É o dobro do tempo da demora no caso da população de homens que faz sexo com homens. O tempo de diagnóstico nas mulheres heterossexuais também é elevado.

 

Os dados foram divulgados pela Direção-geral de Saúde, que avisa que o VIH/sida não é uma doença específica de um grupo, mas é antes uma infeção que pode afetar toda a população.

 

Os números oficiais mais recentes, relativos a 2017, indicam que os homens heterossexuais demoraram em média 5,4 anos a ter um diagnóstico de VIH após o momento da infeção, quando esse tempo é de 2,5 anos no caso dos homens que têm sexo com homens. O tempo de diagnóstico nas mulheres heterossexuais situa-se nos 3,9 anos.

 

A diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH/sida, Isabel Aldir, explica que as mulheres vão com maior frequência aos cuidados de saúde ao longo da sua vida, daí que o tempo seja menor do que no caso dos homens heterossexuais.

 

Para a demora no diagnóstico pode contribuir o facto de as pessoas não identificarem que tiveram situações ou comportamentos de risco.

 

 “Mesmo 36 anos depois [do início da doença], continuamos ainda a ver a infeção VIH como não nos dizendo respeito. De uma vez por todas, devíamos ter a noção que esta, como qualquer outra doença, atinge a população de forma generalizada. Não é uma doença específica de um grupo. Todos nós devíamos pelo menos uma vez na vida fazer o teste”, afirmou Isabel Aldir em declarações à agência Lusa.

 

A responsável frisa que a infeção por VIH está associada a comportamentos de risco, mas esses comportamentos podem abranger toda a sociedade e não um grupo específico.

 

Isabel Aldir reconhece que as autoridades têm de fazer “um trabalho extra” no sentido de encurtar o tempo de diagnóstico, sobretudo na população heterossexual masculina, mas sem deixar de fazer o trabalho que tem sido feito até aqui e que permitiu a Portugal alcançar já as metas da ONU relativamente ao controlo da infeção.

 

Desde o início da doença, em meados da década de 1980, e até 2018, Portugal registou mais de 59 mil casos de VIH/sida, sendo que quase 15 mil doentes acabaram por morrer.

 

No ano passado, dos 884 casos notificados da infeção, quase 150 eram já casos de sida, revelando um estadio avançado.

 

Dra. Isabel Aldir

 

In “Saúde Online”