Direção-Geral da Saúde quer controlo uniformizado do excesso de peso

Qualquer pessoa que, por qualquer motivo, recorra a uma consulta num centro de saúde deverá ser pesada e medida. Mesmo que entre com uma gripe. Se for detetado excesso de peso, será marcada uma outra consulta para avaliação e monitorização do problema.

 

Direção-Geral da Saúde quer controlo uniformizado do excesso de peso 

Qualquer pessoa que, por qualquer motivo, recorra a uma consulta num centro de saúde deverá ser pesada e medida. Mesmo que entre com uma gripe. Se for detetado excesso de peso, será marcada uma outra consulta para avaliação e monitorização do problema. Este é um dos objetivos do Plano Assistencial Integrado (PAI) para a Pré-Obesidade, um modelo de intervenção da Direção-Geral da Saúde, que se encontra em fase de finalização. O objetivo é que haja um controlo uniformizado do excesso de peso nos cuidados de saúde primários do Serviço Nacional de Saúde e, posteriormente, nos hospitais. A adesão dos centros de saúde é voluntária. 

"Estamos a criar um Plano Integrado para a Pré-Obesidade que vai permitir uniformizar a intervenção nos vários serviços do SNS. Quando a pessoa entra numa unidade de cuidados de saúde primários para uma primeira consulta vai ser pesada e medida, depois esse controlo prossegue na segunda consulta, e assim sucessivamente", adiantou, em declarações ao DN, Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Alimentação Saudável, da DGS. "Esta será uma forma de ter, pela primeira vez, uma monitorização do tratamento da obesidade em Portugal". 

Se a pré-obesidade não for combatida, diz Pedro Graça, tende a "estabilizar e progredir". Por ser um estado muito inicial, "por vezes é negligenciada pelos profissionais de saúde". E é contra isso que este plano quer lutar. A ideia é que "ao longo do SNS, sempre que aparece um paciente com características de pré-obesidade, seja visto de forma idêntica" em todas as unidades de saúde, uma vez que, atualmente, "não há uma intervenção padronizada". 

Da regularidade das consultas ao material que é distribuído, tudo será idêntico nos centros de saúde que aderirem ao PAI. "Isto permite-nos ter uma radiografia quase diária de como é que o problema se está a desenvolver no País." 

Quando for diagnosticada pré-obesidade a um paciente, este será encaminhado para uma consulta específica que, se não for possível na hora, será marcada num prazo previamente estabelecido. Reconhecendo a escassez de profissionais nos cuidados de saúde primários, Pedro Graça explica que o plano será testado nas unidades que tiverem profissionais em número suficiente. Serão uma espécie de "laboratório vivo". 

Em Portugal, dados divulgados pela Direção Geral de Saúde em 2015 revelaram que mais de 35% das crianças com idades entre os seis e os oito anos possuíam uma corpulência excessiva, isto é, um índice de massa corporal elevado para a idade e sexo, e que mais de 14% das crianças tinham obesidade. Esses dados revelam ainda que, na população entre os 10 e os 18 anos, a prevalência de excesso de peso é superior a 30% e a da obesidade ronda os 8%. 

Carlos Oliveira, presidente da Adexo (Associação de doentes obesos e ex-obesos de Portugal), não acredita no plano de controlar o excesso de peso. "Os meios que existem ao dispor para controlar o excesso de peso são a alteração dos hábitos alimentares e o exercício físico. E o grande problema é garantir que as pessoas com peso a mais vão a essas consultas", explica. "Quem está preocupado é quem tem obesidade e é no tratamento dos obesos que o Ministério da Saúde devia apostar", comentou Carlos Oliveira (ver texto principal). 

Intervir da escola às empresas 

Para melhorar o estado nutricional dos portugueses, a Direção-Geral da Saúde lançou, em 2012, o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, que, lê-se no site, tem como estratégia "a modificação da oferta de determinados alimentos (com elevado teor de açúcar, sal e gordura), controlando o seu fornecimento e vendas nos estabelecimentos de ensino, de saúde, nas instituições que prestam apoio social e nos locais de trabalho e incentivando a maior disponibilidade de outros alimentos como a água, frutos ou hortícolas frescos". Através do programa FOOD, por exemplo, iniciativa lançada pelo Grupo Edenred na Europa, procura promover hábitos saudáveis nos locais de trabalho. 

 Além dos projetos na área da saúde, as escolas e associações em fins lucrativos também lutam para promover uma alimentação saudável. Pedro Graça destaca, ainda, a intervenção do poder local. Grandes autarquias do País, como Porto e Lisboa, estão a integrar nutricionistas nos seus quadros."

 

Fonte: Diário de Notícias de Lisboa