Crianças que ingerem mais alimentos durante a tarde e depois do jantar correm o risco de se tornarem mais facilmente obesas ou terem excesso de peso, indica um estudo.

Um estudo, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, recentemente publicado na revista ‘Journal of Biological Rhythms’, avaliou os hábitos alimentares de 1961 crianças da coorte Geração XXI (projeto iniciado em 2005, que acompanha o crescimento e desenvolvimento de mais de oito mil crianças da cidade do Porto) entre a idade pré-escolar, aos 4 anos, e a idade escolar, aos 7.

Em entrevista à agência Lusa, Sofia Vilela, investigadora responsável pelo estudo, explicou que foi através da avaliação dos padrões de consumo energéticos (hidratos de carbono e proteínas) das crianças aos 4 anos, que a equipa de investigadores conseguiu padronizar “o desenvolvimento do excesso de peso ou obesidade” aos 7 anos.

 “Utilizando informação de diários alimentares de três dias, obtivemos padrões de distribuição de ingestão alimentar quando as crianças tinham 4 anos e associamos esses padrões com o seu Índice de Massa Corporal (IMC) 3 anos depois, quando completaram 7 anos”, referiu.

Com o objetivo de “alertar” para determinados comportamentos alimentares e não “quantificar” os padrões seguidos pelas crianças, o estudo permitiu “ver a ligação entre dois comportamentos alimentares e o excesso de peso ou obesidade”.

 “As crianças que têm um padrão alimentar, caracterizado por saltarem o pequeno-almoço, terem o almoço mais tarde e comerem depois do jantar, estão em maior risco de desenvolverem excesso de peso ou obesidade”, frisou.

Segundo Sofia Vilela, para que o peso das crianças seja “saudável” é necessária “uma maior distribuição energética” ao pequeno-almoço, almoço e jantar e uma “menor ingestão” de alimentos a meio da manhã e a meio da tarde.

 “Começar o dia com um pequeno-almoço equilibrado parece ser uma boa estratégia para conseguir um bom nível de saciedade ao longo do dia e controlar a ingestão alimentar. É fundamental ter um padrão regular e não saltar refeições. Tendo em conta os resultados deste estudo e de outros prévios, a ceia poderá ser uma refeição dispensável nestas crianças”, apontou.

À Lusa, a investigadora adiantou que, apesar do contributo do estudo para a compreensão do ritmo circadiano no consumo alimentar e desenvolvimento de excesso de peso em crianças, é necessário “replicar os resultados noutras faixas etárias e noutras populações”.

In “Saúde Online”