Associação ‘vencer autismo’ alerta para falta de apoios a crianças autistas

Há 202 casos de autismo registados na Madeira, garante Susana Silva, presidente da associação ‘Vencer Autismo’, uma associação do continente que ontem esteve no auditório da Escola Secundária Jaime Moniz para tentar desmistificar a perturbação e consciencializar as pessoas.

São pelo menos 202 crianças porque Susana admite que pode haver casos que não são públicos, isto porque ainda há pais que escondem a perturbação dos filhos pois “socialmente, uma criança com autismo não é bem aceite”, acredita. “É uma criança que não tem aptidões sociais, que muitas vezes os pais têm vergonha quando saem à rua com as crianças”, refere a presidente. 

Para estas crianças são necessárias muitas horas por dia de terapia para as ajudar. Contudo, os apoios são “quase nulos” e esse é outro motivo pelo qual a ‘Vencer Autismo’ já falou para 14 mil pessoas este ano, ao longo do país. “É uma das principais preocupações da ‘Vencer Autismo’. É fazer com que o Estado perceba que temos aqui um problema de saúde pública e que todas estas crianças vão ser adultos e se não forem agora apoiados e intervencionados, vão ser adultos dependentes de instituições e de alguém que tome conta deles. Portanto é muito importante o trabalho todo que tem de ser feito desde o início”, sublinha. 

Para além da falta de apoios, há também poucos terapeutas e profissionais especializados no autismo, mas Susana refere que a associação tem visto um crescente interesse de terapeutas e profissionais de escolas que querem saber mais porque cada vez mais têm crianças autistas. “Infelizmente cada vez vemos mais casos a aparecer. Também cada vez mais há conhecimento e as pessoas estão mais preparadas, pelo que temos verificado.” 

Na conferência falou-se do programa ‘The Son-Rise’, um método de intervenção para crianças com o espectro do autismo. 

No fundo, é uma intervenção domiciliar em que os pais são os principais coordenadores do programa dos seus filhos. “É feito de um para um, normalmente no quarto da criança e os pais têm toda a formação necessária para fazer a intervenção directamente com os seus filhos”, explica. 

E porquê os pais? “Porque são os pais que melhor conhecem os seus filhos, sabem quando ficam ansiosos e são quem passa a maior parte do tempo em casa com eles. Para nós é fundamental que haja esta ligação em que os pais saibam quando estão com os filhos como é que podem intervir com eles e fazer depois a coordenação com professores, terapeutas e tudo mais”, rematou.

Patrícia Gouveia

 

Fonte: Diário de Notícias