Insuficiência cardíaca

Entre março e abril, vai estar a decorrer nas Farmácias Holon a campanha “Escute o Seu Coração”. O SaúdeOnline esteve à conversa com a cardiologista Maria José Rebocho para saber mais sobre esta iniciativa e sobre o trabalho da primeira associação portuguesa ligada a esta patologia.

 

Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca lança campanha de sensibilização para os sintomas

 

Com o objetivo de alertar para os sintomas e para a importância do diagnóstico precoce da insuficiência cardíaca, a Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC) lançou a campanha “Escute o Seu Coração” no dia 10 de março, em parceria com as Farmácias Holon.

 

 “Nós temos a noção de que as pessoas não têm muito conhecimento sobre o que significa a insuficiência cardíaca e sobre as causas mais importantes. Portanto, isto faz com que nós tenhamos ideias para estas campanhas de forma a alertar a população, principalmente para a diminuição dos fatores de risco, nomeadamente a obesidade, a diabetes e a hipertensão arterial”, esclarece Maria José Rebocho, cardiologista e membro do conselho científico da AADIC, relativamente ao objetivo desta iniciativa.

 

A escolha de realizar a campanha em colaboração com as farmácias deve-se à proximidade que têm com a população. “Sabemos que o doente vai muitas vezes à farmácia medir a sua hipertensão arterial e comprar os medicamentos, portanto, se o farmacêutico lhe chamar à atenção para a correção desses fatores de risco (…) isso torna-se num importante alerta para evitar a grande incidência que existe para a insuficiência cardíaca ou diminuí-la mesmo que não se consiga evitar”, explica.

 

A AADIC, criada em maio de 2017, é a primeira associação portuguesa de apoio à insuficiência cardíaca. A sua missão passa por esclarecer a população sobre os sintomas e fatores de risco desta patologia, como forma de trabalhar na prevenção e promover o diagnóstico precoce.

 

Contudo, nos últimos meses, os objetivos da AADIC têm ido mais além do que informar e educar a população. Alguns elementos da associação têm sido recebidos por grupos parlamentares com o objetivo de debater a melhoria das condições de acesso e tratamento da insuficiência cardíaca. Em causa está a necessidade comparticipar uma análise que ajuda no diagnóstico e equiparar o doente com insuficiência cardíaca a doentes com insuficiência renal ou diabetes, no âmbito dos direitos e mais valias no SNS.

 

Em comparação a outras patologias cardiovasculares, como o Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) por exemplo, a insuficiência cardíaca é ainda muito subvalorizada em vários aspetos.  A cardiologista Maria José Rebocho alertou para a falta de registos sobre esta doença, sobretudo quando questionada sobre os números da mortalidade e da incidência. “Quando falamos em cerca de 400 mil portugueses com insuficiência cardíaca, é a partir de um número –  que é 4% da população – que foi encontrado noutros países da Europa. Nós estamos a inferir, portanto não há registos completos”. O que não acontece no caso do EAM, onde é possível consultar dados sobre esta condição. “Nós temos que ter registos! A insuficiência cardíaca terá que ter um esforço enorme para perceber o peso que vai ter na saúde”, reforça.

 

A insuficiência cardíaca caracteriza-se pela incapacidade do coração de bombear o sangue na quantidade suficiente para as necessidades do organismo. É uma condição que pode resultar de outras doenças ou que está associada à idade. O cansaço, o inchaço nas pernas, a tosse ou pieiras, a faltar de ar, a perda de apetite e as tonturas são os principais sintomas desta patologia.

 

Com esta campanha, que termina a 30 de abril, Maria José Rebocho espera “chamar à atenção para os sintomas, para irem ao médico e, depois para diminuir os fatores de risco: a diabetes, hipertensão, diminuir o peso e o tabagismo. E uma outra coisa muito importante é a adesão à terapêutica. Não basta ir ao médico encontrar os medicamentos, é preciso tomá-los dentro da hora prescrita e diariamente”, sublinha.

 

SO/Mónica Silva

 

In “Saúde Online”