No primeiro semestre deste ano, 97 mulheres interromperam voluntariamente a gravidez, mais 13 do que no primeiro semestre de 2015.

No primeiro semestre deste ano, 97 mulheres decidiram voluntariamente interromper a gravidez, mais 13 mulheres do que no período homólogo de 2015, verificando-se, assim, mais15,48%. Este ano, foram realizadas mais interrupções no mês de janeiro, ou seja 20,6%, o que correspondeu a 20 mulheres que decidiram interromper a gravidez voluntariamente.

Segundo os dados provisórios divulgados ao JM pelo Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais (IASAUDE), no primeiro semestre de 2016, a totalidade dos casos de Interrupção Voluntária de Gravidez (IVG) foi por opção própria e não por outras razões, como, por exemplo, doença grave ou malformação congénita do nascituro. 

Dos dados revelados pela vice-presidente do IASAUDE, Ana Clara Silva, em relação ao perfil das mulheres que recorreram à IVG, a média tem idades compreendidas entre os 30 e os 39 anos, com 40,2%, o que corresponde a 39 mulheres. 9,3 por cento foram interrupções de gravidez por menores até aos 17 anos, com nove situações. Dos 18 aos 19 anos, foram oito, dos 20 aos 29 anos foram 30, dos 40 aos 49 anos dez, havendo ainda um registo cuja idade não estava identificada.

Saliente-se que acederam ao serviço, para realização da interrupção por iniciativa própria 60,8% das mulheres, equivalendo a 59 pessoas, sendo que 19 mulheres foram por encaminhamento de Clínica/Médico Privado, 17 do centro de saúde e duas do hospital público. 

A maioria das mulheres que abortaram voluntariamente reside no Funchal, ou seja, 47,4% ou 46 mulheres. De Santa Cruz, foram 22 grávidas que interromperam a gestação, 13 de Câmara de Lobos, seis da Ribeira Brava, quatro do Porto Santo, duas de Machico, duas de Santana, umada Calheta e uma de São Vicente. 

O nível de instrução concluído, mais frequente, é o Ensino Básico- 3.º Ciclo (35,1,0% correspondente a 34 mulheres). Nesta caracterização, aponte-se que 28 mulheres que procederam à IVG têm o ensino secundário e 17 o ensino superior. 

A maior parte é solteira, com 59 mulheres, correspondendo a 60,8%. Houve 18 casadas, 14 divorciadas, cinco não identificado o estado civil e uma viúva. A situação laboral da mulher que pratica IVG, na generalidade, é trabalhadora não qualificada (29,9% correspondendo a 29 mulheres). Aqui, aponte-se ainda que 19 mulheres que interromperam a gravidez por opção própria eram estudantes e 16 estavam desempregadas. A situação laboral do companheiro, na globalidade, é também de trabalhador não qualificado (27,8%ou 27 casos). 

A maioria das mulheres que recorreram à IVG não tem filhos (42,3%, ou 41 mulheres) e 78,4% interrompeu a gravidez pela primeira vez. 16 mulheres  já tinham recorrido à IVG uma vez e três tinham duas vezes antes. 

Na generalidade, o tempo de gestação, aquando da intervenção, está entre as 4-8 semanas (87,6% ou 85 casos) e o tempo de espera para a consulta prévia à intervenção, na maioria é de zero a três dias (21,4%). No último ano, a maioria não esteve numa consulta para utilização ou controlo de métodos contracetivos (71,1%). Entre as que estiveram em consulta, a maioria (78,6%) utilizou a consulta do público -centro de saúde. O método contracetivo mais prescrito após a IVG é o hormonal oral ou injetável (34,0%). Quanto ao procedimento de IVG, o mais utilizado é o medicamentoso (97,9%). 

AO NÍVEL NACIONAL HOUVE15.873 IVG EM 2015 

Ao nível nacional e em relação ao total dos 12 meses de 2015, as interrupções voluntárias da gravidez diminuíram 1,9% face a 2014. Segundo dados recentemente divulgados pela Direção Geral de Saúde ao Jornal de Notícias, em 2015, foram feitas 15.873 interrupções voluntárias de gravidez. Trata-se do número mais baixo desde 2008, primeiro ano completo em que entrou em vigor a lei que despenalizou o aborto por opção até às dez semanas de gravidez. 

Em relação a 2015, o relatório da DGS mostra que metade das mulheres que abortaram por opção referiram ter um ou dois filhos, sendo que 42,3% ainda não era mãe, dados semelhantes aos verificados em anos anteriores. Quanto a interrupções de gravidez anteriores, 70% das mulheres que decidiram abortar em2015 nunca tinha realizado qualquer outro aborto.

Paula Abreu 

Fonte: Jornal da Madeira