Resumo

O surgimento e consequente consumo de NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (NSP) tem tido uma tendência crescente a nível europeu e mundial, sendo atualmente a compreensão do fenómeno e a atuação sobre ele uma das grandes preocupações quer dos governos, quer das instâncias internacionais responsáveis pelo acompanhamento e regulação da atuação na problemática das drogas na vertente da Redução da Procura e da Redução da Oferta, designadamente o European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (OEDT) e o United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC).
 
Entende-se por "Novas Substâncias Psicoativas" um novo estupefaciente ou um novo psicotrópico, puro ou numa preparação, que não seja controlado pela Convenção Única das Nações Unidas de 1961 sobre os estupefacientes, nem pela Convenção das Nações Unidas de 1971 sobre substâncias psicotrópicas, mas que possa constituir uma ameaça para a saúde pública comparável à das substâncias enumeradas nessas convenções (decisão nº 2005/387/JAI, de 10 de maio de 2005) Decreto-Lei n.º 54/2013 de 17 de abril).
 
O termo "novo" não se refere unicamente a substâncias recém-inventadas ou recém-sintetizadas, mas também às recentemente disponíveis no mercado ou às que são usadas de forma imprópria (onde se incluem os fármacos psicoativos). De uma forma geral, as Novas Substâncias Psicoativas atualmente sintetizadas, são criadas para imitar os efeitos das existentes naturais ou sintéticas já controladas no âmbito das leis e lista das referidas convenções. Outras são quimicamente semelhantes às substâncias psicoativas controladas, mas ao mesmo tempo suficientemente diferentes em termos da sua estrutura molecular para não serem incluídas nas referidas listas. Tem-se verificado que à medida que o controlo é exercido sobre as Novas Substâncias Psicoativas, são criadas variantes das mesmas.
 
São comumente usados conceitos e designações diferentes no que se refere às substâncias que podem ser incluídas no grupo das "drogas emergentes" novas ou já conhecidas, lícitas ou ilícitas, designadamente: 
  • Legal Highs
  • “Herbal Highs”
  • “Research Chemicals” (substâncias químicas de investigação)
  • “Party Pills” (drogas recreativas)
  • “Designer Drugs” (Drogas Laboratoriais ou de síntese).
Dado este fenómeno ser emergente e muito dinâmico a informação sobre os efeitos e danos que estas substâncias podem causar aos consumidores é limitada. 


ENQUADRAMENTO LEGAL DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
 
O Conselho da Europa nos finais dos anos 90 cria uma Joint Action (1997) para se debruçar sobre as substâncias psicoativas que não se enquadravam dentro das regras definidas pelas convenções internacionais sobre drogas. A partir da Decisão n.º 2005/387/JAI, de 10 de maio de 2005, é ampliado o âmbito da referida Joint Action e definido o conceito de Novas Substâncias Psicoativas, assim com é definido o intercâmbio de informações, avaliação de riscos e controlo das Novas Substâncias Psicoativas por instâncias Europeias, designadamente através do European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (EMCDDA) e do Conselho da Europa e a European Union’s law enforcement agency (EUROPOL). Nesta fase, é ainda criado o Mecanismo de Alerta Rápido (Early-Warning System - EWS) – um sistema europeu para a sinalização permanente e para a investigação sobre o surgimento de Novas Substâncias Psicoativas. Este dispositivo, no qual Portugal se encontra representado através do SICAD, possibilita o intercâmbio rápido de informação sobre Novas Substâncias Psicoativas entre os Estados-Membros, prevê uma avaliação dos riscos associados ao seu consumo e permite que as medidas aplicáveis ao controlo de estupefacientes e substâncias psicotrópicas sejam também aplicáveis a estas novas substâncias. Em termos práticos, quando é detetada uma nova substância psicoativa no mercado europeu os vários Estados-Membros asseguram a transmissão de informações sobre o fabrico, o tráfico e o consumo dessa substância ao EMCDDA e à Europol através dos pontos focais nacionais da Rede Europeia de Informação sobre Droga e Toxicodependência (REITOX) e das Unidades Nacionais da Europol. A função-chave deste sistema é, portanto, assegurar a recolha e  análise de informação rápida, relevante e fiável sobre as Novas Substâncias Psicoativas, bem como sustentar a tomada de iniciativas para sujeitar as mesmas a medidas de controlo.
 
De acordo com o relatório European Union Drug Markets, o Sistema de Alerta para as substâncias psicoativas detetou 73 novas substâncias psicoativas em 2012; 49 substâncias em 2011; 41 substâncias em 2010 e 24 substâncias novas em 2009. O que demostra que de 2009 a 2012 foram notificadas 236 novas substâncias, sendo que cerca de 185 foram-no desde 2009. No mesmo sentido, identificou desde 2010 um crescente do número de lojas na Internet que vendem Novas Substâncias Psicoativas, tendo sido apurada a existência online de 693 lojas em janeiro de 2012.
 
Em Portugal foram tomadas, em 2012, novas medidas relativamente à expansão do fenómeno das Novas Substâncias Psicoativas, tendo sido alterado pela décima nona vez, através da Lei n.º 13/2012 de 26 de março, o Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, que aprova o regime jurídico aplicável ao tráfico e consumo de estupefacientes e substâncias psicotrópicas, onde se incluiu, entre outras, a metilmetcatinona (mefedrona) na lista de substâncias controladas.
 
SITUAÇÃO REGIONAL RELATIVAMENTE ÀS NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
 
Paralelamente, por se ter verificado na Região Autónoma da Madeira (RAM) uma dimensão expressiva do fenómeno de comercialização e consumo das Novas Substâncias Psicoativas, é publicada na RAM a primeira legislação que aprova normas para a proteção dos cidadãos e para a redução da oferta de “drogas legais”, o que levou ao encerramento das 6 lojas existentes no arquipélago (Decreto Legislativo Regional n.º 28/2012/M de 25 de outubro).
 

Em 2008 verificou-se a abertura da primeira smartshop no Funchal, cerca de um ano após a abertura da primeira loja a nível nacional, em Aveiro. O Serviço de Prevenção da Toxicodependência, (atual Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências – UCAD), no âmbito das suas competências, começa a acompanhar o fenómeno das Novas Substâncias Psicoativas na RAM, conhecidas nesta altura por “Drogas Legais”.

Em 2010, a UCAD começou a receber diversas denúncias e pedidos de apoio por parte de encarregados de educação e professores de diferentes escolas da RAM, associados ao consumo  das “drogas legais”, fruto de uma legislação ineficaz e que não se coadunava com a realidade que se vivia na Região.

A UCAD, no que respeita à redução da procura, realizou diversas atividades no sentido de sensibilizar a população em geral e os jovens em particular, sobre o risco do consumo destas novas substâncias psicoativas, sendo que em 2011, o fenómeno emergente das denominadas “drogas legais”, tornou-se visível na comunicação social, bem como o aumento do nível da perceção do seu consumo pelos alunos do Ensino Básico do 3º Ciclo e Secundário da RAM.

 

Em maio de 2013, criou-se um Grupo Intersetorial coordenado pelo Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais, através da UCAD, para avaliar a situação e procurar soluções na sequência das notícias acerca do consumo crescente das “novas drogas” e da necessidade de encontrar estratégias de combate ao problema existente.

 Este grupo englobou diversas entidades a nível regional nomeadamente: o Ministério Público, a Polícia Judiciária do Funchal, a Alfandega do Funchal, a Polícia de Segurança Pública, o Serviço de Saúde da RAM E.P.E. (SESARAM), através do Serviço de Psiquiatria e da Unidade de Tratamento da Toxicodependência, a Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência, a Inspeção Regional das Atividades Económicas, o Serviço da Defesa do Consumidor, a Associação de Consumidores da RAM.

Impôs-se uma adequada articulação com todas as entidades com competências nesta área de intervenção para, em conjunto, delinearem uma estratégia com o objetivo de minorar e evitar a propagação da problemática, dado que nessa altura já existiam 6 smartshops em funcionamento na Região Autónoma da Madeira.

Através deste Grupo Intersectorial, nomeadamente através da UCAD, promoveu-se a articulação com as entidades europeias competentes nomeadamente o Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência (OEDT) na pessoa do seu subdiretor, o Dr. Gonçalo Felgueiras, e com o toxicologista Prof. Dr. Félix Carvalho, Diretor do Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, foi possível redigir a proposta de alteração à lei, consequentemente, apresentada pelo grupo parlamentar do PSD - Madeira à Assembleia Legislativa Regional.

O fenómeno das “novas drogas” desencadeou centenas de admissões no Serviço de Urgência do Hospital Dr. Nélio Mendonça, 24% das quais com internamentos compulsivos. Os indivíduos admitidos apresentavam frequentemente Episódios de Psicose Induzidos por Substâncias Psicoativas necessitando, dessa forma, de cuidados psiquiátricos.

O problema tornou-se cada vez mais visível, com destaque nos meios de comunicação social regionais. Receava-se que o número de situações pudesse aumentar e, consequentemente, acarretar consequências nefastas para a saúde dos consumidores e suas famílias.

A UCAD desenvolveu estratégias de sensibilização e informação dirigidas à comunidade regional, de modo a muni-la de instrumentos eficientes e eficazes, em termos preventivos, e dos recursos técnicos existentes na região para o encaminhamento das situações problemáticas. A estratégia preconizada pela UCAD na área das drogas legais desenvolveu-se em todos os concelhos da Região e a atuação foi estruturada a vários níveis como por exemplo: o desenvolvimento de ações de formação de professores nas escolas secundárias; fóruns sócio-municipais em todos os concelhos, com as entidades públicas e privadas concelhias; ações de formação dirigidas a pais. Sendo que, também foi lançado um apelo à comunidade para se envolver na luta contra esta problemática, para que, em conjunto, todas as forças regionais pudessem desenvolver respostas eficazes no combate ao uso de drogas legais.

 

 Decreto Legislativo Regional 28/2012/M

Foi aprovado na Assembleia Legislativa da Madeira, o Decreto Legislativo Regional 28/2012/M.  Esta alteração legislativa apresentada por iniciativa do Grupo Parlamentar do PSD-Madeira, aprova as normas para a proteção dos cidadãos e medidas para a redução da oferta de “drogas legais”. Tornou assim possível em Portugal, de forma totalmente pioneira, o encerramento das 6 smartshops, proibindo assim a comercialização de drogas legais na Região Autónoma da Madeira.

Desde o dia 25 de outubro de 2012, a RAM passou assim a ter um regime contraordenacional de proibição das novas drogas, sem prejuízo do quadro penal que a Assembleia da República, viesse a adotar. Esta ferramenta legislativa teve por objetivo a proteção da saúde dos indivíduos bem como a segurança das pessoas e bens, tendo vindo assim de encontro às necessidades das entidades responsáveis e das famílias madeirenses, ajudando a menorizar um problema social e a responsabilizar, de forma clara, os que fazem deste comércio uma fonte de rendimento.

Neste novo Decreto Legislativo Regional 28/2012/M estão abrangidas as substâncias psicoativas coligidas das listas de novas substâncias publicadas anualmente pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, constantes da lista publicada e renovada periodicamente. As novas substâncias psicoativas, com estrutura química e/ou efeitos biológicos similares aos das drogas incluídas nas tabelas I e II de substâncias proibidas, do Decreto-Lei nº15/93 de 22 de janeiro, ficam sujeitas a um regime cautelar de suspensão de venda, pelo período de 18 meses, o qual só poderá ser superado mediante comprovativo da entidade competente quanto à ausência de risco para a saúde.

Simultaneamente, é instituída a obrigatoriedade de identificação dos constituintes psicoativos na rotulagem dos produtos que venham a ser disponibilizados ao público. Ficam abrangidas todas as novas substâncias psicoativas que surjam ou existam no mercado, e cuja ausência de risco para a saúde não se verifique.

É, desta forma, proibido produzir, anunciar ou publicitar, vender ou ceder, importar ou exportar qualquer substância psicoativa, uma vez que ficam abrangidas as novas substâncias já pertencentes à lista de substâncias revistas anualmente pelo OEDT, e as substâncias que não constem desta lista ficam sujeitas à suspensão de venda, pelo período de 18 meses, ficando posteriormente incluídas nas listas referidas anteriormente, caso não se comprove ausência de risco para a saúde.

Em toda a Europa começam a existir medidas tendentes a reduzir tanto a procura como a oferta de novas substâncias psicoativas. Os Estados Membros têm tomado individualmente, iniciativas destinadas a aperfeiçoar e acelerar as suas respostas jurídicas aos novos produtos e substâncias e aos estabelecimentos que as vendem (RA 2012: A evolução do fenómeno da droga na Europa, OEDT).

Desde a entrada em vigor do DLR nº28/2012/M tem-se verificado um decréscimo significativo na procura dos serviços de saúde por intoxicações agudas associadas ao abuso destas substâncias, um dos indicadores que permite averiguar o impacto da lei na RAM. 

 
Nesta sequência, a Assembleia da República aprovou a Resolução n.º 5/2013 de 28 de janeiro, na qual recomendou ao Governo "a aprovação de normas para a proteção da saúde pública e a tomada de medidas neste âmbito". Face à existência do "consenso formado em torno da perigosidade de novas substâncias psicoativas já conhecidas e da suscetibilidade de, assim, prever novas contra-ordenações, julgou-se indispensável estabelecer medidas sanitárias de efeito imediato contra as NSP". Estes factos culminaram na publicação do Decreto-lei n.º 54/2013, de 17 de abril. Este decreto define o regime jurídico da prevenção e proteção contra a publicidade e o comércio das Novas Substâncias Psicoativas já conhecidas e de outras que venham a surgir no mercado, proibindo a produção, importação, exportação, publicidade, distribuição, venda, detenção, ou disponibilização destas; prevê a possibilidade das autoridades de saúde territorialmente competentes determinarem o encerramento dos estabelecimentos, ou outros locais abertos ao público, ou ainda a suspensão da atividade para os fins considerados de grave risco para a saúde pública.
 
Paralelamente ao referido decreto-lei é publicada a Portaria n.º 154/2013, de 17 de abril, que aprova a lista de Novas Substâncias Psicoativas a que se refere o artigo 3º do Decreto- Lei n.º 54/2013, de 17 de abril, tornando-as ilícitas
 
 
LEGISLAÇÃO
 
 Decisão n.º 2005/387/JAI, de 10 de maio de 2005 (União Europeia - Conselho da Europa)
 
 
 
 
 
LOCAIS DE AQUISIÇÃO DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
 
Desde abril de 2013, na sequência da entrada em vigor Decreto-Lei n.º 54 de 17 de abril, que em Portugal é ilícita a venda destas Novas Substâncias Psicoativas, assim como a existência dos seus pontos de venda, as denominadas Smartshops. Tendo estes sido encerrados pelas autoridades. Contudo, verifica-se que estas substâncias continuam a ser comercializadas de diversas formas, entre elas no mercado ilícito de venda de drogas. 
 
 
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS SOBRE O CONSUMO de NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
 
Segundo o Drug World Report de 2013, a nível mundial não existem ainda dados expressivos quanto à prevalência do consumo de Novas Substâncias Psicoativas (United Nations Office on Drugs and Crime - UNODC, 2013). Em Portugal, os estudos de meio escolar ainda não englobam estas Novas Substâncias Psicoativas. Contudo, o Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral – 2012, realizado à população geral (entre os 15 e os 74 anos de idade), coordenado por Casimiro Balsa,  faz referência às Novas Substâncias Psicoativas enquanto “Legal Highs”, dado ter sido realizado antes do novo enquadramento legal sobre as mesmas.
 
O estudo visa estimar as prevalências dos consumos de substâncias psicoativas e das dependências sem substâncias concretamente em relação ao jogo, da população geral residente no continente e nas ilhas, designadamente:
 
  • Jogo
 
No que se refere às “Legal Highs” o estudo conclui o seguinte:
 
  •  Ao longo da vida 0,4% dos inquiridos experimentou estas NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS; 
  •   Trata-se de um comportamento que se concentra mais nos grupos etários jovens, particularmente entre os 15-24 (1%), 25-34 (0,8%), 35-44 (0,3%) anos. 
 
 
BIBLIOGRAFIA SOBRE NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS 
 
  • All-Party Parliamentary Group for Drug Policy Reform (2013). Towards a Safer Drug Policy: Challenges and Opportunities arising from ‘legal highs’ - Report of an Inquiry into new psychoactive substances . United Kingdom: APPGDPR.
  • Balsa, C.; Vital, C.; Urbano, C. (2013). III Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Portuguesa 2012 - Relatório Preliminar. CESNOVA – Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa. Lisboa: SICAD.
  • Calado, Vasco (2013). Novas Substâncias Psicoativas – O caso da Salvia Divinorum. Divisão de Estatística e Investigação - Direção de Serviços de Monitorização e Informação do SICAD. Coleção Estudos. Lisboa: SICAD.
  • European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction – EMCDDA (2013). Relatório Europeu sobre Drogas 2013. Luxemburg: Publications Office of the European Union.
  • European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction – EMCDDA (2013). “New drugs in Europe –EMCDDA/Europol 2012 Annual Report on the implementation of Council Decision 2005/387/JHA”. Luxemburg: Publications Office of the European Union.
  • European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction – EMCDDA (2013) (3). EU Drug Markets Report - A Strategic Analysis. Luxembourg: Publications Office of the European Union.
  • European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (EMCDDA) (2009). Thematic paper — Understanding the ‘Spice’ phenomenon. Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities.
  •  European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (EMCDDA) (2011). Briefing Paper – Online Sales of New Psychoactive Substances/ ‘Legal Highs’: Summary of Results from the 2011 Multilingual Snapshots.
  • European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (EMCDDA) (2011). Nota da OEDT – Drogas em destaque n.º 22 - Responder às Novas Substâncias Psicoativas. Lisboa: EMCDDA.
  • Flash Eurobarometer (2011). Youth attitudes on drugs. Survey conducted by The Gallup Organization, Hungary upon the request of Directorate-General Justice, Flash Eurobarometer 330.
  • Ribeiro, E., Magalhães, T. e Dinis-Oliveira, R. (2012). Mefedrona, a Nova Droga de Abuso: Farmacocinética, Farmacodinâmica e Implicações Clínicas e Forenses. In Acta Med Port  Mar-Apr;25(2):111-117.
  • Secretaría General de Política Social y Consumo - Comisión Clínica de la Delegación del Gobierno para el Plan Nacional sobre Drogas (2011). Drogas Emergentes - Informes de la Comisión Clínica – n.º 6. Madrid: Ministerio de Sanidad, Politica Social e Igualdad.
  • Silva, J. (2011). As Representações Sociais das “Smart Drugs” – Uma breve descrição do fenómeno. Tese de Mestrado: ISPA-Instituto Universitário (Não editado).
  • The Spice Project Consorcium (2012). EU-Projet- “Spice and Synthetic Cannabinoids”. Germany: University Medical Centre Freiburg.
  • UNODC (2013). International Standards on Drug Use Prevention (United Nations publication).

 

  • UNODC (2013). World Drug Report 2013 (United Nations publication, Sales No. E.13.XI.6).

 

Fonte: SICAD e UCAD

 

Histórico

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A MDMA conta com um longo percurso, uma vez que se trata de uma substância "descoberta" muito antes das anfetaminas ou dos alucinogénios.

 
Foi patenteada em 1914 na Alemanha, pelos laboratórios Merck, como um medicamento supressor do apetite, que nunca chegou a ser comercializado. 
 
Foi abandonada até à década de 50, época em que foi retomada para fins experimentais (interrogatórios, psicoterapias). 
 
Os primeiros consumos ilegais detetaram-se durante os anos 60 e 70 no oeste dos EUA, facto que levou à sua proibição neste país em 1985. 
 
Desde a década passada surge com força na Europa; um exemplo foram as 4.325 pastilhas que as autoridades espanholas confiscaram em 1989, face às 645.000 apreendidas em 1995. 
 
Nos finais dos anos 80, começaram a espalhar-se por toda a Europa, acompanhando diversas modas musicais e o estilo de vida de alguns locais do mediterrâneo. A sua expansão também não é alheia à queda do muro de Berlim e ao descontrolo político de alguns dos países do Leste europeu, com uma forte indústria farmacêutica.. 
  
Sem dúvida, que o tema mais falado dos anos 90 foram as drogas, apesar do seu consumo se estar a reduzir e as consequências da sua presença, mais ou menos massificada nestes anos, ser menos dramática do que se imaginava.
 
 
Vias de Administração
 

Apesar de se conhecerem algumas experiências por injeção e por inalação, esta substância é consumida normalmente por via oral, em forma de comprimidos. Embora também exista em cápsulas e pó.

Apresentam-se sob diversos aspetos, tamanhos e cores, para aumentar o interesse e favorecer o comércio. Os nomes com que são conhecidas derivam frequentemente da sua aparência externa, como se fosse uma garantia de qualidade.

Deve ter-se em conta que variam, na realidade, quer no seu aspeto exterior quer no seu conteúdo (pastilhas e comprimidos semelhantes diferem na sua composição e proporção).

Os utilizadores tendem a considerá-las como uma única droga, ignorando em muitas ocasiões o que é que, verdadeiramente, estão a tomar.

 

Aspetos Farmacológicos

Todas as drogas de síntese são derivados anfetamínicos com uma composição química muito próxima da mescalina, um alucinogénio. É essa combinação, que explica a singularidade dos seus efeitos.

 
A dose efetiva de MDMA oscila entre 75/150 miligramas por via oral.  
 
Os primeiros sintomas aparecem entre os trinta e os sessenta minutos depois de ser ingerida, alcançando em duas horas a chamada fase de estabilidade. A partir daí, os efeitos principais começam a diminuir para desaparecerem depois de quatro ou seis horas.  
 
Os efeitos secundários podem durar várias horas mais e algumas consequências residuais, sobretudo de tipo psicológico, podem manter-se mesmo depois de ter sido completamente metabolizado pelo organismo (nas 40 horas posteriores à sua ingestão, aproximadamente).
 
 
Efeitos Psicoativos
 

Efeitos imediatos

Efeitos físicos:

  • Trismo (contração dos músculos da mandíbula);
  • Taquicardia;
  • Ranger dos dentes;
  • Secura da boca;
  • Diminuição do apetite;
  • Dilatação das pupilas;
  • Dificuldade de caminhar;
  • Reflexos exaltados;
  • Vontade de urinar;
  • Tremores;
  • Transpiração;
  • Cãibras;
  • Insónia.

Efeitos psíquicos:

  • Sensação de intimidade e de proximidade com outras pessoas,
  • Aumento da capacidade comunicativa,
  • Euforia,
  • Loquacidade,
  • Despreocupação,
  • Autoconfiança,
  • Expansão da perspetiva mental,
  • Incremento da consciência das emoções,
  • Diminuição da agressividade,
  • Intensificação da consciência sensitiva.

Efeitos tóxicos agudos:

  • Arritmias,
  • Acidente cerebrovascular,
  • Hipertermia,
  • Hepatotoxicidade,
  • Insuficiência renal aguda,
  • Morte súbita por colapso cardiovascular.
Estas alterações são semelhantes às produzidas por outros psicostimulantes.

Efeitos a médio e longo prazo (mais de 24 horas)

Efeitos físicos:

  • Cansaço,
  • Sonolência,
  • Dores musculares,
  • Fadiga,
  • Tensão nas mandíbulas,
  • Cefaleia,
  • Secura da boca,
  • Lombalgia,
  • Hipertonia cervical,
  • Rigidez articular.

Efeitos psíquicos:

  • Deterioração da personalidade,
  • Sensação de uma maior intimidade com as pessoas,
  • Depressão,
  • Ansiedade, ataques de pânico,
  • Má disposição,
  • Letargia, psicose,
  • Dificuldade de concentração,
  • Irritação, insónia.

Potencial de dependência

O consumo de Ecstasy não está isento de riscos, nomeadamente devido à sua toxicidade.

O seu uso contínuo pode favorecer um desenvolvimento de tolerância, embora os padrões de consumo compulsivos verificados não permitam fazer ainda afirmações categóricas a esse respeito.

 

Fonte: SICAD

Histórico

New Picture (15).pngDevido ao elevado número de dependentes de morfina e às nefastas consequências que o abuso de morfina trouxe à sociedade no século XIX, impôs-se a necessidade de encontrar uma nova substância com igual potencial analgésico, mas que não gerasse dependência. 

 
 
Era, pelo menos, este o objetivo dos laboratórios de prestígio naquela época. Um deles, a firma alemã Bayer, acreditou ter encontrado o produto desejado em 1879, que foi aprovado e registado em 1898. 

Tinha sido descoberta a heroína, nome derivado da palavra alemã heroish, que significa poderoso, heroico. Não admira que fosse denominada assim, já que se tratava de um produto que produzia maiores efeitos com uma dose menor.

Pensaram que serviria para tratar os dependentes da morfina, assim como outras doenças (por exemplo, a tuberculose). Aparentemente, não tinha efeitos secundários adversos, mas depressa se tornaram evidentes os seus riscos e efeitos negativos, apesar de a Bayer ter conseguido manter as críticas sob controlo, durante uma dezena de anos.  
 
Finalmente retirada do mercado como medicamento em todo o mundo, converteu-se numa droga ilegal e no eixo de uma estrutura internacional de narcotráfico.
 
Em todo o caso, a irrupção da heroína no período que vai de 1898 a 1930, provocou uma mudança qualitativa muito importante em relação ao papel social das drogas, tendo, inclusivamente, modificado a perceção e utilização de outras substâncias e configurado o modelo contemporâneo dos "problemas de drogas" nas sociedades de consumo.
 
 
Vias de Administração
 

 

New Picture (16).pngDurante muito tempo, a heroína foi consumida por via intravenosa. 

O aparecimento da SIDA e a sua emergência devastadora entre os heroinómanos explica a tendência atual dos novos consumidores para fumar ou aspirar o vapor libertado pelo aquecimento da substância. 

Preparar a injeção de heroína transformou-se num ritual: numa colher, ou num objeto semelhante, coloca-se o pó, mistura-se com água e umas gotas de sumo de limão e coloca-se sobre uma fonte de calor para facilitar a dissolução. 

Sobre a mistura põe-se um pedaço de algodão ou o filtro de cigarro, para assim filtrar as impurezas, antes de introduzir a solução na seringa. Fica, então, preparada a injeção. 

 
Por outro lado, o processo de fumar ou inalar os vapores libertados torna-se mais fácil e rápido se se puser a heroína num papel de estanho sobre uma fonte de calor. 
 
É muito frequente o consumo de heroína misturada com outras substâncias, por exemplo a cocaína ("speedball"), para prolongar e intensificar os efeitos de ambos os produtos.
 

Aspetos Farmacológicos

Todos os opiáceos atuam sobre recetores cerebrais específicos.

Estes localizam-se no sistema límbico, na massa cinzenta, na espinal medula e em algumas estruturas periféricas.

Os principais efeitos farmacológicos da heroína, em maior grau, justificam-se por causa da morfina, que é um dos seus componentes principais.

 

Efeitos Psicoativos

É importante destacar o facto de os efeitos da heroína não serem iguais no início do consumo ou depois de gerada a dependência: o motivo que leva inicialmente uma pessoa a injetar-se, deve-se a uma intensa sensação de prazer e euforia. Posteriormente, o indivíduo vê-se obrigado a consumi-la para evitar o estado de carência que provoca a ausência da substância. Isto significa que o opiáceo se torna num poderoso reforço de seu próprio consumo.
 

Efeitos imediatos

Sobre o Sistema Nervoso Central:

    • Sonolência;
    • Sensação de tranquilidade e diminuição do sentimento de desconfiança;
    • Contração da pupila;
    • Náuseas;
    • Vómitos;
    • Depressão da respiração (causa de morte por overdose);
    • Desaparecimento do reflexo da tosse. 
 
Outros efeitos: 
    • Produz a libertação de histamina (vasodilatação e comichão na pele).
    • A nível endocrinológico: inibição da hormona que liberta a gonadotropina; diminuição dos níveis do fator de libertação da corticotropina (diminuem os níveis de plasma do cortisol testosterona).
    • Na mulher produzem-se ciclos menstruais irregulares.
    • No aparelho digestivo: os movimentos peristálticos tornam-se lentos, favorecendo a prisão de ventre.
    • Na bexiga: o tónus do esfíncter aumenta e diminuem os reflexos da micção, provocando dificuldade de urinar.
 
Efeitos a longo prazo e potencial de dependência
 
Desenvolvimento de tolerância com grande rapidez. Tendência para aumentar a quantidade de heroína autoadministrada, com o fim de conseguir os mesmos efeitos que antes eram conseguidos com doses menores, o que conduz a uma manifesta dependência. Passadas várias horas da última dose, o viciado necessita de uma nova dose para evitar a síndrome de abstinência provocada pela falta dela.
 
Desenvolve tolerância em relação aos efeitos de euforia, de depressão respiratória, analgesia, sedação, vómitos e alterações hormonais. Não a desenvolve para a miose nem para a prisão de ventre. Estes efeitos, junto com a diminuição da libido, a insónia e a transpiração, são os sintomas dos consumidores crónicos. Existe tolerância cruzada entre todos os agonistas opiáceos, facto que se aproveita para os tratamentos de desintoxicação e desabituação.
 
Os opiáceos, devido aos seus potentes efeitos eufóricos e à intensidade da sintomatologia de abstinência, geram um alto grau de dependência. Há milhares de pessoas no mundo inteiro que tentam tratar a dependência destas substâncias.
 
 
 
Sintomas: desejo de consumo, inquietação e irritabilidade, hipersensibilidade à dor, náuseas, dores musculares, estado de ânimo disfórico, insónia, ansiedade.
 
Marcas físicas: dilatação da pupila, transpiração, "pele de galinha", taquicardia, aumento da tensão arterial, bocejos, febre.
 
Os sintomas demoram aproximadamente uma semana a desaparecer, apesar de permanecer uma lembrança constante. A síndrome descrita, embora acarretando muito sofrimento e sensação de perigo para muitos heroinómanos, não é grave e pode ser superada sem riscos para a saúde. Além destes sintomas variarem segundo a quantidade ingerida, frequência, via de administração, etc., a sua intensidade depende em grande parte da motivação e expectativas do indivíduo, do apoio familiar, profissional, etc.
 
Muitas das complicações típicas dos heroinómanos estão intimamente relacionadas com as infeções causadas pelo uso da seringa, falta de hábitos higiénicos adequados e também pela adulteração do opiáceo mediante produtos tóxicos ou prejudiciais (é frequente encontrar adulterantes como açúcar em pó, talco, lactose, cacau,...). Isto explica o aparecimento no paciente de feridas, abcessos, processos infeciosos como hepatites, pneumonias, SIDA.
 
Fonte: SICAD

Histórico

Diversos achados arqueológicos permitem afirmar que a utilização da folha de coca é ancestral.

Já havia consumidores de folha de coca no Equador e no Perú por volta do ano 2500 a.C. e o acesso a esta esteve na origem de muitos confrontos nos séculos XII e XIII da nossa Era.
 
Para os Incas, era não só uma substância medicinal que servia, basicamente, para aliviar a fadiga, mas também, algo de sagrado e, como tal, incluída no panteão e nos rituais religiosos.
 
Depois da descoberta da América, a coca não despertou grande interesse entre os conquistadores. A sua atitude foi bastante ambígua a esse respeito: por um lado, a Igreja proibiu a mastigação da folha de coca por ser considerada um vício pagão e desprezível, mas, por outro, deu-se conta dos benefícios que isso lhe trazia, permitindo que os índios trabalhassem sob os efeitos dessa substância.
 
A partir dessa data, abundam as referências à utilização da coca pelos cronistas e viajantes, que louvavam os seus benefícios estimulantes e medicinais. No entanto, contrariamente ao que aconteceu com o tabaco e o quinino, não conseguiram atrair suficientemente os colonizadores para o seu consumo ou exploração comercial.
 
A cocaína foi isolada por Nieman e Wolter em 1858 e nos anos que se seguiram, o interesse pela substância aumentou; numa época em que a farmacologia era uma ciência incipiente e as restrições legais poucas ou nulas, rapidamente se comercializou em grande escala, convertendo-se num ingrediente fundamental de produtos, como o vinho tónico de Angelo Mariani e inumeráveis remédios caseiros, sendo inclusivamente, durante dezassete anos, a componente mais popular da Coca-Cola.
 
No entanto, neste mesmo período, uma importante discussão científica em relação à cocaína possibilitou avanços teóricos e conceptuais mais relevantes em torno do fenómeno da dependência. Por um lado, Sigmund Freud, seguindo as pisadas daqueles que preconizavam o uso terapêutico da cocaína, contribuiu para provar a sua utilidade como anestésico local e, ao mesmo tempo que começava a consumi-la, defendia a sua inocuidade nos seus diversos trabalhos. Por outro lado, Louis Lewin, que já tinha publicado a sua famosa monografia sobre "heroinomania", opõe-se às teses de Freud, desenvolvendo todo o modelo conceptual que temos vindo a descrever: o fenómeno da dependência das drogas. Nesse mesmo ano (1885), Freud retifica; publica os seus "apontamentos sobre a ânsia de cocaína" e começa a construir o conceito de toxicomania.
 
Em todo o caso, no princípio do século XX e em particular na etapa dos "despreocupados anos vinte" nos países ocidentais viveu-se uma epidemia de consumo de cocaína por aspiração nasal, até que as medidas internacionais de controlo e, de forma muito clara, a Segunda Guerra Mundial, reduziram drasticamente o seu consumo. No pós-guerra e pelo menos até aos anos 70, o seu consumo foi muito marginal obedecendo a diferentes padrões, de país para país.
  
Na década de 70, começando pelos Estados Unidos, a cocaína transformou-se numa droga associada publicitariamente à imagem do êxito social, o que proporcionou uma rápida expansão em todas as classes sociais e especialmente entre os consumidores habituais e abusivos de outras substâncias como, por exemplo, a heroína, o álcool ou as anfetaminas.
 
Vias de Administração

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Trata-se de um pó cristalino, branco, cintilante, de sabor amargo.
 

 
 
 

Habitualmente é consumido por via nasal, mas também pode ser absorvido por outras mucosas, por exemplo, esfregando as gengivas. 

Alguns consumidores injetam este pó, puro ou misturado em geral com heroína, o que produz frequentes problemas de úlceras, devido à rápida destruição dos tecidos cutâneos. 

O cloridrato de cocaína não se volatiliza, tornando-se por isso num produto inadequado para fumar, tanto mais que uma boa parte do mesmo é destruída a temperaturas elevadas.
 
 
Aspetos Farmacológicos

O cloridrato de cocaína adquire altas concentrações no plasma, de forma bastante rápida, sobretudo se a via de administração for intravenosa. 

O metabolismo é fundamentalmente hepático mas deve ter-se em conta que a velocidade com que a substância é absorvida é muito mais rápida do que a sua destruição, facto que leva o organismo a sofrer efeitos tóxicos com relativa facilidade. 

 

Efeitos Psicoativos

Efeitos imediatos 

Doses moderadas de cocaína produzem: 

    • Ausência de fadiga, sono e fome; Exaltação do estado de ânimo;
    • Maior segurança em si mesmo;
    • Prepotência: diminui as inibições e o indivíduo vê-se como uma pessoa sumamente competente e capaz;
    • Aceleração do ritmo cardíaco e aumento da tensão arterial;
    • Aumento da temperatura corporal e da sudação;
    • Sensação geral de euforia e intenso bem-estar;
    • Anestésico local.  
 
Quando o uso é ocasional, pode incrementar o desejo sexual e demorar a ejaculação, mas também pode dificultar a ereção.
 
Com doses altas, os efeitos são: 
    • Insónia, agitação;
    • Ansiedade intensa e agressividade;
    • Ilusões e alucinações (as típicas são as tácteis, como a sensação de ter insetos debaixo da pele);
    • Tremores, convulsões. 
À sensação de bem-estar inicial segue-se, em geral uma decaída, caracterizada por cansaço, apatia, irritabilidade e um comportamento impulsivo.
 
Efeitos a longo prazo 
 
Complicações psiquiátricas:
    • Irritabilidade;
    • Crises de ansiedade e pânico;
    • Diminuição da memória;
    • Diminuição da capacidade e da concentração;
    • Apatia sexual ou impotência; 
    • Transtornos alimentares (bulimia e anorexia nervosa);
    • Alterações neurológicas (cefaleias ou acidentes vasculares como o enfarte cerebral);
    • Cardiopatias (arritmias);
    • Problemas respiratórios (dispneia ou dificuldade para respirar, perfuração do tabique nasal,...);
    • Importantes consequências sobre o feto durante a gravidez (aumento da mortalidade perinatal, aborto e alterações nervosas no recém-nascido).
  • Fazemos uma referência especial para a chamada "psicose da cocaína", com características similares à psicose esquizofrénica com predomínio das alucinações auditivas e das ideias delirantes de tipo persecutório. 
 
Potencial de dependência
 
A cocaína é uma substância com enorme potencial de dependência. É a que provoca a maior percentagem de dependentes depois de ser consumida em poucas ocasiões.
 
Devido à curta duração dos seus efeitos psicoativos e ao rápido aparecimento de sintomas de abstinência, provoca um consumo compulsivo. Apesar de não gerar uma síndrome de abstinência com sinais físicos típicos, as alterações psicológicas são notáveis: hiper-sonolência, apatia, depressão, ideias suicidas, ansiedade, irritabilidade, intenso desejo de consumo. Este estado pode conduzir ao abuso de depressores como as benzodiazepinas, o álcool e os opiáceos. 
 
Fonte: SICAD

Histórico

cannabis_1.jpgSão compostos derivados de uma planta denominada Cannabis Sativa, que se cultiva em diversas zonas geográficas, uma vez que se adapta tanto a climas quentes como temperados, inclusive secos, sempre que tenha a necessária provisão de água.

 
A Europa, e em particular a Espanha, foram grandes produtoras na primeira metade do passado século. De facto, atualmente, os principais produtores mundiais são os Estados Unidos, nomeadamente alguns estados do norte e centro do país.
 
Estamos perante uma planta cujo cultivo se adapta a praticamente qualquer clima e uma vez adaptada pode, inclusive, integrar-se num novo ecossistema.
 
Trata-se, de uma planta que se espalhou, pela ação do ser humano, por todo o planeta mas sempre a partir de um suporte cultural específico, que determinou o ritmo e a direção desta expansão. A análise da distribuição da cannabis em África ao longo do século XIX em relação às diferentes culturas tribais que a aceitaram e que a recusaram, dão um panorama perfeito destes procedimentos (Rubin, 1975).
 
A sua inclusão nos textos de medicina e farmácia é bastante antiga, sendo a primeira referência a da farmacopeia do imperador chinês Shen Nong (cerca de 3.000 anos A.C.).
 
É, também, citada nos textos sagrados do Hinduísmo, especialmente no Atharva Veda (2.200 anos A.C.), talvez introduzido pelos indo-europeus procedentes da área da cannabis.
 
No ocidente foi sempre uma planta muito popular, defendida por Diaconides e mais tarde, com muito ardor, por Laguna e Galeno. Em todo o caso, as indicações clínicas, como em todas as velhas farmacopeias, são um pouco confusas à luz dos nossos atuais conhecimentos.
 
Esta é, também, uma das primeiras plantas de que temos um testemunho escrito sobre o seu consumo psicoativo. Heródoto, na "História das Guerras Médicas" conta como os Citas, (2.500 a.C.) que povoaram a zona de origem da planta, se intoxicavam com ela. 
 
A referência por ela ao longo da história é constante, surgindo como marcos fundamentais:
 
    • Primeiro, a sua expansão no Mundo Islâmico nos séculos XII e XIII, em parte devido ao movimento Ismaelita e em particular pela seita dos Haxixins;
    • Segundo, a sua ligação ao estado Mameluco no Egipto, tolerante com a utilização da cannabis como um sinal exterior de diferença entre os integrados e os excluídos da sociedade, cuja descrição aparece nas "Mil e uma Noites";
  • Finalmente, a campanha de Napoleão no Oriente, que reintroduziu a cannabis nos círculos letrados europeus. 
Este último acontecimento foi a catapulta para que esta planta, que já estava ligada a uma forma de hegemonia cultural na Europa, configurasse um complexo sociocultural, que a partir dos anos 60 e dos movimentos de contracultura, se expandiu por todo o planeta.
 
 
Vias de Administração

New Picture (10).pngHá três formas de consumo da Cannabis Sativa:  

    1. "Marijuana ou Erva” – Preparada a partir das folhas secas, flores e pequenos troncos da planta.
    2. "Haxixe" – Prepara-se prensando a resina da planta fêmea e se transforma numa barra de cor castanha, com o nome coloquial de "Chamom". O seu conteúdo em THC (até 20%) é superior ao da Marijuana (de 5% a 10%), pelo que a sua toxicidade é potencialmente maior.
    3. "Óleo de Cannabis ou Óleo de Haxixe" – Líquido concentrado que se obtém misturando a resina com um dissolvente, como a acetona, o álcool ou a gasolina. Este evapora-se em grande medida e dá lugar a uma mistura viscosa, cujas quantidades em THC são muito elevadas (até 85%).
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Já que o THC não se dissolve na água, as únicas formas de consumo para os seres humanos são a ingestão e a inalação.
 
 
 
 
 
Normalmente fuma-se misturada com tabaco em forma de cigarros feitos à mão. O fumo da Cannabis alcança altas temperaturas, pelo que os seus utilizadores colocam no cigarro grandes filtros.
 
Outra forma de fumar a Cannabis é em cachimbos feitos especialmente para esse fim.
 
No entanto, em algumas culturas de África ou do Caribe persiste a velha prática de beber tisanas feitas com esta planta e água.
Apesar do seu sabor ser amargo, é utilizado como ingrediente em doçaria e rebuçados.
 
 
 Aspetos Farmacológicos

Os componentes químicos da planta são muitos, sendo os mais conhecidos os Cannabinóides e, concretamente o Delta 9 tetrahidrocannabinol (THC), alcalóide responsável por quase todos os efeitos característicos destas substâncias.

Os Cannabinóides são rapidamente absorvidos pelo pulmão ou pelo tubo digestivo. A sua duração média é elevada, devido à sua grande liposolubilidade.

Estes são assimilados pelas gorduras do organismo, libertando-se depois lentamente no plasma, onde permanecem durante muito tempo. Por este motivo, pode ser detetado na urina dos grandes consumidores, mesmo semanas depois de estes abandonarem o consumo.

No Sistema Nervoso Central, o THC atua sobre um recetor cerebral específico, que está distribuído de forma irregular, sendo a maior concentração nos gânglios basais, hipocampo e cerebelo.

 

Efeitos Psicoativos

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Os seus efeitos aparecem a curto prazo e variam em função das doses, da potência da cannabis utilizada, da maneira como é fumada, do estado de ânimo e das experiências anteriores.

 

Efeitos imediatos  
 

Sintomas e sinais físicos:  

  • Aumento da frequência cardíaca;  
  • Aumento da pressão arterial sistólica quando se está deitado e a sua diminuição quando se está de pé;
  • Congestão dos vasos conjuntivais (olhos vermelhos); 
  • Dilatação dos brônquios; 
  • Diminuição da pressão intraocular; 
  • Tosse; 
  • Diminuição do lacrimejo.  

Sintomas psíquicos

  • Euforia, que aparece minutos depois do consumo; 
  • Sonolência; 
  • Fragmentação dos pensamentos e podem surgir ideias paranóides; 
  • Intensificação da consciência sensorial, maior sensibilidade aos estímulos externos; 
  • Instabilidade no andar; 
  • Ação antiemética; 
  • Alteração da memória imediata, assim como da capacidade para a realização de tarefas que requeiram operações múltiplas e variadas, juntando-se a isto reações mais lentas e um défice na aptidão motora, que persistem até 12 horas após o consumo. Isto provoca uma considerável interferência na capacidade de condução de veículos e outras máquinas. 

Nas pessoas com pouca experiência e que a ingerem em lugares desconhecidos, os efeitos negativos mais frequentes são sintomas de ansiedade e ataques de pânico. Também, depois da euforia inicial, podem surgir sintomas de depressão.

Em pessoas vulneráveis ou consumidores de doses muito elevadas, pode provocar, em menor grau, um quadro psicótico-alucinatório-delirante agudo. Estes sintomas são mais frequentes nos países onde se consomem produtos potentes em THC. Os transtornos são de breve duração e em geral não é necessária uma assistência especializada. 
 
Efeitos a longo prazo 
 

Efeitos físicos: 

Nos fumadores produz bronquite e asma. O risco de contrair cancro do pulmão é maior, devido ao fumo ser inalado de uma forma mais profunda.

Os efeitos endócrinos mais destacados são a diminuição da testosterona, inibição reversível da espermatogénese no homem e uma supressão da LH plasmática, que pode originar ciclos anovulatórios na mulher.

Os filhos das mulheres consumidoras crónicas podem apresentar problemas de comportamento. Produz alterações na resposta imunológica, apesar da sua importância clínica ser desconhecida. 
 
Efeitos psíquicos:
    • Nos fumadores crónicos, o consumo pode provocar um empobrecimento da personalidade (apatia, deterioração dos hábitos pessoais, isolamento, passividade e tendência para a distração). Esta situação é semelhante à dos consumidores crónicos de outros depressores do Sistema Nervoso Central. Alguns autores denominaram-na como "síndrome amotivacional".
    • A existência de uma psicose cannábica crónica é controversa e atualmente admite-se que só apareceria em indivíduos propensos a padecer de algum transtorno psicológico.
  • Provoca uma síndrome de abstinência leve (ansiedade, irritação, transpiração, tremores, dores musculares). A tolerância só ocorre nos grandes consumidores. Já que o seu mecanismo de ação no sistema nervoso se faz através de recetores específicos, não existe tolerância cruzada com nenhuma outra substância. 
Tendo em conta o elevado número de pessoas que consomem derivados da cannabis, são muito poucas as que procuram ajuda para deixar o consumo.
 

Usos terapêuticos 

Há cannabinóides em uso em alguns países, como antiemético oral para tratar as náuseas provocadas pela quimioterapia.

 

Fonte: SICAD

Histórico

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O Tabaco é uma planta do género nicotínico e existem mais de cinquenta espécies diferentes. A Nicotina Tabacum, a que suscita maior interesse, é uma planta originária do continente americano. 

Com a chegada de Colombo à América, dão-se os primeiros contatos dos espanhóis com esta valiosa planta – exatamente na primeira viagem, 6 de Novembro de 1492.

 

A sua utilização difunde-se por toda a Europa, sobretudo por causa do grande e suposto valor terapêutico que lhe era atribuído. Foi tal a aceitação e a rapidez da divulgação, que a Coroa Espanhola optou por submeter o seu comércio a um regime de monopólio estatal. Através dos espanhóis, e mais tarde dos franceses e ingleses, o mundo foi invadido por esta substância desconhecida.

A partir do século XVIII, cessam as proibições e o consumo do Tabaco cresce de forma gradual em quase todos os Estados, seguindo o modelo espanhol e português, a sua distribuição pelo Estado deve-se ao facto de render grandes lucros fiscais.

Até finais do século XVIII, coexistiram duas formas de consumo: uma, minoritária, em que o tabaco era enrolado ou recheado com a planta triturado e outra, maioritária, em que o produto de maior qualidade (pó fino) ou dos resíduos (rapé) era aspirado pelo nariz. Também se usava o tabaco mascado, fumado em cachimbo, inclusivamente em cachimbo de água.

O cigarro deve ter sido "inventado" durante as navegações transatlânticas, em que se apanhavam os restos de tabaco que se transportava para a Europa, em especial para Sevilha, enrolando-os em papel, já que as folhas inteiras pertenciam à coroa e aos consignatários. 

Nos finais do século XVIII, o consumo do tabaco tinha-se já estendido dos marinheiros a outros estratos sociais na Andaluzia, no Algarve e em Lisboa e, por volta de 1800, estava já difundido por toda a Península Ibérica e pelos portos do Mediterrâneo.

As guerras napoleónicas puseram em contacto com o tabaco exércitos de todo o continente europeu e, em 1815, a sua difusão tinha-se generalizado entre os homens. 

Na segunda metade do século XIX, os anglo-saxões passam a ter o controlo e o monopólio da fabricação dos cigarros, gerando-se a partir daí um mundo no qual o tabagismo afeta quase metade da população mundial e, com uma clara tendência ascendente, especialmente nos países em vias de desenvolvimento.

 

 Vias de Administração

As formas de consumo tradicionalmente utilizadas são as seguintes: 

  • Charuto;
  • Cigarro – com ou sem filtro;
  • Cachimbo;
  • Rapé;
  • Tabaco de mascar. 

As duas últimas são conhecidas como "o Tabaco sem fumo".

 
Enquanto que o Tabaco de mascar é mais grosso, o rapé é finamente picado para poder ser aspirado pelo nariz. Isto consegue-se triturando as folhas e o talo da planta e perfumando, a seguir, o pó obtido.
 
O grau de toxicidade do Tabaco deve-se em grande parte à maneira como é consumido, assim como à intensidade da inalação que se faz desta substância. 
 
É de destacar que o filtro dos cigarros não elimina nem monóxido de carbono (CO), nem os outros gases prejudiciais para o organismo. Igualmente, a alternativa do "tabaco sem fumo" não é menos nociva do que os cigarros, dado que contém, também, nicotina e outros agentes cancerígenos que são diretamente absorvidos pelas mucosas.
 
Aspetos Farmacológicos

Na combustão do Tabaco produzem-se muitas substâncias (gases, vapores orgânicos e compostos em forma de partículas), que são transportadas pelo fumo até aos pulmões. Estas atuam principalmente ao nível do aparelho respiratório, mas muitas delas passam para o sangue, influindo, assim, noutros tecidos ou órgãos do corpo.

Estas substâncias podem ser agrupadas em:  

É o alcaloide responsável pela maior parte dos efeitos que o tabaco produz no organismo e o responsável direto da dependência física.
 
É absorvido pelas mucosas, que estão em contacto com o fumo (boca, nariz e faringe). 
 
Se a inalação não for profunda, absorve-se aproximadamente 10% da nicotina; se for inspirado em profundidade, o fumo penetra até aos brônquios passa rapidamente para o sangue, onde permanece habitualmente menos de duas horas. À medida que esta concentração se vai reduzindo, aparecem sintomas que alertam o fumador, despertando novamente a apetência para um novo cigarro.
 
Ao chegar ao Sistema Nervoso Central, a nicotina atua como um agonista do recetor nicotínico da acetilcolina. 
 
Possui propriedades de reforço positivo e aditivo devido à ativação da via dopaminérgica mesolímbica. Aumenta também as concentrações da adrenalina, noradrenalina, vasopressina, beta endorfinas, ACTH e cortisol, que parecem influir nos seus efeitos estimulantes.
 
  • Os Irritantes
O fumo do tabaco contém muitas substâncias irritantes, como a acroleína, os fenóis, o peróxido de nitrogénio, o ácido cianídrico, o amoníaco, etc., responsáveis pela constrição brônquica, pela estimulação das glândulas secretoras da mucosa e pela tosse típica do fumador, em resumo, pela alteração dos mecanismos de defesa do pulmão.
  • Condensados e outros agentes cancerígenos
Inclui-se neste grupo toda uma série de hidrocarbonetos com agentes cancerígenos; de todos eles, o mais estudado, devido à sua relação direta na degeneração celular, é o alfabenzopireno. 
  • Monóxido de Carbono
É um gás incolor de elevado poder tóxico; pode ser encontrado, em concentrações elevadas no fumo do tabaco. Tem uma grande afinidade para combinar-se com a hemoglobina e diminuir assim a capacidade do sangue para transportar o oxigénio.
 
 
Efeitos Psicoativos

Tem efeitos estimulantes e depressores. Produz hipotonia muscular e diminuição dos reflexos tendinosos. Nas pessoas não dependentes provoca náuseas e vómitos. 

Facilita a memória, reduz a agressividade e diminui o aumento do peso e o apetite em relação aos doces e aumenta o gasto de energia, tanto na inatividade como no exercício.

Fumar um cigarro provoca um aumento do ritmo cardíaco, da frequência respiratória e da tensão arterial e tudo isso produz um aumento do tónus do organismo.

Ao inalar o fumo, a nicotina atua no cérebro de forma quase imediata provocando uma ação satisfatória no indivíduo; a sua prática reiterada acaba por consolidar-se no comportamento do fumador. A partir daí pode falar-se em dependência da nicotina.

Mesmo sendo a nicotina uma substância estimulante, a maior parte dos fumadores considera que relaxa. Isso deve-se, uma vez criado o hábito, ao facto do cigarro acalmar a ansiedade provocada pela sua falta. 

 

Efeitos a longo prazo

 

Aparelho respiratório:

O fumo do Tabaco produz uma ação irritante sobre as vias respiratórias, provoca uma maior produção da mucosidade e dificuldade em eliminá-la. A irritação contínua provoca a inflamação dos brônquios (bronquite crónica).
 
As secreções dificultam a passagem do ar, originando a obstrução crónica do pulmão e graves complicações (enfisema pulmonar).
 
Diminuição da capacidade pulmonar: os fumadores têm menor resistência física e cansam-se mais.
 
É indubitável a relação causa-efeito entre o tabaco e o cancro do pulmão. Existe uma forte relação entre o risco de desenvolver esta patologia e os seguintes fatores: a quantidade de tabaco consumido, a idade de iniciação, o número de aspirações dadas por cada cigarro e o hábito de manter o cigarro na boca entre uma e outra aspiração.
 
 
Aparelho circulatório:
 
O Tabaco é um fator de risco muito importante no que se refere às doenças cardiovasculares; a sua ação provoca arteriosclerose, que favorece o desenvolvimento de transtornos vasculares (exemplo: trombose e enfarte do miocárdio). 
 
 
Tabaco e gestação
 
Numerosos estudos indicam que o tabagismo materno influi no crescimento do feto, especialmente no peso do recém-nascido.
 
Esta substância origina um aumento dos índices de aborto espontâneo, complicações na gravidez e no parto e nos nascimentos prematuros. 
 
 
Outras consequências do consumo de tabaco
 
Sem fazer uma enumeração exaustiva, alguns dos efeitos mais comuns nos fumadores crónicos são:
 
    • Úlceras digestivas
    • Aparecimento de faringite e laringite, afonia e alterações do olfato
    • Pigmentação da língua e dos dentes, assim como a disfunção das papilas gustativas, etc;
    • Cancro de estômago e da cavidade oral. 
 
 
New Picture (25).pngPotencial de dependência 
 
Existe tolerância a alguns dos efeitos da nicotina, como náuseas, vómitos e enjoos.
 
Não existe tolerância no aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca.
 
A supressão súbita dos índices de nicotina no sangue produz uma sintomatologia que evidencia a síndrome de abstinência tabagística, que se apresenta da seguinte maneira: 
 
  • Intranquilidade ou excitação,
  • Aumento da tosse e da expetoração,
  • Ansiedade e agressividade,
  • Má disposição,
  • Dificuldade de concentração que pode diminuir a atenção na condução de veículos,
  • Aumento do apetite e do peso corporal e
  • Diminuição da frequência cardíaca. 
 

A nicotina é uma substância muito aditiva, como o demonstra a enorme quantidade de indivíduos no mundo que dependem desta substância e a dificuldade em alcançar a abstinência, inclusive para os que já têm graves complicações físicas.

 

Fonte: SICAD

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O álcool, etanol, é um produto que resulta da fermentação de açúcares presentes em vegetais, (frutos, mel, caules e cereais), tais como a cevada, a uva, a cana-de-açúcar, sob a influência de microrganismos, nomeadamente leveduras.

  

Quanto à sua origem, as bebidas alcoólicas podem ser:

- Bebidas fermentadas, que se obtêm por fermentação alcoólica dos sumos açucarados, pela ação das leveduras;

- Bebidas destiladas, que resultam da destilação do álcool produzido no decurso da fermentação. Através de um processo de evaporação (seguida de condensação pelo frio) das bebidas fermentadas, podem obter-se bebidas mais graduadas.

O álcool é considerado uma droga psicoativa com efeitos depressores no sistema nervoso central, provocando alterações no comportamento de quem as consome.

 

 

História

As suas propriedades euforizantes e intoxicantes são conhecidas desde os tempos pré-históricos e praticamente, todas as culturas têm ou tiveram alguma experiência com a sua utilização.

Os árabes foram os primeiros a produzir álcool destilado, por volta do ano 800, técnica que os europeus aprenderam e que fez com que a destilação do vinho e a maior alcoolização das bebidas se tenha generalizado na Europa a partir do século XI.

Egípcios, gregos e romanos são exemplo de povos que conheceram e desenvolveram as artes do fabrico de bebidas alcoólicas, assim como os efeitos do seu uso pelo Homem.

O conceito de Alcoolismo como doença, e não apenas vício, desenvolve-se só na segunda metade do século XIX.

O álcool surge muitas vezes associado a situações de relacionamento social, de natureza ritual, comemorativa, recreativa, para além de fazer parte do imaginário, dos estilos de vida ou mesmo das identidades de muitos grupos sociais.

Atualmente a sua comercialização e consumo são legais.

 

 

Vias de Administração

A sua ingestão é feita por via oral.

 

 

Efeitos psicoativos:

O álcool está na base de variadas situações de doença do indivíduo, sendo diretamente responsável, ou predispondo, associando-se e agravando doenças como tuberculose, doenças cardiovasculares, doenças digestivas e cancro.

 

 

Efeitos imediatos

Os efeitos imediatos do álcool no cérebro podem ser de caráter depressor ou estimulante, em função da quantidade absorvida.

Após a sua ingestão, o álcool é inteiramente absorvido pelo tubo digestivo sem sofrer prévia digestão, entra diretamente no sistema circulatório, atingindo valores máximos até cerca de uma hora e meia, difundindo-se a todo o organismo.

Nos indivíduos em jejum a absorção faz-se em 15-20 minutos, influenciada pela concentração de álcool, a composição da bebida, o estado da mucosa gástrica e duodenal, a ingestão simultânea de alimentos, nomeadamente açúcares e leite, que podem alongar o período de absorção até três horas, entre outros fatores que podem alterar a velocidade dessa absorção.

O álcool afeta as capacidades cognitivas e perceptivas, em especial a visão e a audição. Reduz o campo visual, a capacidade de reação, aumenta a descoordenação motora e a capacidade de avaliação das distâncias, promove a tendência para a sobrevalorização das capacidades e, consequentemente aumenta o risco de acidentes.

Apesar de ter um efeito estimulante inicial, induzindo um estado de euforia, desinibição, e perdendo muitas vezes a noção do perigo, na fase seguinte, os efeitos depressores começam a tornar-se mais notórios, surgindo a falta de coordenação motora (ex. andar a cambalear), sonolência e lentificação do pensamento (ex. dificuldade em falar), diminuição da capacidade de reação, de atenção e de compreensão.

Se as doses ingeridas forem muito elevadas, caso de intoxicação alcoólica aguda, pode surgir depressão respiratória, coma etílico e eventualmente morte.

 

 

Intoxicação alcoólica aguda

As manifestações de uma intoxicação aguda alcoólica dependem da quantidade e qualidade da bebida alcoólica, da tolerância do indivíduo e estão relacionadas com a ação directa do álcool sobre o sistema nervoso central.

Intoxicação alcoólica agudacondição transitória após administração de álcool, resultando em perturbação cognitiva, da consciência, da perceção, do comportamento ou de outras funções psicofisiológicas (CID10).

O excessivo consumo de álcool produz acidez no estômago, vómitos, diarreia, baixa da temperatura corporal, sede, dor de cabeça, desidratação, falta de coordenação, lentidão dos reflexos, vertigens e mesmo visão dupla e perda do equilíbrio.

A primeira fase da embriaguez carateriza-se por um breve estado de excitação psíquica, com euforia, diminuição da tensão e ansiedade e anulação de inibições.

Estes sintomas, ainda pouco marcados para alcoolémias até 0,5-0,8 gramas/litro, podem acentuar-se, à medida que os valores da taxa de alcoolémia sobem. Contudo, mesmo para valores ainda relativamente baixos, os testes põem já em evidência perda de capacidades inteletuais, inibição da atenção e alterações a nível dos movimentos.

Para valores de 1 a 2 gramas/litro, acentua-se a síndrome expansiva, a falta de crítica, podendo surgir uma ligeira agressividade.

A segunda fase é já caraterizada por alterações muito marcadas – a nível do pensamento, da atenção, da esfera sensorial, da sensibilidade, da coordenação motora e do equilíbrio, podendo surgir sintomas vegetativos do tipo náuseas e vómitos, midríase, taquicardia. A alcoolémia é, então, superior a 2 gramas/litro.

Segue-se uma terceira fase, caraterizada por confusão, sono profundo, podendo retroceder, ao fim de algumas horas, para o despertar, ou, quando a alcoolémia atinge valores elevados (de 5-6 e mais gramas/litro), progredir para o coma ou mesmo morte, passando por uma hipoglicémia secundária e alterações neurovegetativas como depressão respiratória, cardiocirculatória, hipotermia.

 

Na família o consumo de álcool é um fator importante de rutura familiar, violência doméstica e maus tratos sobre crianças.

 

No trabalho é um fator de redução do rendimento laboral, principalmente através do absentismo, acidentes, desadequado desempenho no posto de trabalho e reformas prematuras.

 

 

Álcool e condução

O consumo de álcool é diretamente responsável por uma elevada percentagem de mortes por acidentes de viação, e, em menor percentagem, de causa de acidentes de que resultam incapacidades.

O álcool modifica a capacidade de discernimento, torna os reflexos mais lentos, diminui a vigilância e reduz a acuidade visual, em particular a redução da concentração e da capacidade de efetuar manobras simples e de mudanças de direção, tendência a uma conduta mais arriscada e de maior velocidade, problemas da visão lateral, dificuldade em distinguir sinalização e erros na apreciação da distância e redução da assimilação das percepções.

 

 

Efeitos a longo prazo

O consumo crónico conduz a alterações em vários órgãos e sistemas do indivíduo:

  • Cérebro – atrofia cerebral e deterioração;
  • Sangue – anemia, diminuição das defesas imunitárias;
  • Coração – frequente hipertrofias e dilatação com insuficiência cardíaca, miocardiopatia, perturbações arteriais, fragilidade das paredes vasculares e hemorragias, hipertensão arterial;
  • Aparelho digestivo – glossites, esofagites, gastrites, da síndrome de mal-absorção intestinal, de hepatopatia (hepatite, esteatose, cirrose), de lesões pancreáticas agudas ou crónicas (inflamação, deterioração);
  • Aparelho locomotor: perturbações músculo-esqueléticas;
  • Manifestações psíquicas: Irritabilidade, insónia, delírios por ciúmes, ideias de perseguição e, ainda mais graves, as encefalopatias com deterioração psico-orgânica (demência alcoólica)
  • Gravidez – o consumo habitual na mulher grávida pode originar síndrome alcoólica fetal, que surge com a ingestão de álcool nos primeiros meses de gravidez, caraterizada por atraso de crescimento global e anomalias morfológicas.

 

O álcool induz a tolerância nos consumidores crónicos (necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para se produzir o mesmo efeito desejado ou intoxicação) e dependência física e psicológica.

A síndrome de abstinência ocorre com a redução ou com a interrupção súbita do consumo da substância no paciente consumidor dependente, surgindo entre as doze e as dezasseis oras seguintes à privação da bebida, inquietação, nervosismo e ansiedade. Várias horas depois, podem aparecer cãibras musculares, tremores, náuseas, vómitos e grande irritabilidade. A partir do segundo dia de abstinência, nos casos mais graves surge o denominado “delirium tremens”, caraterizado por confusão mental, desorientação no tempo e no espaço, em relação a si e aos outros, uma clara desintegração dos conceitos, aparecimento de delírios, alucinações e fortes tremores.

  

 

Fonte:

SICAD

Mello, Maria Lucilia Mercês, Barros, José, Breda, João. Álcool e Problemas ligados ao álcool em Portugal. DGS, 2001.Fonte: SICAD
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