Nos últimos anos o número de voluntários tem vindo a crescer na Madeira, provavelmente associado a diversas tragédias e ao sentimento de impotência que leva as pessoas a querer ajudar quem mais precisa. Segundo alguns estudos, os voluntários são habitualmente do sexo feminino, casados, com ocupação profissional e ao contrário do que seria de presumir, pessoas com pouco tempo livre, mas com vontade de prescindir de algumas horas em prol do bem-estar dos outros.

 No entanto, os ganhos não ficam apenas do lado de quem é ajudado, quem ajuda também tem benefícios acentuados, a começar com a promoção da saúde e um aumento do bem-estar pessoal. No último Relatório Mundial sobre a Felicidade da ONU, verificamos que embora a receita da felicidade esteja no equilíbrio de muitas variáveis, Portugal subiu 11 lugares no ranking de países, devido ao aumento de participações de solidariedade e de voluntariado, passando a ocupar a 66ª posição, entre 156 países.

Para além destas contrapartidas, são inúmeras as referencias ao desenvolvimento das competências pessoais e sociais como sejam a comunicação, o relacionamento interpessoal, o trabalho em equipa, a tomada de decisão, a gestão de tempo, a flexibilidade ou a criatividades, entre outras. É ainda, uma forma eficaz de ultrapassar a timidez e combater a solidão, atualmente um dos fatores de risco mais elevado para a saúde dos indivíduos.

Apesar da lista de vantagens ser extensa, o voluntariado em todas as regiões tem falhado em convencer quem teria mais a beneficiar com estas experiências, os jovens. Nas suas fases de desenvolvimento para a vida adulta, procuram através dos pais ou por sua iniciativa, integrar atividades extracurriculares, ligados ao desporto, à música ou a aprender outras línguas, como forma de desenvolver competências extra, esquecem-se ou não têm conhecimento, que o voluntariado é das soluções mais eficazes e mais valorizada pelas empresas na altura de contratar novos funcionários.

Mas ainda há jovens disponíveis para voluntariado. Um bom exemplo é o projeto #Vibes4U No Drugs, promovido pelo IASAUDE, IP-RAM, através da UCAD, em parceria com diversas entidades, que tem vindo a formar jovens voluntários, estudantes do curso superior de enfermagem, para intervirem em contextos recreativos noturnos, nomeadamente no Festival NOS Summer Opening, nas festas académicas da UMa e nos principais arraiais da Madeira e Porto Santo.

Este projeto iniciado em 2015, com um pequeno grupo de estudantes da Escola Superior de Enfermagem São José Cluny, já formou 155 jovens e prepara-se para acolher outros 22 alunos de enfermagem da Escola Superior de Saúde da Universidade da Madeira. Com o objetivo de prevenir o consumo e o abuso do álcool e outras drogas, bem como as problemáticas associadas, são os próprios jovens que abordam outros jovens, utilizando a metodologia da educação pelos pares, aumentando a credibilidade e a aceitação da informação e influenciando positivamente a saúde dos envolvidos.

Por tudo isto, há que louvar o trabalho dos voluntários, que nos diferentes contextos, dispõem generosamente do seu tempo livre a promover iniciativas em prol do próximo e da nossa comunidade.

A todos os voluntários o nosso obrigado e que continuem o excelente trabalho.

SÉRGIO CUNHA

Psicólogo

In “JM-Madeira”