados Nacionais - Maior número de colheitas de sempre

 

Os mais recentes dados do relatório do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), cuja apresentação, na última segunda-feira, esteve a cargo de Ana França, Coordenadora Nacional da Transplantação, revelam que no ano passado foram colhidos 1.011 órgãos, o maior número registado desde sempre, e realizados 895 transplantes, “tendo-se verificado o aumento da transplantação renal para valores superiores aos dos últimos cinco anos (2012-2016), o transplante pancreático volta a atingir o máximo verificado em 2014 e o maior número de transplantes pulmonares de sempre”.

 

Ao nível dos transplantes realizados em 2017, assinalou-se um aumento de 3,5 % em relação ao ano anterior (864).

 

Também os dadores aumentaram, atingindo os 351 em 2017, mais 14 do que em 2016.

 

“A maioria dos dadores estava em morte cerebral (330), 79 eram dadores vivos, 21 encontravam-se em paragem cardiocirculatória e dez eram dadores sequenciais.

 

A principal causa de morte dos dadores foi clínica (80 %), seguindo-se a traumática (20 %)”, revelaram.

 

Ainda, segundo relatório da Coordenação Nacional da Transplantação sobre a actividade de doação e transplantação de órgãos entre 2012 e 2017, o maior número de dadores é oriundo do sul (137), seguido do norte (110) e do centro (104).

 

Em relação aos órgãos, o aumento foi de 8 % em relação ao ano anterior, registando-se a colheita de 1.011 em 2017. A idade média do dador foi de 53,8 (55,1 em 2016).

 

Em dador vivo, registaram-se 77 doações de rins e duas de fígado.

 

Portugal tem-se posicionado, nos últimos anos, nos primeiros lugares na doação de órgãos, quer na Europa, quer no mundo.

 

“A transplantação de órgãos é um tratamento eficaz na poupança de vidas, sustentado quer a nível da ciência médica, quer a nível da economia da saúde, com benefícios diretos para os doentes, o que contribui para a melhoria das condições de vida em sociedade”, referiam ainda as entidades.

 

In “Diário de Notícias”